A engenharia industrial brasileira já viveu ciclos de alto e de baixo crescimento ao longo das últimas cinco décadas. Mais uma vez está vivendo um clima de aquecimento. Basta observar os setores que estão realizando investimentos, como a área de petróleo e gás, não apenas da Petrobras, mas de outras operadoras de óleo, tanto offshore quanto onshore. O setor naval reativado vem recebendo novas encomendas. O setor siderúrgico também está aquecido com investimentos para implantação e ampliação de unidades, tais como as da Siderúrgica Atlântica, da CSN, Gerdau, Manesmann e Usiminas. No setor de mineração há exemplos de investimentos como os da Vale, da Anglo America e MPX. O setor de energia deverá demarrar investimentos em hidro e termelétricas, e de energia alternativa. Este setor poderá voltar a ser um grande mercado da construção industrial. No caso da infra-estrutura, a melhor clareza na regulação das PPPs ajudará a dar partida na modernização e ampliação portuária, das redes rodo e ferroviária e do setor de saneamento, todos com demanda reprimida. Se essa pendência junto ao governo for equacionada, estará aberto o caminho aos novos investimentos. Todo o segmento de engenharia está em crescimento. Pode-se constatar isso pela grande carência de mão-de-obra qualificada. Tanto assim, que a Abemi, em convênio com a Petrobras, sob os auspícios do Prominp, tornou-se entidade âncora da gestão do Plano Nacional de Qualificação Profissional (PNQP) destinado a qualificar mais de 70 mil profissionais, desde o nível básico e técnico ao nível superior. O PNQP já percorreu um longo caminho, a começar pela identificação da demanda futura por categoria de profissional de acordo com os planos de investimentos no setor de petróleo e gás. Há o desenvolvimento da grade curricular para 150 categorias, conforme necessidade prática das empresas. Pelo PNQP foram contratados 62 universidades e instituições de ensino como FGV, Senai, Cefets, para dar os cursos de qualificação, com material didático desenvolvido e produzido pelo plano, hoje na segunda fase de seu segundo ciclo, com cerca de 15 mil profissionais em curso, após as provas de seleção (realizadas pela Cesgranrio), em 23 cidades do País. Essa demanda de mais de 70 mil profissionais mostra a situação crítica de mão-de-obra no País. Há vagas sobrando para a mão-de-obra qualificada. Faltam vagas para a mão-de-obra não-qualificada. O Brasil tem know how , capacidade de gestão e está precisando melhorar a competitividade. As empresas associadas da Abemi estão empenhadas num esforço para aumentar sua competitividade, melhorando a capacitação e aumentando a produtividade. Precisa, no entanto, resolver alguns problemas internos como as amarras da legislação trabalhista e encargos tributários e fiscais. 

*Ricardo Ribeiro Pessôa é engenheiro e presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) e da UTC Engenharia S.A.

Fonte: Estadão