Augusto Diniz – Cajamar (SP)

O aumento de consumo da população; a terceirização do serviço de logística pelas grandes indústrias, fazendo com que o segmento atraia grandes players globais para o Brasil; a obsolescência de antigos galpões de estocagem e distribuição; e o estrangulamento do trânsito nas grandes cidades brasileiras. Estes são os motivos do aquecimento nos últimos anos do mercado de construção de centros logísticos para locação nas proximidades das capitais, às margens das principais rodovias do País.

A Libercon Engenharia, uma das empresas mais atuantes neste mercado, somente no bairro Jordanésia, em Cajamar, na Grande São Paulo, com acesso direto à rodovia Anhanguera, constrói 425 mil m² de complexos logísticos. Em Guarulhos (SP), na altura da rodovia Dutra, a empresa já começou a construir um outro centro logístico de 392 mil m², que terá até um viaduto exclusivo conectando-o à estrada que liga as duas maiores cidades brasileiras (São Paulo e Rio de Janeiro).

Em Jordanésia são três complexos logísticos, sendo que um, de 115 mil m² com quatro galpões, foi inaugurado e já está todo ocupado por grandes empresas. Dois outros, um com 70 mil m² e três galpões e um com 240 mil m² e quatro galpões, estão com obras em algumas áreas – os galpões que foram concluídos já foram alugados.

Complexos logísticos são erguidos aplicando sistemas construtivos de rápida execução

“O custo somente de construção do m2 desse tipo de empreendimento é de R$ 1.300. Tem ainda os terrenos, que são caros”, conta Hailton Liberatore, diretor de operações e sócio da Libercon Engenharia, que possui 12 anos de existência. O financiamento desses complexos é proveniente de grandes fundos imobiliários internacionais, como Prologis CCP (caso de Jordanésia) e GL Properties (Guarulhos).

Solução construtiva

“A edificação tem que atender às normas de eficiência e segurança atuais. Tem que ser feita também com sistemas construtivos que sejam rápidos”, explica Hailton.

Hailton Liberatore, da Libercon

Na construção dos complexos, foram adotados dois sistemas construtivos. Um com pilares pré-moldados de concreto e aço, sistema de cobertura de telha metálica zipada e fechamento lateral misto (painéis de concreto pré-moldado e telhas metálicas).

O outro é um sistema chamado tilt-up, bastante comum nos Estados Unidos, de pilares e paredes todos pré-moldados de concreto (posicionados na estrutura depois de prontos), e cobertura de telha metálica zipada. Por conta do uso intensivo de concreto, neste sistema foi preciso colocar uma usina de concreto no canteiro de obras. No local, a Engemix foi contratada para o serviço.

O piso de concreto usinado reforçado com fibra, para substituir a armação de aço, de 14 cm a 16 cm de espessura, é comum aos dois tipos de construção. O pé-direito é padrão e gira em torno de 12 m.

As docas de movimentação de carga, que podem ficar somente de um lado do galpão ou em dois lados opostos (chamado cross deck), são de concreto armado pré-moldado, com cada uma contando com uma plataforma niveladora.

Novo CD da Natura tem passarela no entorno para atender aos vendedores

Os sistemas de cobertura adotados devem aproveitar ao máximo a ventilação e a luz natural. No caso de Jordanésia, a empresa trabalha com as empresas Bemo e Medabil na implantação dos sistemas, que ainda devem possuir revestimento termoacústico (facefelt). Complementam as estruturas as instalações elétrica e hidráulica, e sistemas contra incêndio.

“Parece simples, mas tudo tem que ser feito rapidamente. A todo tempo desenvolvemos tecnologias para acelerar a obra. Há multas pesadas por atraso de cronograma”, revela Hailton. Em geral, a construção de centros logísticos de grande porte não leva mais de um ano para ficar pronta.

Build-to-suit

Uma outra opção de construção de centro logístico é o build-to-suit, com padrão standard de atendimento ao locatário. É o caso do centro de distribuição da Natura, construído pela Método Engenharia.

O centro, localizado no bairro Parque Anhanguera, em antiga unidade da Unilever, às margens da rodovia Anhanguera, em São Paulo, é de propriedade do fundo de investimento imobiliário RB Capital, que está concessionando o espaço por pelo menos 20 anos à empresa de cosméticos. Ele foi feito especificamente para atender à Natura.

Há, por exemplo, a construção de passarelas na fachada do centro de distribuição, que tem 51 mil m² no total. Duas delas, com 2,5 m de largura e 290 m de comprimento, uma de cada lado da face mais comprida da edificação, foram construídas na parte mais alta da fachada de forma saliente. O objetivo é que a Natura possa apresentar de forma irrestrita, ao seu grande contingente de consultores, responsáveis pelas vendas diretas de seus produtos e pelo próprio sucesso do modelo comercial da companhia, o seu sistema de logística e atendimento às demandas do mercado.

Todos os novos galpões de logística em construção no País costumam atender às normas de certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design).

Fonte: Revista O Empreiteiro