No dia 3 de fevereiro deste ano, a Petrobras registrou recorde de geração de energia elétrica para o Sistema Interligado Nacional (SIN), produzindo um total de 4.040 megawatts (MW) em usinas a gás natural, óleo diesel e óleo combustível. A nova marca foi atribuída à entrada em operação do gasoduto Cabiúnas-Vitória, trecho inicial do Gasoduto Sudeste-Nordeste (Gasene), que permitirá o envio do gás natural produzido na Bacia do Espírito Santo para atender a Região Sudeste.

Esse recorde não marcou simplesmente a superação de números de produtividade, representou também uma volta por cima da Petrobras após o episódio da crise do gás, ocorrida cerca de três meses antes, quando a companhia impôs um racionamento do produto, acendendo a luz amarela no mercado, na indústria e nos mais altos escalões do governo.

As usinas responsáveis pelo recorde de geração de energia elétrica foram a Norte Fluminense, Aureliano Chaves, Mário Lago, Leonel Brizola, Luiz Carlos Prestes, Barbosa Lima Sobrinho, Fernando Gasparian, Piratininga, TermoPernambuco, Celso Furtado, Rômulo Almeida, Bahia I, Petrolina, Termocabo e a Sepé Tiaraju.

Consumo crescente

De acordo com análise do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), os municípios brasileiros consomem 11% da energia elétrica produzida no país (estimativas da Eletrobras), e são as regiões Sudeste e Sul que concentram esse consumo, espalhado no Brasil todo por 47,2 milhões de unidades consumidoras, atendidas por 1.371 empreendimentos de geração que produzem 88.426.662 kW de potência.

O mercado brasileiro de energia, no entanto, está em expansão e deve crescer cerca de 4,5% ao ano, ultrapassando 100 mil MW em 2008. O planejamento governamental de médio prazo prevê a necessidade de investimentos da ordem de R$ 6 a 7 bilhões/ano para expansão da matriz energética brasileira, em atendimento à demanda do mercado consumidor. Já estimativas da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) dão conta de que serão necessários investimentos para ampliar a oferta entre 3,2 mil MW e 3,5 mil MW de energia nova todos os anos, o que equivale a algo em torno de R$ 16,5 bilhões por ano.

O presidente da Petrobras afirma que várias ações estão previstas para superar os principais desafios da companhia na oferta de gás natural no Brasil. Um deles é o desenvolvimento de gás não-associado (o encontrado em reservatórios gaseíferos, sem estar em contato com quantidades significativas de óleo), já que 75% da produção atual é de gás associado (encontrado em reservatórios petrolíferos, dissolvido no óleo sob a forma de capa de gás). Nos próximos anos, deverão entrar em produção 11 novos campos de gás não-associado.

Segundo estimativa de José Sergio Gabrielli, este ano haverá aumento de 24, 5 milhões de m3/dia na oferta de gás natural no Sudeste, totalizando 40 milhões de m3/dia. O presidente da Petrobras calcula que a demanda máxima de gás natural do país, para 2012, será de 134 milhões de m3/dia, dos quais 72,9 milhões m³/dia de gás produzidos em território nacional, 30 milhões m³/dia importados da Bolívia e até 31,1 milhões m³/dia via GNL.

Desse total para 2012, a Petrobras tem como meta atender, em média, a demanda de 86 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural para o mercado não termoelétrico (industrial, veicular residencial e comercial) e até 48 milhões m³/dia para o mercado termoelétrico. Em 2006, foram consumidos no total cerca de 46 milhões m³/dia do insumo; em 2012, a meta é atender a uma demanda de 134 milhões m³/dia.

Para a importação de GNL, a Petrobras contratou dois navios regaseificadores (Golar Winter e Golar Spirit) e a construção de dois terminais de GNL, um em Pecém (CE) e outro na Baía de Guanabara (RJ). Esses projetos vão agregar à oferta atual uma capacidade de 21 milhões m³/dia.

O primeiro navio tinha previsão para entrar em operação em maio deste ano, mas só deverá estar pronto para atender a demanda em agosto ou setembro, segundo a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster (em entrevista publicada no jornal Valor Econômico). Nesta época, segundo ela, haverá demanda no Nordeste do país e não no Rio de Janeiro, estado que mesmo sendo o maior produtor de gás natural do país, tem enfrentado os maiores problemas de abastecimento.

Fonte: Estadão