A renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), proposta à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) pela VLI Multimodal, sua controladora, deverá gerar investimentos da ordem de R$ 24 bilhões em modernização, recapacitação e sinalização da ferrovia, além de ampliar a frota de locomotivas e vagões. No total, serão realizadas mais de 80 obras em quatro Estados, beneficiando cerca de 5 milhões de pessoas.
Os investimentos na ferrovia têm como foco a modernização e a ampliação da infraestrutura logística a partir de obras para construção de novos trechos e ramais ferroviários, com soluções integradas para resolução de conflitos rodoferroviários. Já o investimento em vagões e locomotivas proporcionará um forte estímulo às fabricantes nacionais de material rodante, prevê a ANTT.
De acordo com a VLI, os investimentos em infraestrutura ferroviária e material rodante, concentrados nos corredores Sudeste (R$ 10,5 bilhões) e Leste (R$ 10 bilhões), que ligam Goiás a Santos e o Triângulo Mineiro ao Espírito Santo, respectivamente, elevarão em 46% o volume de carga transportada pela FCA no próximo ciclo de concessão, previsto para iniciar em 2026, quando o atual se encerra. Em 2023, a FCA movimentou 41 milhões de toneladas, com predominância de grãos (50%), além de produtos siderúrgicos, industriais, açúcar e fertilizantes.
Cerca de 6 mil empregos deverão ser gerados apenas durante a construção, que inclui 11 obras de arte especiais (viadutos, trincheiras e pontes), 11 passarelas, vedações e PNPs, além de 58 sinalizações ativas. No total, 35 cidades receberão as intervenções. Minas Gerais é a que mais terá obras: 60 melhorias, espalhadas por 25 municípios. Em seguida vem Goiás, com 14 projetos, em cinco cidades; São Paulo terá cinco intervenções, em quatro cidades; e o Rio de Janeiro, terá uma, em Quatis.
Está prevista também a construção de novos pátios ferroviários, proporcionando mais agilidade ao evitar que composições precisem aguardar paradas o trânsito de trens em sentido oposto; e a adoção de um sistema de comunicação em parte da malha com padrão internacional, incrementando a segurança da operação.
A empresa ainda pagaria R$ 5 bilhões pela outorga, pela devolução de trechos inoperantes à União e pelas obras. Aproximadamente metade desse valor deverá ser investida entre 10 e 12 anos, estima a ANTT. Cerca de R$ 1,4 bilhão, dos R$ 5 bilhões a serem pagos pela outorga, serão destinados a obras, como a construção de um ramal ferroviário de 2,5 km conectando a ferrovia ao porto de Aratu, na Bahia, que atenderá a movimentação crescente
do agronegócio da região.
Com a renovação do contrato, a FCA propõe devolver trechos e ramais inativos, que totalizam 2.132 km de trilhos. Nessas condições, o ramal não operacional mais longo está entre Itaboraí (RJ) e Vitória (ES), com 565 km, seguido do trecho Alagoinhas (BA) e Propiá (SE), com 445 km, e Barão de Camargos (Cataguases-MG) a Barão de Angra (Paraíba do Sul-RJ), com 182 km. A indenização à União por essa devolução está estimada em R$ 3,6 bilhões. Caso a devolução seja confirmada, a extensão da malha ferroviária da FCA será reduzida para 5.470 km – atualmente ela conta com 7.860 km de trilhos.
Formada a partir de um antigo trecho da extinta Rede Ferroviária Federal, privatizado em 1996, a FCA atravessa sete Estados, além do Distrito Federal, indo de São Paulo a Sergipe, passando por Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia e Goiás. Sua controladora, a holding VLI Multimodal, também opera a Ferrovia Norte-Sul, que se conecta à Estrada de Ferro Carajás, e chega aos portos do Maranhão. A VLI tem como acionistas o fundo canadense Brookfield, a Vale, a japonesa Mitsui, o fundo FI-FGTS e o BNDESPar, do BNDES.
De acordo com a VLI, a renovação antecipada da concessão da FCA vai gerar impactos positivos ao longo da malha ferroviária a partir dos investimentos previstos na proposta que foi discutida durante audiência pública e agendas presenciais em seis capitais brasileiras. “Além disso, a antecipação da concessão pode ser o símbolo de uma nova era de transformação na logística nacional, ao direcionar recursos para a modernização do modal ferroviário, além de investimentos que irão fortalecer a indústria brasileira, bem como elevar a eficiência de setores estratégicos para a economia nacional”, afirma a empresa, em nota.