O ponto alto do furacão que sacode os alicerces da banca nos EUA, pondo abaixo algumas casas financeiras tradicionais além de rachar outras tantas, tem sido a frieza dos responsáveis pela economia no Brasil.
Releve-se a soberba do presidente. Indagado sobre a crise, Lula respondeu: “Que crise? Vá perguntar para o Bush”.
Isso é alegoria do show de Lula. O que importa é que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admite que a crise, com epicentro nos EUA, já repercute sobre a oferta do crédito externo disponível ao país e também baterá nas contas externas, sensíveis ao preço e ao volume das exportações de commodities, cuja demanda vem esfriando em todos os mercados. Quanto, especialmente na China, o importador de alimentos e minérios número 1 no mundo, ainda não se sabe.
Ter consciência plena das seqüelas do fim do ciclo de expansão da economia mundial turbinada pelos déficits comerciais dos EUA já é o começo da solução. A compreensão dos próximos eventos ainda está embaçada pelas midiáticas quebras de bancos tradicionais de Wall Street e as quedas espetaculares dos preços das ações. A Bolsa de Moscou, por exemplo, caía 17,5% na terça-feira quando, atônitos, os dirigentes russos a fecharam, prometendo reabri-la na quarta, o que não fizeram.
O que está por vir, porém, terá mais efeito sobre a economia real que até agora a débâcle dos ativos financeiros gestados pela banca dos EUA conseguiu provocar. As fortes perdas da riqueza financeira são doloridas, mas inevitáveis ao processo de ajuste ao que valem, de fato, conforme os ativos econômicos reais que fundamentam todo o processo de emissão de títulos financeiros.
Dá-se a isso o nome de “queima de riqueza”. Em termos contábeis, é o que faz um banco ficar insolvente. Para cada US$ 1 do Lehman Brothers, que foi à lona, havia US$ 30 aplicados. Os ativos não-reais tinham valor enquanto havia quem investisse nesses papéis.
Ao se dar a fuga de capitais, os papéis representando hipotecas, recebível de cartões de crédito, contratos futuros de commodities, coisas assim, com base nos quais o Lehman financiava operações de crédito e suas próprias aplicações financeiras, perderam a gordura de rendimentos engrossada pela especulação. Foi como se o chão se abrisse. O Lehman já não valia o que dizia valer o seu balanço.
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O ar está rarefeito
O Lehman, que era um banco de investimento, não comercial, como são no Brasil o Itaú e Bradesco, entrou em colapso. Os bancos que mantém os sinais vitais nos EUA, sobretudo os comerciais, reagem a tal situação lançando em liquidação os papéis apodrecidos, o que o Lehman não pôde fazer por falta de caixa, e cortando seus créditos – oxigênio para uma economia movida a consumo.
Nos EUA, quase 70% do PIB é tocado pelo consumo das famílias, 90% dos quais bancados por dívidas. Se estas encolhem, a economia encolhe ainda mais.
Bilionário a falido
A capitalização de mercado de Fannie Mae e Freddie Mac, empresas de refinanciamento de hipotecas estatizadas pelo governo dos EUA, era de US$ 165 bilhões um ano atrás. Hoje, pífios US$ 1,1 bilhão, a expectativa de retorno dos resultados de ambas – expressando o que se espera de queda dos preços dos imóveis e da inadimplência dos financiamentos garantidos por hipotecas.
Isso bate também na percepção de riqueza das famílias americanas. Lá, ao contrário do Brasil, é possível dar a casa própria em garantia de empréstimos pessoais, contraídos normalmente para gastos correntes pessoais.
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O que será no Brasil
O quadro de descasamento dos ativos financeiros em relação à sua expectativa de retorno e aos ativos reais dos quais se originam é o caroço entalado nos bancos. A digestão só acaba com o beiço nos detentores dessa riqueza, agora fictícia, ou com inflação.
Ambas as hipóteses são ruins. A terceira é ganhar tempo. O Japão fez isso em 1989. Na crise japonesa, a banca colapsou sem quebrar. Empréstimos se tornaram raros, veio a deflação, e a economia ficou quinze anos estagnada.
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O que será nos EUA? Não se sabe.
O Federal Reserve mantém juros em 2% ao ano, com inflação girando a 5%. A essa taxa o dinheiro global buscará opções mais rentáveis. Os EUA vão perder o financiamento fácil de seu buraco, pagando com papéis – o modelo FIRE, de finance, insurance e real estate, fonte dos desbalanceamentos globais. O dólar vai ficar curto; o crédito, escasso. Moderando o consumo, o Brasil se sairá bem nessa crise.
Como vencer a crise
Pautado pelos índices de popularidade, Lula não gosta da idéia de refrear o consumo. Ainda elabora mal o senso de que o crescimento sadio é o puxado por investimentos na produção. O consumo cresce a taxas de 6,5% desde 2007. Beirou 7% no acumulado anual até junho.
O ministro Mantega admite que é muito, se o investimento cresce a 16%, a medida no segundo trimestre frente a igual período de 2007. A soma das partes da economia excede o todo, ou seja, o PIB, o que vaza para as contas externas, deficitárias desde o início do ano.
Não é pela inflação e sim para preservar os investimentos que a Fazenda, BNDES e os conselheiros externos de Lula recomendam frear o consumo. É a chance de o país atravessar a crise e sair maior.