Empresas apostam em obras de infraestrutura

Em tempos de crise, os investimentos em infraestrutura têm garantido vendas de parte das fabricantes de materiais de construção. São obras que vão desde hidrelétricas e projetos bilionários da Petrobras até a canalização de pequenos córregos e outros empreendimentos regionais, movimentados principalmente pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – um projeto de R$ 646 bilhões aplicados entre 2007 e 2010, por meio do governo federal, gestões estaduais e municipais, e parcerias com a iniciativa privada.

Só para 2009, o orçamente previsto pela Casa Civil é de R$ 21,2 bilhões – 12% mais que a verba aprovada para o ano passado. Pouco mais de um ano antes das eleições presidenciais, os projetos de infraestrutura, saneamento e energia continuam praticamente ilesos à crise. E os empresários sabem disso.

Indústrias dos mais diferentes segmentos, de fabricantes de cimento até fornecedoras de equipamentos para tratamento de líquidos, estão ampliando os cuidados para os produtos voltados para infraestrutura – atentas ao fato de que, em um ambiente em que as vendas despencaram, este foi um dos poucos setores que continuaram em alta.

É o caso da fabricante de tubos e conexões Amanco.

Segundo seu diretor geral, Marcos Bicudo, as vendas continuaram aquecidas no início de 2009, depois de já terem fechado 2008 com alta de 34%.


Dados da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), no entanto, apontaram um queda de 18,5% nas vendas totais de materiais no primeiro bimestre, comparadas a mesmos meses de 2008.

Na Amanco, depois de anos seguidos investindo no lançamento de produtos específicos para a construção civil e predial, é a infraestrutura que ganha o foco em 2009.

A empresa começará a produzir, no segundo semestre, um tipo de tubo de PVC biorientado, aplicado em obras de saneamento.

Por este processo, que dá um estiramento diferenciado ao material, o plástico ganha resistência extra, e pode finalmente competir com as estruturas de ferro fundido usadas nos projetos de grande porte – a exemplo do que já aconteceu no ramo imobiliário, em que os tubos de plásticos há tempos tornaram os de metal obsoletos.

Tecnologia já bastante difundida no exterior, o PVC biorientado é uma coisa recente para o Brasil, e a tendência é que aos poucos substitua a tradicional tubulação de ferro.

Variação do portfólio

Na Amanco, o novo produto é o maior beneficiado da verba de R$ 60 milhões que a empresa destinou para pesquisa e marketing em 2009. Também são voltados principalmente para ele os outros R$ 55 milhões que completam o plano de investimento para este ano, e que irão ampliar em 20% a capacidade produtiva da companhia, hoje de 126 mil toneladas ao ano.

“Todas as nossas inovações dos últimos anos foram voltadas para a construção civil. Nosso foco agora será em infraestrutura e saneamento.

Os investimentos do PAC já estão acontecendo, queremos buscar um equilíbrio maior em nosso portfólio”, disse Bicudo. Conforme explica, as soluções habitacionais representaram cerca de 80% dos US$ 442 milhões que a empresa faturou no ano passado, enquanto os tubos para infraestrutura ficaram com os 20% restantes. Com a nova estratégia, “essa participação pode subir a 30%”.



Ano de crescimento

Em um ano em que as previsões para o PIB estão próximas do zero, os fabricantes de equipamentos para saneamento estimam um crescimento na faixa dos 30% em 2009, segundo sondagem feita pelo Sindicato Nacional das Indústrias de Equipamentos para Saneamento Básico e Ambiental, entidade ligada à Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), enquanto que a venda de máquinas em geral acumula queda de 28,3% no bimestre.

“Os investimentos em saneamento só emplacaram de fato a partir de 2005, e vêm evoluindo desde então”, disse o presidente do Sindicato, Gilson Cassini, ressaltando o impulso dado pelo sistema de Parcerias Público Privadas (PPP) que se desenvolveu nesse período.
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“O consenso entre nós é que (a área de saneamento) continuará crescendo em 2009 e nos próximos anos.”

Na empresa de Cassini, a Aquamec, fabricante de sistemas para tratamento de água e líquidos, os projetos urbanos de tratamento de esgoto serão um dos principais responsáveis pelo crescimento de mais de 90% que a empresa aguarda para este ano. “Em 2009, o setor público foi o único que continuou investindo”, disse Cassini, que tem entre seus clientes, ao lado do Estado, grandes indústrias das áreas de siderurgia, mineração, petroquímica, papel e celulose, automobilística e outras que necessitam, em algum momento de sua cadeia produtiva, tratar os fluidos utilizados. “A maioria destes segmentos, a partir de outubro, zerou a procura.
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Enquanto as clientes privadas estão em recesso, a Aquamec segue a todo vapor para atender projetos de estatais como Sabesp, Copasa e Caesb, companhias de saneamento de São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, respectivamente.

Fonte: Estadão

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