Com investimentos calculados na casa dos R$ 2,5 bilhões, os portos do Rio de Janeiro e de Itaguaí, ambos sob a responsabilidade da autoridade portuária Companhia Docas do Rio de Janeiro (PortosRio), têm projetos de expansão em marcha desde o ano passado e novas áreas serão licitadas ainda neste ano.

O porto do Rio de Janeiro recebeu até agora investimentos de cerca de R$ 150 milhões, com melhorias no trecho de 600 metros do Cais da Gamboa, aumentando a atratividade do porto e melhorando sua eficiência operacional. A primeira fase de modernização foi concluída recentemente e a segunda etapa já está programada. O Consórcio Concrepoxi-Aca é o responsável pelo projeto e execução das obras.

“A primeira fase da ampliação e modernização do Cais da Gamboa está concluída. Estamos em trâmites para licitação de mais 500 metros, o que chamamos de segunda fase”, revela o presidente da PortosRio, Francisco Martins. “A dragagem da Gamboa será licitada ainda, sendo que a que temos em curso atualmente é a dragagem do canal do 366 para atendimento aos terminais de contêineres”, completa, destacando que a obra de dragagem do canal do 366 tem previsão de término entre setembro e outubro.

O trecho do Cais da Gamboa que recebeu a intervenção é o mais antigo do Porto do Rio de Janeiro, inaugurado em 1910. Sua estrutura consistia em um muro com base de chapas metálicas e constituído de pedras de cantaria argamassadas, construído com as técnicas disponíveis na época. Segundo a autoridade portuária, a modernização do cais é essencial para acompanhar as demandas atuais, porque a estrutura antiga não suportaria a execução de uma dragagem no local.

Com a conclusão das obras, será possível aumentar a profundidade dos berços de atracação de 8,5 m para 13,5 m. Isso possibilitará a operação de navios de maior porte, contribuindo para o turismo regional e também para a melhoria da eficiência operacional. O Cais da Gamboa tem potencial para movimentar diversos tipos de carga geral e granéis, como trigo, ferro gusa, concentrado de zinco e cargas de apoio às atividades offshore.

A PortosRio está executando ainda obras de dragagem para aprofundar o canal de acesso do porto do Rio de Janeiro de 15,5 m para 16,2 m.

Essa iniciativa, que terá R$ 163 milhões de investimento, visa não apenas aumentar a capacidade de transporte, mas também preparar o local para receber os navios do futuro, impulsionando a economia local. Com o novo calado homologado, o Porto do Rio de Janeiro estará apto para operar navios de grande porte, como o New Panamax, de 366 m de comprimento e capacidade para cerca de 15 mil TEUs.

De acordo com a PortosRio, a curto e médio prazos, os cinco portos públicos do Rio de Janeiro terão o maior pacote de arrendamentos do País, com 11 áreas disponíveis a serem lançadas no mercado. No Porto do Rio, a primeira licitação ocorrerá em 21 de agosto, para o terminal de granel líquido denominado RDJ06. Em dezembro, há a expectativa da licitação para o RDJ10, que é um terminal para movimentação de carga geral e granel sólido. E no primeiro trimestre de 2025, a expectativa é a licitação da área RDJ07, para movimentação de cargas de apoio às plataformas. “Já a obra de dragagem de manutenção da área entre o armazém 18, desembocadouro do canal do mangue e terminal de produtos siderúrgicos foi licitada e terá início em breve”, salienta Martins.

O terminal portuário RDJ06 abrange uma área de 13,5 mil m² e é destinado à movimentação e armazenagem de granel líquido, especialmente óleos básicos, exceto produtos inflamáveis. O investimento mínimo do novo arrendatário será de R$ 22,2 milhões. O arrendamento desse terminal seguirá o modelo simplificado, com prazo máximo de 10 anos.

Já o terminal RDJ10 é voltado à movimentação e armazenagem de cargas gerais não conteinerizadas, especialmente produtos siderúrgicos. A área relativa ao empreendimento contém os armazéns 13 e 14, abrangendo 15,6 mil m², e corresponde a uma parte do Terminal Multiuso 2. Apesar de se tratar de uma área brownfield, as estruturas terrestres existentes não são úteis ao novo projeto, sendo assim, são aguardados investimentos equiparáveis a projetos greenfield, uma vez que está prevista a demolição dos Armazéns 13 e 14, atualmente desativados, para a implantação de novas instalações, incluindo um novo pátio de armazenagem.

Localizado na área do Terminal Multiuso 1, o terminal de apoio logístico offshore RDJ07 terá 52.450 m², que, por posicionar-se mais próximo do centro de concentração das unidades marítimas de exploração e produção de petróleo e gás da Bacia de Santos, torna a região estratégica para a indústria de óleo e gás. A área é classificada como brownfield, uma vez que possui algumas estruturas instaladas no local. No projeto, está prevista a demolição, recuperação e readequação de suas estruturas.

Itaguaí se mantém como maior porto exportador de minério de ferro

No Porto de Itaguaí, a área dedicada a um novo terminal de minérios tem previsão de licitação para arrendamento entre outubro e dezembro deste ano, segundo a PortosRio. O local a ser arrendado envolve a área conhecida como ITG03, entre as operações da Vale e da CSN. “Esse projeto consolidará Itaguaí como o maior porto público exportador de minério de ferro do Brasil, além de robustecer o caixa e a capacidade de investimento da PortosRio”, afirma Martins.

O potencial do Porto de Itaguaí é que se trata do último atracadouro ao sul do Brasil antes dos contrafortes da Serra do Mar, o que constitui uma barreira significativa à distribuição das cargas para o interior, configurando, assim, um trecho da costa brasileira cuja estratégia é de ordem natural e econômica.

Inaugurado em 1982, o Porto de Itaguaí, além de se destacar como um dos principais polos de exportação de minério do País, tem mostrado aptidão para movimentação de granéis e carga em geral, graças aos efeitos do parque siderúrgico e as condições locais de integração aos modais de transporte rodoviário e ferroviário. O porto movimenta principalmente minério de ferro por meio dos terminais da Vale e da CSN. Além disso, conta com um terminal de contêineres equipado e com perspectivas de ampliação dos volumes e tipologias de cargas, segundo o presidente da PortosRio.

Itaguaí possui área acostável com 2,2 mil m de extensão, oito berços de atracação e profundidade de até 20 metros. Ele tem capacidade para movimentação de 103 milhões de toneladas. Já a capacidade de movimentação de contêineres atinge 339 mil TEUs. Atualmente, o porto conta os terminais  Sepetiba Tecon, Tecar (CSN) e CPBS – Companhia Portuária Baía de Sepetiba (Vale). Entre as empresas que atracam no porto, estão Maersk, Hamburg Sud, MSC, Aliança, Login, CSAV, Libra, CMA CGM e Hapag Lloyd.

Em termos gerais, para todos os portos geridos pela PortosRio, a empresa está investindo em modernização dos sistemas e em segurança, conforme frisa seu presidente. “Temos buscado a automatização dos processos por meio da implementação de sistemas e plataformas para dar maior agilidade nos processos internos e nas interfaces com os diversos agentes envolvidos na movimentação de cargas”, explica Martins. “Outro aspecto importante, que é foco de significativos investimentos, é a segurança portuária. Estamos implantando o sistema VTMIS, que permitirá o monitoramento do tráfego marítimo por radares de última geração em alinhamento com a Marinha do Brasil, tanto no Porto do Rio quanto em Itaguaí”, conclui.