No Brasil, mesmo com o descompasso existente entre o crescimento econômico e o fornecimento de eletricidade necessário ao desenvolvimento, vivemos uma situação privilegiada para enfrentar este desafio.
Os projetos de geração de eletricidade a partir da queima do bagaço de cana-de-açúcar representam um diferencial para o desenvolvimento sustentável no País. Segundo avaliação do Instituto Brasil Acende, os canaviais brasileiros existentes poderiam gerar energia equivalente a cerca de 14.000 MW.
É uma capacidade semelhante à da usina hidrelétrica de Itaipu à disposição dos agentes privados, esperando para ser desenvolvida. Ainda tímida diante do potencial, a cogeração seguramente vai crescer exponencialmente e se consolidar como fonte importante de energia.
Atualmente, a participação da bioeletricidade na matriz energética brasileira é de 3%, o que equivale a aproximadamente 1.
400 MW médios. Em 2020, serão 14.400 MW. Segundo dados da Associação Paulista de Cogeração de Energia (Cogen-SP), o setor sucroalcooleiro deverá investir R$ 45 bilhões até 2015 em projetos de cogeração.
Quanto maior o incentivo à produção de etanol e açúcar, maior o potencial de energia elétrica gerada a partir da queima do bagaço. Somente entre 2005 e 2007, a energia elétrica gerada a partir da biomassa no Brasil cresceu aproximadamente 20%.
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A safra de cana-de-açúcar passou de 318 milhões de toneladas para 514 milhões de toneladas, devendo chegar à impressionante marca de 730 milhões em 2010, segundo estimativas recentes.
A cogeração pode ser um dos grandes pilares do setor elétrico brasileiro.
Sendo assim, o desenvolvimento da cogeração no País terá o efeito benéfico de alavancar a indústria brasileira de equipamentos.
As usinas de cogeração usam tecnologia 100% nacional. Desde as caldeiras, turbinas, o projeto de engenharia utilizado, o insumo (cana-de-açúcar), todos os componentes são brasileiros.
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Condição que já transformou o Brasil no maior especialista de geração de energia elétrica por meio da biomassa. Equipar usinas de açúcar e álcool para gerar energia a partir da queima do bagaço de cana no futuro será um fator preponderante de geração de empregos e renda, aumentando a ocupação da capacidade industrial brasileira.
A cogeração também cria uma oportunidade para a venda de créditos de carbono. O conselho da Organização das Nações Unidas (ONU) que avaliza mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) aprovou mais de 140 projetos brasileiros de geração de energia, aproximadamente a metade deles de cogeração. Além disso, há uma complementaridade única entre a energia elétrica gerada a partir de hidrelétricas e a partir do bagaço de cana.
O regime de chuvas nas regiões Sul e Sudeste concentra a maior frequência de precipitações de novembro a abril. Nos demais meses, os reservatórios das hidrelétricas ficam reduzidos e diminuem a produção de eletricidade, algumas vezes a níveis preocupantes, obrigando o acionamento de usinas termelétricas movidas a gás natural.
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Na cultura de cana-de-açúcar, por sua vez, a safra se desenvolve predominantemente entre abril e novembro, ou seja, teríamos uma carga adicional de energia gerada a partir do bagaço justamente quando o regime de chuvas nos principais centros consumidores é menor.
Gargalos existentes à geração de eletricidade aos poucos vão sendo solucionados. O custo de conexão das usinas de biomassa ao sistema elétrico nacional, alto para um único produtor, poderá ser compartilhado entre vários empreendedores, segundo regulamentação recente.
A discussão agora avança para a precificação da bioeletricidade, que precisa ser competitiva.
A biomassa como fonte de energia renovável tem papel de extrema relevância no cenário brasileiro.
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Cabe aos principais agentes do País não perder essa excelente oportunidade.
Fonte: Estadão
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