Como é a Finlândia nuclear.

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O segurança era grande. Tinha quase uns 2 metros de altura e uma cara bem séria. Um tanto intimidador. Estendeu-me um aparelhinho preto. Mesmo sem falar uma palavra e com toda aquela pose, pareceu simpático. A relações-públicas explicou que eu deveria carregar o dispositivo durante todo o tempo da visita – podia guardá-lo no bolso se quisesse, mas em hipótese nenhuma poderia esquecê-lo em algum lugar. Eu estava entrando em uma central nuclear.
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Aquele aparelhinho (na verdade, um medidor de radiação) garantiria minha segurança. Ele mostraria se eu estava recebendo radiação, que pode ser letal em doses altas, causar câncer e mal-formações em outras ou inofensiva em quantidades insignificantes. Todos recebemos radiação diariamente, simplesmente por nos expormos ao sol.

Vacilei antes de colocar o medidor dentro do bolso da calça. Será que ainda dava tempo de desistir? Senti na pele – ainda bem que não literalmente – os perigos e o temor suscitados pela energia nuclear. Só nessa hora percebi que poderia correr algum risco. Mesmo tendo viajado para a Finlândia, durante mais de 15 horas de vôo, exclusivamente para conhecer o modelo nuclear finlandês. Tinha sido bem agradável a viagem até Olkiluoto, uma ilha na costa oeste do país, onde estão duas das quatro usinas finlandesas e onde está sendo construído mais um reator. As estradas que levam até a ilha são ladeadas por florestas de pinheiros de ambos os lados – uma paisagem tipicamente finlandesa. A central nuclear é rodeada pelo verde e pelo mar.
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Um cenário que em nada lembra o entorno assustador da usina nuclear do senhor Burns, do desenho americano Os Simpsons. Mas, na hora em que o segurança me estendeu o aparelhinho, lembrei da idéia estereotipada das usinas. Coloquei o medidor no bolso, liguei o gravador e entrei.

O pessoal da TVO, a empresa que administra a central nuclear de Olkiluoto, foi bem receptivo. Estavam dispostos a mostrar todas as etapas da produção de energia – aquelas que não tinham grandes riscos para a segurança. Não pude visitar o reator, mas também nem precisava ver tão de perto assim. Lembrei a aflição que senti ao assistir a um documentário sobre o acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Operários se revezavam no topo do reator apenas por alguns segundos para limpar os escombros contaminados pela radioatividade. Morreram meses depois. As usinas finlandesas são bem mais seguras do que Chernobyl, não há comparações. Mas minha lembrança é uma mostra do motivo pelo qual a energia nuclear costuma causar tanta rejeição popular. Na Finlândia, os habitantes apóiam o uso no país. Nem por isso deixam de temer desastres. Conversando com alguns moradores da capital, Helsinque, pude perceber que a maior preocupação deles é com as usinas nucleares russas. Eles receiam que, por causa da tecnologia antiga, possa ocorrer algum acidente nuclear no país vizinho, o que poderia contaminar a Finlândia.

A primeira parada da visita foi em um dos pontos que mais despertam a curiosidade em uma usina nuclear: as piscinas especiais, onde ficam submersas as varetas com urânio já usadas dentro do reator. Esse material permanece com níveis de radioatividade letais por milhares de anos. Essa é a solução adotada pelas usinas no mundo inteiro para guardar o combustível nuclear enquanto não se desenvolve um depósito definitivo seguro (a Finlândia é um dos países com projeto mais avançado).

Vesti sapatilhas especiais por cima dos sapatos, um jaleco daqueles usados por técnicos de laboratório e um capacete de construção. “Só isso é seguro?”, perguntei. Garantiram-me que sim. Entrei no galpão com as piscinas. De tão fundas – 14 metros de profundidade -, não dá para ver o fundo nem enxergar direito os recipientes onde estão as varetas de urânio. “O que acontece se alguém cair na água?” Uma técnica me respondeu com toda a paciência à pergunta que todo mundo faz. Ela disse que, como a água é acrescida com alguns minérios em concentração diferente à do nosso corpo, seríamos desmineralizados. Não pareceu bom. E eu só conseguia pensar que aquele contador de radiação no meu bolso deveria estar rodando loucamente.

