Pecém estimula expansão de São Gonçalo do Amarante

Carlos Brazil

 

Desde meados dos anos 1990, com o lançamento do projeto de instalação do porto do Pecém em sua costa, o município de São Gonçalo do Amarante (CE) vem passando por enormes transformações. O empreendimento é considerado um dos dez mais importantes terminais portuários do País, tendo movimentado 4,2 milhões de t de cargas ao longo do primeiro semestre de 2014.
 

Além do próprio porto, a região passa por significativo desenvolvimento industrial, especialmente em razão da expansão do Complexo Industrial Portuário do Pecém (CIPP), contíguo ao terminal.

 

Companhia Siderúrgica do Pecém é a maior obra em andamento hoje no complexo

 

Hoje, os principais projetos são a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), a ampliação do porto do Pecém, a futura construção da refinaria Premium II, da Petrobras, além da criação de um distrito industrial dentro da cidade, onde 17 empresas do segmento metal-mecânico e de serviços já assinaram protocolos de intenção para instalação na área. Dentre estas últimas, destaque para a Companhia Interamericana de Tecnologia Aeroespacial (Citasa), de origem norte-americana, que projeta investir R$ 450 milhões em suas instalações e gerar 900 empregos diretos.

 

“A possibilidade de implantar um novo polo aeronáutico no Brasil reflete a expectativa por parte dos investidores de obter custos mais interessantes que os apresentados nos polos já desenvolvidos e consolidados no País”, afirma Cláudio Pinho, prefeito de São Gonçalo do Amarante, referindo-se à Citasa.

 

Localizado a 60 km de Fortaleza, na região metropolitana da capital cearense, São Gonçalo do Amarante tem hoje mais de 46 mil habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos 20 anos, sua população tem visto o município se transformar de uma economia baseada na agropecuária, comércio e turismo, para a predominância de atividades que têm demandado mão de obra mais especializada, especialmente nos ramos da construção civil, indústria e logística.

 

O setor industrial é o que mais emprega no município, destacando-se a construção civil. Também são grandes geradores de empregos os segmentos de serviços de transporte e de comunicação, além do comércio varejista.

 

CSP

Prevista para entrar em operações no segundo semestre de 2015, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) está sendo instalada em uma área de 980 ha na Zona de Processamento de Exportações (ZPE), dentro do CIPP, em São Gonçalo do Amarante. A implantação da companhia, formada pela brasileira Vale e as sul-coreanas Dongkuk e Posco, receberá investimentos orçados em US$ 4,86 bilhões e terá capacidade de processamento de 3 milhões de t de placas de aço ao ano.

 

A empresa prevê uma ampliação futura, que poderá dobrar a capacidade de produção, para 6 milhões de t de placas de aço anualmente.

 

Conjuntamente ao projeto, está prevista a instalação de usina termoelétrica com capacidade de produzir 200 MW de energia, a partir do aproveitamento dos gases gerados nos processos de produção siderúrgica, tornando a CSP autossuficiente em seu consumo de eletricidade.

 

Hoje, a execução das obras de instalação da CSP atinge mais de 60% do total. A primeira estaca das fundações foi fincada em julho de 2012. Entre 2012 e 2013, a intervenção consumiu US$ 1,7 bilhão em investimentos. Já para este ano, a previsão é de desembolsos de US$ 2 bilhões. Mais de 8 mil profissionais atuam no projeto, sendo que a empreitada conta com o apoio de 117 empresas contratadas e subcontratadas. Quando entrar em operação, a previsão é a de que o projeto empregue diretamente 4 mil trabalhadores e gere outros 10 mil empregos indiretos.

 

Ampliação do porto

O Porto do Pecém passa atualmente por obras de ampliação. As intervenções têm o objetivo de atender à demanda futura dos projetos em desenvolvimento na região, com destaque para a CSP e a refinaria Premium II da Petrobras – cujo projeto que prevê capacidade de processamento de 300 mil barris/dia de petróleo encontra-se em fase de reavaliação técnica e econômica.

 

O projeto de expansão está estruturado em três blocos. Inicialmente, está sendo construída uma ponte de acesso ao quebra-mar existente, com 1.520 m de extensão e 33 m de largura. A seguir, será realizada a adequação de 1.065 m do quebra-mar, com sua pavimentação, para que passe a ser usado como rodovia, dando acesso a novos píeres a serem construídos. Também está prevista a ampliação do quebra-mar em cerca de 90 m, e um alargamento em 33 m.

 

A última parte da obra de ampliação prevê: construção de 600 m de cais com dois berços de atracação de navios cargueiros ou porta-contêineres; e a ampliação do pátio da retroárea em aproximadamente 69 mil m².

 

Os investimentos no projeto devem chegar a R$ 568,7 milhões. As obras foram iniciadas em janeiro, e o seu término é estimado em 30 meses.

 

“O porto do Pecém é o instrumento que visa não só alavancar a movimentação de cargas no Estado do Ceará, como também permitir que dentro da área do complexo sejam implantadas as grandes indústrias”, esclarece Luiz Hernani de Carvalho Júnior, diretor de Implantação e Expansão da Cearáportos, empresa que administra o porto do Pecém.

 

Complexo Industrial Portuário do Pecém – obras

Projeto

Investimentos

Fase atual

CSP

US$ 4,86 bilhões

Mais de 60% concluídos

Ampliação Porto
do Pecém

R$ 568,7 milhões

Obras iniciadas

Refinaria Premium II – Petrobras

US$ 11 bilhões (estimativa)

Projeto em reavaliação técnica e econômica

Citasa

R$ 450 milhões

Terreno concedido

Distrito Industrial

A definir

Áreas definidas – 17 protocolos de instalação de empresas assinados

 

Fonte: Revista O Empreiteiro

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