O anúncio, pelo governo federal, da possibilidade de retomada dos projetos de energia nuclear no Brasil, ainda neste semestre, através do plano de ampliação da oferta de energia, suscitou o debate do papel da energia nuclear na matriz energética brasileira se comparado a outras fontes como as termelétricas a carvão.
Com cerca de 90% de toda a eletricidade brasileira calcada em parque predominantemente hidráulico e o fato de a demanda por energia elétrica crescer mais do que o Produto Interno Bruto (PIB), a perspectiva é de que será necessário quadruplicar a capacidade instalada de geração até 2035 para atender a este acréscimo.
Para se ter uma idéia do que isso significa, de acordo com o Plano Decenal 2006-2015, o País deve ter um crescimento do consumo elétrico de 5% ao ano na próxima década. Por isso, especialistas do setor nem cogitam que a energia nuclear supere as térmicas a carvão, ou o contrário. Ambas têm contribuição importante a dar ao País.
“Creio que existe espaço para todas as formas de energia. Temos projetos termelétricos que estão prontos e devem sair nos próximos anos. A Usina de Angra 3 não interferirá nos projetos a carvão, todas têm espaço”, reforça o presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (Abcm), Fernando Luiz Zancan. Perspectivas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para 2030, apresentadas pelo Ministério de Minas e Energias em audiência pública no Senado Federal no mês de março, destacam que, se aprovado o programa nuclear, o País teria cerca de 8 mil MW de usinas nucleares e 6,5 mil de usinas térmicas a carvão.
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