Estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra que, no biênio 2005/2006, o crescimento do Brasil é inferior à média mundial, dos emergentes e dos vizinhos da América Latina. Os dados evidenciam que a ausência de lições de casa e a postergação de outras criam círculo vicioso desestimulante ao nível de atividades. A indústria, na qual exigem-se pesados investimentos, é apenada de maneira grave pelos impostos, juros e a dificuldade de exportar provocada pelo câmbio sobrevalorizado. Há sérias razões para preocupação quando o setor enfrenta tais problemas, pois é um consenso, nas diferentes correntes do pensamento econômico, que dependem dele a estrutura e a qualidade da acumulação de capital. Ou seja: na composição do PIB, é a proporção relativa à manufatura que determina a capacidade de gerar tecnologia, aumentar a produtividade, agregar valor às exportações, criar empregos em escala e distribuir a renda. Não há exagero em afirmar que o Brasil corre o risco de uma desindustrialização precoce. Isto não faz justiça ao empenho de nossas indústrias de investir em tecnologia, qualidade e produtividade. Nestes aspectos, são empresas vencedoras. Intramuros, sua produção é tão ou mais competitiva do que a de qualquer outra. Porém, enfrentam os juros reais mais altos do mundo, tributos de 37% do PIB, câmbio apreciado, inflexível regulamentação trabalhista, carência de logística e infra-estrutura, complexidade da legislação e morosidade da Justiça. O “Custo Brasil” é caldo de cultura da desindustrialização precoce. Gasto público crescente e ausência de política econômica voltada ao crescimento completam o quadro. Assim, é urgente encontrar alternativas. Ou seja, a Nação precisa de um projeto estrutural de desenvolvimento, que inclui as reformas tributária/fiscal, previdenciária e trabalhista, bem como a revisão do câmbio e dos juros. O significado da indústria para a economia e seu baixo crescimento no Brasil em relação a outros países têm congruência com estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A síntese do trabalho, que enfoca a previdência, contém o seguinte alerta: “As nações industrializadas enriqueceram antes de envelhecer; as emergentes estão envelhecendo antes de enriquecer”. Este é o caso de nosso País, que depende muito do fortalecimento de seu parque manufatureiro para a conquista da prosperidade.

* Paulo Skaf, empresário, é o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

Fonte: Estadão