Em encontro com Obama, lula defende biocombustíveis

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu homólogo norte-americano, Barack Obama, discutiram neste sábado medidas para resolver a crise econômica mundial, as relações entre Estados Unidos e América Latina, e a cooperação com o Brasil na área energética.

Lula, primeiro presidente latino-americano a ser recebido por Obama, permaneceu com o norte-americano por cerca de uma hora e meia e depois participou de uma coletiva de imprensa conjunta na Casa Branca, também de tamanho estendido, o que foi interpretado pela imprensa local como a importância que o novo governo dos Estados Unidos dá à visita do brasileiro.

Sobre a crise econômica, os dois presidentes concordaram na necessidade de implementar regulamentações mais estreitas para controlar os mercados internacionais. "A crise econômica pode ser resolvida por decisões políticas", disse Lula se referindo à reunião do G-20 (grupo que reúne países desenvolvimentos e emergentes) e que se reunirá em Londres, Grã-Bretanha, em abril.

O mais importante, segundo Lula, é "restabelecer a credibilidade e a confiança da sociedade no sistema financeiro", por meio de "decisões rápidas" que possam se contrapor aos efeitos da crise global.

Outro tema do encontro foi o acordo entre Brasil e Estados Unidos para promover o desenvolvimento dos biocombustíveis. Obama elogiou o programa de produção brasileiro do etanol e disse que seu país gostaria de "seguir o caminho" traçado por Brasília, reconhecendo, por outro lado, que o eventual ingresso do etanol brasileiro é "fonte de tensões" com os produtores locais, portanto, esta situação "não mudará de um dia para o outro".

Lula, por sua parte, aproveitou a ocasião para dizer, durante a coletiva, que Obama tem a "oportunidade histórica" de melhorar as relações com a América Latina e a África. Também pediu, em frente às câmeras, o relançamento da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) e o fim do protecionismo.

"Todo país quer vender. Quer ter superávit comercial. Comércio exterior é uma via de duas mãos. Mas o protecionismo nesse momento só vai agravar a crise econômica. Se fecharmos as torneiras do comércio internacional estaremos tirando o peixe fora d’água. E vai faltar água. Temos que dinamizar nossas economias internas. É uma coisa muito prática. Espero que Estados Unidos e Brasil possam amadurecer, e que a gente possa chegar no dia 02 com uma solução para o mundo", disse o presidente brasileiro.

Na coletiva, Lula também afirmou ter discutido com Obama sobre Cuba e Venezuela, dois países que mantêm tensas relações com Washington e que demonstraram ter interesse por uma aproximação com a nova administração dos EUA.

Cuba, por exemplo, não mantém relações diplomáticas com o governo norte-americano desde 1961, e sofre embargo econômico por parte dos EUA desde 1962.

Sobre a região, Lula afirmou que a América Latina quer construir uma nova relacao com os Estados Unidos, com uma aproximação.

Os dois líderes também demonstraram proximidade, mostrando-se bem à vontade diante das câmeras, inclusive, brincando durante a coletiva. Lula afirmou que não queria estar no lugar de Obama. "Com apenas 40 dias de mandato, ter um pepino como esse a crise… Eu não queria estar na pele dele", brincou.

Obama, por sua parte, se disse ansioso para conhecer as famosas praias do Rio de Janeiro, e ainda brincou que seus adversários republicanos preferiam vê-lo perdido na floresta amazônica.

Fonte: Estadão

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