As terras baianas têm sido o destino preferido de empresas interessadas em se instalar no Nordeste e aproveitar o crescimento da região
José Carlos Videira
Você já foi à Bahia? Não? Então, vá! Já dizia Dorival Caymmi, em seus famosos versos. E a terra que sempre exerceu um grande fascínio em quem a conhece, por suas belezas naturais, por sua riqueza cultural e enorme diversidade, tem atraído nos últimos anos investimentos privados em diversos setores.
Com o crescimento econômico da Região Nordeste, experimentado nos últimos dez anos, grandes empresas preferiram estabelecer suas bases na região em território baiano. Segundo números da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE), a Bahia recebeu, desde 2007, 292 projetos de investimentos para construção e ampliação de unidades industriais em diversos segmentos, totalizando R$ 79,08 bilhões.
Investimento do governo baiano em infraestrutura contribui para atração de empresas
Centro de Distribuição do Grupo Boticário em São Gonçalo dos Campos, a 134 km de Salvador
De acordo com o titular da SDE, James Correia, somente no ano passado, foram assinados 173 protocolos de intenção. Esse volume equivale a R$ 13,2 bilhões em investimentos e geração de aproximadamente 25 mil empregos.
Para este ano, Correia é cauteloso na estimativa de novos investimentos para o Estado, considerado a porta de entrada para a Região Nordeste. “Tudo vai depender do desempenho da economia internacional e de seus reflexos para o Brasil”, afirma.
secretário James Correia:começo de ano promissor
Porém, o secretário baiano mantém o otimismo quando analisa o comportamento dos primeiros meses de 2015. Segundo ele, somente no primeiro trimestre, houve sinalização de novos investimentos para o Estado da Bahia em torno de R$ 7 bilhões. “É um começo promissor, apesar dos problemas econômicos que enfrentamos”, avalia.
Correia afirma que os números estão compatíveis com o que o Estado vem apresentando nos últimos anos. Ele lembra que, de 2007 para cá, mais de 220 empresas investiram no Estado, representando R$ 49,6 bilhões de aportes efetivados. “Estamos falando de algo concreto, não apenas de uma intenção de investir, que gerou 110 mil novos empregos em nosso Estado”, enfatiza.
O secretário diz apostar bastante nos investimentos voltados para a geração de energia, sobretudo solar. “Se nos anos anteriores tivemos muitos recursos voltados para a energia eólica, a partir deste ano, os investimentos serão muito fortes na energia produzida a partir do sol”, prevê Correia.
No ranking dos setores que mais destinaram investimentos para o Estado da Bahia, desde 2007, o de energia e gás ocupa a segunda posição, com 60 projetos e R$ 23 bilhões em investimentos. O setor fica atrás apenas dos 18 projetos de mineração, com R$ 28 bilhões de investimentos, no mesmo período (ver tabela).
Quando instado a falar do que a Bahia tem para despertar tanto interesse da iniciativa privada, Correia é enfático. “Oferecemos o que a Bahia tem de melhor; não tem crise hídrica nem energética”, diz. Ele ainda destaca mão de obra qualificada e uma diversificada economia como fatores de atração de investimentos. “Temos oportunidades de negócios em todos os setores da atividade econômica moderna.”
O secretário ressalta, ainda, que o Estado é a maior economia do Nordeste, responde por 1/3 do PIB da região e por mais da metade das exportações nordestinas. “Quem quiser vender para o Norte/Nordeste tem de passar, obrigatoriamente, pela Bahia”, resume.
O secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia aponta o Complexo Acrílico da Basf, em Camaçari, como um dos principais investimentos privados feitos no Estado. “É o maior investimento da companhia feito fora da Alemanha”, ressalta Correia, ao referir-se ao R$ 1,2 bilhão aplicado pela empresa alemã em solo baiano. Segundo o secretário, a produção de ácido acrílico e SAP será muito significativa para a economia da Bahia.
