Brasileiros podem “salvar” obras moçambicanas, diz banco.

O presidente do banco moçambicano Millennium bim, Mário Machungo, afirmou nesta quarta-feira (28-01), que investidores asiáticos e brasileiros poderão financiar os megaprojetos de hidrelétricas ou do setor extrativista em Moçambique. Contudo, esses planos deverão sofrer atrasos com a atual crise.

"Com esta crise de liquidez, é natural que os grandes bancos não tenham suporte financeiro. Mas é preciso ter esperança, há investidores para os quais faz mais sentido" apoiar os megaprojetos, caso dos brasileiros e asiáticos, que estarão em melhores condições de o fazer, afirmou Machungo.

Em causa estão empreendimentos avaliados em bilhões de dólares, anunciados nos últimos anos, como a barragem de M"panda Nkua, que deveria iniciar no início de 2009, a extensão da rede elétrica em 1,4 mil quilômetros e a expansão da capacidade produtiva da hidrelétrica de Cahora Bassa.

Praticamente suspensos estão os investimentos no projeto de extração de titânio de areias pesadas. A construção de uma refinaria pela multinacional Arcelor Mittal também foi cancelada, estando em dúvida a construção de outra siderurgia em Maputo, cujo investimento seria de US$ 2 bilhões.
Além disso, empresas menores também decidiram não levar adiante vários projetos de extração mineral.

Falta de capital

Num relatório recente sobre a economia moçambicana, o banco português BPI apontou que a paralisação desses planos devido à falta de capital é "o maior risco para o crescimento de Moçambique", que tem sido, em média, de 7% ao ano.

Para Machungo, os empresários "não vão desistir", mas alguns podem optar por "congelar" seus projetos até que se assista a uma melhoria na economia global, o que pode acontecer já em 2010, segundo alguns economistas.

Para o presidente do bim, no atual cenário, a economia moçambicana vai "sofrer" com a queda nas exportações de matérias-primas para os grandes consumidores, como a Europa ou o Japão, o que já está acontecendo no caso do alumínio, que tem recuado continuamente.

Auxílio internacional

Contudo, ele frisou, o risco maior é o de um eventual corte ou atraso nas ajudas da comunidade internacional, um importante componente das receitas do orçamento público.

"Se estes países retirarem as suas ajudas, que não pesam muito no seu orçamento, mas no nosso sim, aí vamos ter de refazer contas", disse.
Num momento em que em Moçambique se discute a contribuição de grandes indústrias de capital estrangeiro para as receitas estatais e criação de empregos, com alguns responsáveis públicos defendendo uma renegociação dos contratos, Machungo concorda que o país poderia ter tirado mais dividendos.

"O país estava sedento por investimento estrangeiro" quando negociou projetos como o da fundição de alumínio, que acabaram por não criar muito emprego nem "proporcionar receitas fiscais que justifiquem" os incentivos concedidos.

"Mas o estado tomou este compromisso e tem a responsabilidade de cumprir. No futuro, é preciso ter uma maior atenção a esta componente", assegurando mais receitas para Moçambique, afirmou.

Fonte: Estadão

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