Voltamos para o vestiário onde tínhamos vestido as roupas de proteção. Temos que tirar as sapatilhas sentados em uma bancada, que divide o vestiário. Depois de tirá-las, não podemos pisar na parte do vestiário que dá acesso às piscinas. Já temos que pisar direto do outro lado. É para evitar que qualquer partícula radioativa que por acaso tenha contaminado as vestimentas seja carregada para o meio ambiente. Antes de sair do prédio, ainda temos que passar por um detector de radiação.
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Colocamos as duas mãos no aparelho e ele verifica se realmente não houve contaminação. Momentos de tensão e… estou liberada.

A próxima parada era o depósito definitivo de lixo nuclear de baixa e média radioatividade. É o lugar onde estão enterrados para sempre as roupas e luvas usadas pelos funcionários das usinas, além de filtros de ar e outros objetos que poderiam estar contaminados. O prédio do depósito é bem pequeno por fora. Não dá para imaginar que seu interior abriga um túnel de quase 700 metros em direção ao subsolo, por onde caminhões descem carregados com contêineres de lixo nuclear.

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Os silos (grandes buracos no chão) estão a uma profundidade de 100 metros. Descemos uma parte caminhando pelo túnel dos caminhões e depois tomamos um elevador até os silos. Lá também não dá para ver muita coisa.
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Só os alçapões que dão acesso aos buracos com lixo nuclear.

Depósitos definitivos para guardar esse tipo de lixo, não tão radioativo quanto o combustível nuclear, já existem em vários lugares do mundo. Há décadas já se sabe como construir esses abrigos de maneira a evitar que a radiação contamine o ambiente. O da Finlândia foi inaugurado em 1992 e custou ? 15 milhões. O Brasil toca seu programa nuclear há mais de duas décadas, mas ainda não conta com esse tipo de depósito.
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As roupas, luvas e filtros de ar estão armazenados em tambores, dentro da central nuclear de Angra dos Reis.

Antes de deixar o depósito, temos que passar novamente por um detector de radiação. Até a minha câmera fotográfica e gravador têm de passar pela inspeção. Para ter uma idéia, ficar uma hora dentro do depósito equivale a receber a mesma quantidade de radiação que passar dez horas sob o sol. Pensei no contador no meu bolso novamente, mas achei melhor não conferir quanto ele marcava.

Quando voltamos para a recepção da central nuclear, tive que devolver meu medidor. Já estava pronta psicologicamente para ver números no visor, indicando que eu havia recebido uma quantidade de radiação. Para minha surpresa, o aparelhinho continuava marcando zero. Isso significava que eu havia recebido tão pouca radiação que não foi nem suficiente para o aparelho registrar. Mas confesso que cheguei a pensar que a empresa pudesse ter me entregado um contador quebrado.

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Ainda bem que eu estava na Finlândia, um dos países com menos corrupção no mundo. Isso não deve acontecer por lá.

Espichei o olho para o medidor de radiação que os funcionários da empresa carregavam junto do cordão do crachá. No deles havia números. Mas eles me explicaram que era uma quantidade pequena de radiação, sem riscos para a saúde. Eles passam por avaliações médicas freqüentes e, caso ultrapassem o limite de radiação considerado seguro, param de trabalhar na central nuclear.

O temor suscitado pelas usinas nucleares pode ser comparado ao medo de andar de avião. Sabemos que há mais chances de sofrermos um acidente andando de carro do que em uma aeronave. E, ainda assim, muitas pessoas temem mais os aviões que os carros. A tecnologia nuclear está cada vez mais segura e as medidas de segurança são extremamente rígidas. Parece que em termos técnicos não há o que temer. Talvez a maior preocupação seja com o preparo das instituições políticas para fiscalizar e regular o setor. Na Finlândia, um país pequeno, de instituições ágeis e sem corrupção, os habitantes têm plena confiança no órgão que fiscaliza o setor nuclear. Esse pode ser o maior trunfo do modelo nuclear de lá.

Fonte: Estadão


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