PIB da construção deve crescer 3% em 2025

PIB da construção deve crescer 3% em 2025

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O SindusCon-SP e o FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) apresentaram as projeções do setor da construção para 2025 e, segundo as instituições, o cenário é que o PIB (Produto Interno Bruto) da construção deverá crescer 3% em 2025, ante os 4,4% previstos para 2024, isso por conta das construtoras: sendo 3,5%, ante 2,5% do setor informal, resultando no crescimento de 3% do PIB do setor como um todo. A estimativa é de que as vendas do mercado imobiliário permanecerão elevadas, impulsionadas pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Mas o crédito habitacional para os setores de média e alta renda da população deverá se contrair.

Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP, comentou que, na cidade de São Paulo poderá haver uma velocidade maior de vendas e lançamentos de empreendimentos imobiliários. Além disso, mais obras de infraestrutura poderão resultar do plano de investimentos da Sabesp. Mas se houver uma elevação maior da taxa de juros, isso poderá levar a uma desaceleração maior do que a prevista no cenário básico, advertiu. Maiores os juros, menor o número de compradores de apartamentos de média e alta renda, completou.

Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, afirmou que no curto prazo os juros altos não impactam nas obras já contratadas. Mas investimentos privados e das concessões serão postergados se houver uma elevação muito alta dos juros, levando a uma desaceleração maior da atividade da construção a partir do terceiro trimestre. Juros altos também competem com a rentabilidade dos novos investimentos, lembrou.

Industrialização da construção

Ana Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre, relatou que há dificuldades para a industrialização do setor, como a falta de mão de obra qualificada e o custo maior dos itens industrializados. Segundo ela, ao equalizar a tributação, a reforma tributária poderá ajudar. A agenda de industrialização no setor está avançando, com sustentabilidade.

Zaidan comentou que, por conta da tributação atual, adquirir um material pré- moldado é mais caro do que produzi-lo na obra. Ciclos econômicos recessivos, como o de dez anos atrás, também representam um retrocesso para a industrialização. A expectativa é que, com a reforma, haja uma racionalidade maior na tributação, “pena que esta reforma ainda vai demorar muito para ser implementada”, afirmou o vice-presidente.

Segundo ele, é preciso acelerar a industrialização, mas se hoje há constrangimentos tributários, de logística, de ligações de energia nos empreendimentos prontos, de fazer negócios, limita-se a capacidade de aumento da produtividade do setor.

De acordo com Estefan, também é necessário que a legislação municipal não crie restrições desnecessárias à utilização de equipamentos, como gruas.

Setor formal deverá alavancar o crescimento

De acordo com apresentação feita por Ana Castelo, em 2024 o crescimento projetado para o PIB do setor informal da construção, representado pelo consumo das famílias em autoconstrução e reformas, deverá ser de 5%, maior que o do valor agregado pelo setor formal das construtoras, de 4,1%. Com isso, o PIB do setor como um todo deverá se elevar em 4,4% em 2024. Já em 2025, o maior aumento do PIB deverá ocorrer por conta das construtoras: 3,5%, ante 2,5% do setor informal, resultando no crescimento de 3% do PIB do setor como um todo.

Ana Castelo anteviu que em 2025 a atividade do setor formal da construção deverá crescer, ainda como reflexo do ciclo recente de expansão, mantendo o mercado de trabalho setorial aquecido. A estimativa é de que as vendas do mercado imobiliário permanecerão elevadas, impulsionadas pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Mas o crédito habitacional para os setores de média e alta renda da população deverá se contrair.

Já as despesas das famílias com obras e reformas projetam desaceleração. Os investimentos em infraestrutura realizados pelo setor privado deverão seguir em alta, ao mesmo tempo em que há incerteza em relação aos investimentos públicos: devem se elevar nos investimentos dos governos estaduais, mas podem diminuir naqueles do governo federal.

Dores do crescimento

Em 2024, as empresas da indústria da construção tiveram dificuldades crescentes na contratação de mão de obra qualificada, e no custo desses colaboradores. Em pesquisa do FGV Ibre, 60,4% informaram ter dificuldades na contratação e retenção de pessoal. Trata-se do percentual praticamente idêntico ao de toda a indústria (60,2%).

Os empresários e executivos do setor foram indagados, em recente Sondagem da Construção do FGV Ibre, sobre as estratégias adotadas para superar essas dificuldades. Em resposta que permitia múltiplas assinalações, 43% informaram que investem em capacitação interna, 28% oferecem mais benefícios, 27% realocam colaboradores da empresa, 19% mudam processos para reduzir a dependência de mão de obra, e 18% aumentam salários.

Outra dificuldade aos negócios do setor foi o aumento dos custos, acima dos indicadores de inflação. Até novembro, o INCC-M (Índice Nacional de Custos da Construção) havia se elevado 5,80% no ano. O que mais pesou em sua composição foram os custos com mão de obra, que aumentaram 7,67%, seguidos de materiais e equipamentos (+4,59%) e serviços (3,97%). Pesquisado em dez capitais do país, o INCC-M registrou o maior percentual de aumento nesses 11 meses em São Paulo (+6,48%), seguido do Rio de Janeiro (6,36%) e de Recife (6,29%).

Yorki Estefan – Presidente do SindusCon-SP
Ana Castelo – Coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre

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