Usina Tanquinho é o 1o empreendimentoneste modal de energia renovável
Ainauguração da usina Tanquinho, em Campinas (a cerca de 90 km de São Paulo), este mês (novembro), marcou o ingresso da CPFL na produção energética de matriz solar. Parceria da CPFL Energias Renováveis, CPFL Serviços e diretoria de estratégia e inovação da CPFL Energia, o empreendimento é também pioneiro, como a primeira usina de energia solar do estado de São Paulo.
Localizada numa área de 13.700 m2 da Subestação Tanquinho, de uma das distribuidoras da CPFL, a CPFL Piratininga, a usina Tanquinho tem capacidade instalada de 1,1 MWp (megawatt-pico, medida pelo máximo de insolação incidente sobre as placas) e deve gerar 1,6 GWh/ano, capaz de atender 657 clientes mensais, com consumo médio de 200 kWh/mês. Ela se encontra em operação efetiva, gerando energia que já é comercializada.
Do ponto de vista da engenharia, a obra estabelece novos parâmetros na companhia. “Foi um aprendizado importante, como obra de vanguarda”, destaca João Martin, diretor de engenharia e obras da CPFL Renováveis, um dos responsáveis pelo empreendimento. Martin, que é engenheiro elétrico com especialização em planejamento de sistemas elétricos de potência, lembra que a edificação exigiu um projeto de execução e de gestão das obras muito particular. Isso, porque lidava com fornecedores, aplicações, tecnologias, fases e soluções construtivas diferentes dos habitualmente presentes em obras de geração hidráulica, por exemplo, de que o grupo detém reconhecido know-how.
O engenheiro elétrico JoãoMartin, diretor de engenharia eobras da CPFL Renováveis
Nesta primeira fase da usina Tanquinho, o diretor de engenharia da CPFL Renováveis relaciona três diferentes tecnologias em campo, envolvendo um total de 5,38 mil painéis fotovoltaicos. Há dois arranjos de painéis, com tipo específico de placas fotovoltaicas instalado (silício cristalino e silício amorfo microcristalino), e um mecanismo de tracking instalado em um deles, que movimenta as placas conforme o melhor ângulo de incidência da luz solar, a exemplo de um girassol. Uma parte das placas é fornecida pela empresa SunEdison, que as produz; e a outra parte, pela Empresa Brasileira de Energia Solar (EBES), de produção da DuPont. Em fases subsequentes, novos equipamentos e tecnologias serão testados e incorporados.
A usina Tanquinho, como anunciou o diretor-presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Jr., funcionará também como um “laboratório”. Além do aprendizado já oferecido como obra de engenharia inaugural, possibilitará também o acompanhamento imediato de todo o processo de geração fotovoltaica, sua complexidade, suas demandas, como candidato a benchmark para todo o mercado brasileiro. “Agora, vai se tornar possível a experiência efetiva de medição do processo, de seu comportamento, com vistas ao aperfeiçoamento”, sublinha o engenheiro João Martin. Depois da incorporação das tecnologias estrangeiras de matriz solar, como as provindas da Alemanha, país que lidera mundialmente em capacidade instalada de geração solar fotovoltaica, abre-se a perspectiva do desenvolvimento de soluções locais, adaptadas. Para Martin, “é um caminho natural”, o do crescimento da fonte, hoje sem participação na matriz energética brasileira.
O potencial do País é grande, como relata o estudo “Análise da Inserção da Geração Solar na Matriz Elétrica Brasileira”, de autoria da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, publicado em maio deste ano: “Do ponto de vista estratégico, o Brasil possui uma série de características naturais favoráveis, tais como altos níveis de insolação e grandes reservas de quartzo de qualidade, que podem gerar importante vantagem competitiva para a produção de silício com alto grau de pureza, células e módulos solares, produtos estes de alto valor agregado. Tais fatores potencializam a atração de investidores e o desenvolvimento de um mercado interno, permitindo que se vislumbre um papel importante na matriz elétrica para este tipo de tecnologia”.
O engenheiro da CPFL Renováveis projeta, para a energia solar fotovoltaica, um processo semelhante ao da energia eólica, que tem crescido exponencialmente no País, embora ainda seja pequena no volume produzido (em 2011, a alta na produção de energia elétrica dos ventos foi de 24,3%, com 2.705 GWh). O engenheiro destaca ainda a existência de um “corpo técnico muito forte” no Brasil, em parte advindo do setor hidráulico, capaz de responder à necessidade de diversificação das fontes e garantir a segurança energética, sem imprevistos.
O projeto da usina Tanquinho, que totalizou R$ 13,8 milhões, incluindo pesquisa e desenvolvimento, foi selecionado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por ocasião da chamada de projeto de pesquisa e desenvolvimento estratégico 013/2011 – “Arranjos técnicos e comerciais para inserção de projetos de geração solar fotovoltaica na matriz energética brasileira”. Também foram aprovados outros 16 empreendimentos fotovoltaicos, com investimento geral previsto de cerca de R$ 400 milhões (incluindo Tanquinho), nos próximos três anos, até 2015.
(Guilherme Azevedo)
Fonte: Padrão
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