Nildo Carlos Oliveira
Não há ambiente e, com certeza, não haveria dinheiro para pagamento de tantos supersalários. Contudo, eles existem, aumentam cada vez mais e fazem pose no Senado, na Câmara, no Itamarati, no Judiciário, no Executivo e em tantas outras instâncias. A situação chegou a tal ponto, com esses aumentos desbragados, num país pobre e entupido de Bolsa Família e de tantas outras bolsas, que o Tribunal de Contas da União (TCU) , onde os supersalários também proliferam, decidiu que agora, em 2014, tomará decisões para coibi-los.
Lembro que em setembro último, aquele tribunal já se manifestara contra aquele estado de coisas. E até determinou corte nos salários que estivessem ali, na estratosfera. A determinação era para que os servidores que haviam recebido dinheiro a mais, que tratassem de devolvê-lo.
Ocorre que o Ministério Público e a Associação dos Consultores Legislativos e dos Advogados do Senado Federal (Alesfe), entraram com recurso a favor dos supersalários. Resultado: a decisão foi suspensa, sob a alegação de que o tema deveria ser submetido a maiores análises. E usaram o termo com o qual fortaleceram a decisão: “análises do mérito”. Notícia da época dava conta de que tanto o Ministério Público quanto a Alesfe interpretavam assim a questão: quando o supersalário é recebido de “boa fé”, não pode ser devolvido pelos servidores públicos. Mas, quem os recebe de má fé?
De qualquer modo, a sociedade aguarda que no começo de 2014 o TCU firme posição. Porque, enquanto ninguém se mexe para neutralizá-los, os supersalários progridem, transpõem fronteiras e não param de crescer diante do olhar e do sentimento de um país magro, cuja população, em sua grande parte, carece de bolsas para poder respirar. E, quanto mais os supersalários chegam àquele ponto em que se tornam acinte e escândalo, as aposentadorias mínguam. Então, o governo e os setores mais retrógrados da sociedade passam a culpar os trabalhadores que já envelheceram e não produzem mais, como culpados pela carência de renda e pela falta de recursos para infraestrutura. Não há uma voz sequer que se manifeste para responsabilizar os suspersalários. A Máfia do ISS é um caso isolado. Deve haver outros, centenas de outros envolvendo pessoas que não têm um pingo de consciência em favor do país. Se tivessem, não roubavam tanto nem estariam se escondendo por trás de quem consegue ganhar supersalários. Os supersalários são sinal de indigência moral, num país muito rico, mas de população pobre.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira
Compartilhar
Compartilhar essa página com seus contatos!