Guilherme Azevedo

Apesar da ainda recente participação na gestão de aeroportos, o Grupo CCR, experiente na administração de rodovias, com mais de 2.400 km sob sua responsabilidade, já tem lições aéreas para compartilhar. Uma delas foi aprendida nos trabalhos para a entrada em operação do novo aeroporto internacional de Quito (Equador), o Mariscal Sucre (que herdou o nome do antigo), localizado em Tababela, a 24 km da capital equatoriana.

A CCR desembolsou US$ 214,5 milhões por 45,5% das ações da concessionária Corporación Quiport S.A. e vai administrar o local por um prazo de 35 anos, em conjunto com as empresas canadenses AECON e Airport Development Corporation (ADC) e a norte-americana HAS Development Corporation (HAS-DC).

A construção do sítio aeroportuário teve início em 2006 e foi concluída este ano. A entrada efetiva em operação ocorreu no dia 20 de fevereiro, simultaneamente à desativação do antigo aeroporto internacional de Quito. O engenheiro Guilherme Motta, do Grupo CCR, contou, em recente encontro do setor aéreo, em São Paulo, que foram apenas 14 horas de blecaute, do dia 19 para o dia 20 de fevereiro, entre o fechamento do antigo aeroporto e a abertura do novo.

Melhor localização e infraestrutura

O novo sítio é um dos mais altos do mundo, a 2.400 m de altitude, mas 400 m mais baixo que seu antecessor. “E agora sem rota de vulcões”, sublinhou Motta, embora o aeroporto continue próximo, por exemplo, do Pichincha, vulcão com cerca de 4.700 m de altura e ainda em atividade. Outro contratempo do antigo aeroporto era não permitir expansões, uma vez que se situava no meio da mancha urbana de Quito e entre cadeias de montanhas da Cordilheira dos Andes.

O novo Mariscal Sucre agora tem pista com 4.100 m de extensão (1.000 m mais comprida), apta a receber as maiores aeronaves da aviação comercial. O número de posições disponíveis saltou de 32 para 45, com um terminal que pode abrigar até 42 mil m3 de cargas (antes eram 15 mil m3). As instalações foram executadas com estrutura resistente a abalos sísmicos de até nove graus na escala Richter e a 700°C de temperatura, em caso de incêndio. E a capacidade agora é de 5,5 milhões de passageiros/ano.

A operação complexa de “turn on/turn off” simultânea contou com a participação ativa da comunidade equatoriana e o envolvimento direto de cerca de 100 entidades, de acordo com o engenheiro da CCR. A coincidência de datas, a fim de evitar a interrupção do serviço aeroportuário na capital do país, mostrou a necessidade de equipe extra dedicada exclusivamente a juntar com precisão as pontas eventualmente soltas dos projetos. “Ter uma equipe de engenharia contra gaps de projeto e execução foi condição para o sucesso”, defendeu Guilherme Motta.

Setor estratégico

Em comunicado à imprensa, Renato Vale, presidente do Grupo CCR, confirmou o interesse crescente do grupo no setor aeroportuário, como estratégia de crescimento qualificado. “Por isso a inauguração é um marco na história da nossa empresa. Acredito que o novo aeroporto de Quito fortalecerá a economia equatoriana, em linha com o nosso objetivo de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental das regiões em que atuamos.”

Além do sítio de Quito, o Grupo CCR também está envolvido com a gestão e operação dos aeroportos de San José, na Costa Rica (participação de 48,8%, por US$ 50 milhões); e de Curaçao, em Curaçao (participação de 40,8%, por US$ 24,5 milhões).

Fonte: Revista O Empreiteiro