As influências do aquecimento global na construção

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A revista O Empreiteiro apresenta a 14ª edição da newsletter, em parceria com a revista Engineering News Record

Fibra de aço é usada parareforçar estrutura de prédio

Em Seattle, ao norte dos Estados Unidos, a construção de uma torre de 24 andares usou de forma pioneira fibras de aço para reforçar a estrutura de concreto e reduzir a armadura de aço. O prédio está sendo erguido em zona de risco de abalos sísmicos.

As vigas de ligação sísmica comumente usadas são desafiadoras para se executar prédios em construção. Além da armadura horizontal com laços e estribos, o código sísmico local requer armaduras pesadas diagonais que são difíceis de montar porque muitas vezes colidem com as barras horizontais.

O concreto reforçado com fibras de aço reduz o uso de vigas de ligação em 40%, permitindo suprimir as barras diagonais e reduzir o tamanho das barras horizontais.

Cary Kopczynski, engenheiro estrutural da Bellevue Wash, responsável pela aplicação, avalia que no futuro o concreto com fibra de aço será um material largamente utilizado. O custo do concreto com esta fórmula é dez vezes maior do que o convencional. Porém, especialistas acreditam que, quando o material ganhar competitividade, seu preço se reduzirá. Há possibilidade também de se usar dosagens menores de fibra de aço, dependendo do tipo de estrutura.

A tecnologia é considerada segura. Esse tipo de concreto reforçado já é usado em sapatas, estacas, lajes, paredes, vigas, colunas e coberturas, mas ainda não está incorporado ao código de construções sísmicas dos Estados Unidos. Na torre de Seattle, o material foi usado com base em código internacional de construção, mas foi preciso provar, por meio de testes em instituição norte-americana, a sua eficiência.

Novo ciclo do clima deverá impactar a engenharia

Os padrões e normas de construção de infraestrutura não estão adequados para as mudanças do clima no futuro, afirmam especialistas. “Claramente não estamos preparados”, afirma Tom Wilbanks, do Laboratório Nacional de Oak Ridge e coordenador do painel intergovernamental de mudanças do clima nos Estados Unidos.

Muitos engenheiros e empreiteiros ainda não se envolveram nesta discussão. Eles estão cada vez mais focados em reconstruir estradas, linhas de transmissão de energia, sistemas de água e outros itens de infraestrutura, e ainda não questionaram o impacto da elevação da temperatura e do nível do mar e outras alterações.

“Nós não podemos simplesmente dizer que vamos administrar a questão”, afirma Cindy Wallis-Lage, presidente da empresa de engenharia global Black & Veatch. “É uma negligência ignorar isso”.

Os impactos exigirão mais resiliência na infraestrutura e também maior flexibilidade nos sistemas operacionais.
Calcula-se que as mudanças no clima resultarão em aumento sensível da manutenção da infraestrutura, o que poderá representar custos adicionais de 10% a 45% até 2080 para realização desse tipo de serviço, de acordo com o estudo “Recursos para o futuro”, de James Neumann e Jason Price.

A adaptação ao clima é tão crucial que o governo norte-americano apontou as mudanças do clima e seus impactos como a maior ameaça às atividades da população. Os eventos climáticos que devem ser mais constantes e extremos incluem tempestades, inundações e seca.

Dutos, usinas e refinarias serão os mais afetados

As mudanças climáticas, o aumento do nível do mar e o número crescente de tempestades deixam vulneráveis 328 refinarias e usinas geradoras de energia nos Estados Unidos, que estão a menos de 1,5 m de altura acima dos níveis mais elevados de maré.

No último ano, por exemplo, durante o furacão Isaac, nem os diques de contenção conseguiram proteger a Refinaria de Alliance, em Belle Chasse, New Orleans, da inundação. Por outro lado, os dutos que atravessam o Alasca foram construídos em solos que permaneciam congelados o ano todo e que agora enfrentam o degelo.

Nova York, duramente atingida pelo furacão Sandy, tem quase 150 mil km de cabos de energia no subsolo e 10 usinas geradoras de energia localizadas dentro da área que foi atingida pelo evento climático.

A adaptação é um desafio “enorme” para o setor de energia, avalia Tom Wilbanks, do Laboratório Nacional Oak Ridge. “Mas existem razões para sermos otimistas”, ele afirma, “porque muitas companhias energéticas já estão conduzindo os trabalhos necessários.”

A costa do Golfo do México é vista como uma das regiões que serão mais afetadas com as mudanças climáticas. No local, é intenso o trabalho de exploração e produção de petróleo. No ano passado, pela primeira vez, empresas do setor de óleo e gás se reuniram em Londres para discutir medidas de adaptação às mudanças climáticas.

Atingidos pelo tsunami no Japãoainda aguardam reassentamento

Os milhares de pessoas atingidos há dois anos por tsunami na costa nordeste do Japão ainda aguardam em improvisados abrigos a reconstrução de suas casas ou a remoção para outros lugares. Autoridades locais creem que elas ainda poderão esperar até dez anos para o reassentamento.

Na cidade de Sato, Rikuzentakata, somente agora se teve início a construção do primeiro projeto de residências pós-desastre – metade das habitações a ser construídas serão públicas. Cerca de 75% das residências de Rikuzentakata foram destruídas pelo tsunami.

Em dezenas de lugares da costa nordeste, da pequena vila de pescadores Ryoishi até as cidades industriais de Ishinomaki e Fukushima, onde algumas áreas ainda permanecem isoladas por conta do vazamento da usina nuclear local provocado depois que a planta foi atingida pelo tsunami, o cenário é ainda de terra devastada.

Atrasos na aprovação dos reassentamentos, recusas em permitir que se construa em fazendas devastadas pelo tsunami e incertezas sobre os verdadeiros proprietários das áreas atingidas estão entre os obstáculos da reconstrução.
Críticas recaem sobre o governo, que planejava gastar US$ 268 bilhões no esforço inicial de reconstrução, mas menos da metade desse valor já foi aplicado: US$ 85,
7 bilhões.

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Fonte: Revista O Empreiteiro


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