Correia também destacou os R$ 210 milhões investidos pela mexicana Vitro para produzir embalagens de vidro utilizando sílica de uma mina localizada no município de Belmonte, no sul da Bahia. “Será importantíssima para consolidar nossa cadeia produtiva de cosméticos, bebidas e alimentos”, afirma.Torres de geração de energia eólica despontam na paisagem do semiárido baiano
Região metropolitana
Por ser dotada de maior oferta de infraestrutura e de logística, o secretário afirma que a região metropolitana de Salvador concentra boa parte dos investimentos privados na Bahia. Mas Correia observa que já existe uma ampliação importante de aportes feitos em cidades do interior.
Como exemplo, ele cita a construção do centro de distribuição do Grupo Boticário (que também tem fábrica em Camaçari), em São Gonçalo dos Campos, a 134 km de Salvador, e a implantação da fábrica da Placo, do Grupo Saint-Gobain, em Feira de Santana (117 km da capital), além da instalação da fábrica do Grupo Petrópolis, em Alagoinhas (120 km da capital), que produz a cerveja Itaipava. “Isso sem contar os 165 parques eólicos que estão sendo implantados na região do semiárido da Bahia”, acrescenta.
Investimento Privado NO ESTADO
(Desde 2007)
Setores |
Nº de projetos |
Valor |
Mineração |
18 |
27,98 |
Energia e gás |
60 |
23,03 |
Alimentos e Bebidas |
61 |
10,24 |
Comércio e Serviços |
90 |
6,27 |
Automotivo e componentes |
11 |
4,07 |
Químico e petroquímico |
32 |
2,69 |
Naval/náutico |
6 |
2,47 |
Minerais não metálicos |
10 |
1,63 |
Derivados de petróleo e biocombustíveis |
4 |
0,70 |
TOTAIS |
292 |
79,08 |
Fonte: SDE/BA
Principais PROJETOS em implantação
Empresa |
Local |
Valor |
Basf |
Camaçari |
R$ 1,2 bilhão |
Vitro |
Camaçari e Belmonte |
R$ 210 milhões |
Agri Brasil |
Jaborandi |
R$ 9,5 bilhões |
Bahia Mineração |
Caetité |
R$ 3,75 bilhões |
MC2 Energia |
Candeias |
R$ 1,8 bilhão |
Renova Energia |
Vários municípios |
R$ 3 bilhões |
Fonte: SDE/BA
BAHIA EM NÚMEROS
417 |
municípios |
14 milhões |
de habitantes |
Maior população |
do Nordeste e quarta do Brasil |
PIB |
de R$ 167,7 bilhões |
Maior PIB |
do Nordeste e oitavo do Brasil |
Fábrica da Placo atende regiões em desenvolvimento
A Placo, do Grupo Saint-Gobain, instalou sua segunda fábrica de drywall na cidade de Feira de Santana, a 117 km de Salvador. Num terreno de 72 mil m², construiu em dois anos uma planta de 15,5 mil m², concluída em março do ano passado, ao custo de R$ 125 milhões. “Com essa unidade fabril, duplicamos a nossa capacidade produtiva”, afirma o diretor-geral da Placo do Brasil, Stenio de Almeida.
A nova fábrica tem capacidade de produção de 22 milhões de m² de drywall por ano. Produz toda linha de placas convencionais, standard, resistente à umidade, resistente ao fogo e placa de 600 mm. De acordo com Almeida, esse projeto da Bahia faz parte dos planos de expansão da empresa. “Essa fábrica proporciona agilidade logística e aumenta nossa participação em regiões em franco desenvolvimento, como Nordeste, Norte e Centro-Oeste”, ressalta.
O prédio foi construído com estaca pré-moldada, alvenaria nas paredes externas e cobertura metálica. “E logicamente drywall nas paredes internas”, frisa Almeida. Ele lembra que, durante a obra, a empresa foi rigorosa nos aspectos de segurança dos trabalhadores. “Tivemos içamentos a mais de 40 m de altura”, lembra o executivo.
Investimento de R$ 125 milhões para produzir 22 milhões de m² de drywall/ano
Fonte: Revista O Empreiteiro