No dia 3 de outubro de 1953, há exatos 55 anos, a Petrobras foi criada com o objetivo de executar as atividades do setor de petróleo no Brasil em nome da União. Em 1997, o Brasil ingressou no seleto grupo de 16 países que produzia mais de 1 milhão de barris de óleo por dia. Atualmente, com o cenário econômico globalizado, mas ainda com o sentimento “O petróleo é nosso”, só ouvimos falar da exploração da camada pré-sal, mas poucos sabem o que o termo realmente significa.
O pesquisador da Coordenação dos Programas de Pós Graduação em Engenharia da UFRJ, Giuseppe Bacoccoli, atentou para a preocupação do governo brasileiro nos lucros com o pré-sal. Segundo ele, ainda não estamos em época de preocupação lucrativa, mas sim em época de focar no investimento e na preparação de mão-de-obra especializada.
– Desde a década de 80 se sabia sobre a existência do pré-sal e até mesmo sobre as condições que deveriam existir para a extração do petróleo e gás, o que não tínhamos era a tecnologia. São dois mil metros de água, mais dois mil metros de sedimentos, mais dois mil metros de sal e depois, após perfuramos mais, chegamos à camada. Nessas condições, o sal acaba se tornando como o plástico e dificulta o trabalho de perfuração. Também encontramos nessa profundidade pressão altíssima e temperatura a mais de 300 graus – explicou Giuseppe.
A chamada camada pré-sal é uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros entre os estados do Espírito Santo e Santa Catarina, abaixo do leito do mar, e engloba três bacias sedimentares: Espírito Santo, Campos e Santos. O petróleo encontrado nesta área, em camada ultra-profunda, supera os 7 mil metros. Todo esse petróleo está abaixo de uma extensa camada de sal que, segundo geólogos, conserva sua qualidade.
Vários campos e poços de petróleo já foram descobertos no pré-sal, entre eles o de Tupi, o principal. Há também os nomeados Guará, Bem-Te-Vi, Carioca, Júpiter e Iara, entre outros. Um comunicado, em novembro do ano passado, de que Tupi tem reservas gigantes, fez com que o cenário internacional se voltasse para o Brasil e ampliassem o debate acerca da camada pré-sal. Tupi tem uma reserva estimada pela Petrobras entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo, sendo considerado uma das maiores descobertas do mundo dos últimos sete anos.
Ainda segundo o pesquisador, a Petrobras, ciente da condição e necessidade exploratória, se preparou para tornar-se uma das empresas mais avançadas tecnologicamente em termos de perfuração de água.
– Poços semelhantes ao Tupi só existem na Costa do Golfo. Após o início da extração, a comercialização de fato desse material só poderá ser feita de maneira satisfatória em cinco ou seis anos. Temos que atentar para a ausência de mão-de-obra especializada, as plataformas estão a 300 quilômetros da costa, até os helicópteros funcionam no limite. Precisa-se de bons soldadores, essas pessoas são formadas através de cursos específicos, que por sua vez também são demorados, há um enorme investimento – completa Giuseppe.
Discussões ministeriais com a Agência Nacional do Petróleo buscam um novo marco regulatório para o setor, entre as propostas em discussão está a criação de uma empresa estatal para administrar os recursos do pré-sal.
O gerente executivo de Exploração & Produção para o pré-sal, José Formigli, já havia declarado publicamente que a exploração do pré-sal mudará em relação aos paradigmas da exploração da Bacia de Campos. Ele explicou que em 2017 as tecnologias utilizadas irão além das convencionais e que poderão trazer benefícios à indústria nacional.
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