As obras, no Porto Maravilha, estão mudando tudo na zona portuária do Rio de Janeiro. Elas eliminam as estruturas que ao longo dos anos camuflaram a feição local e podem recuperar a identidade visual que, de perto ou de longe, documenta o traço mais forte da memória urbana da cidade.

Mas, nada ali tem sido fácil. A escavação do túnel, a partir do qual é construída a Via Binário, o caminho subterrâneo que substitui a Perimetral sobre a avenida Rodrigues Alves, não teve como deixar de utilizar explosivos para poder prosseguir. E, explosivos, por mais bem elaborado que seja feito o plano de fogo, sempre carrega os riscos de eventuais estragos periféricos.

A esses riscos vêm sendo atribuídas as rachaduras observadas no Museu de Arte do Rio (MAR), recentemente inaugurado. Elas foram constatadas no teto, no piso e no hall de saída da edificação. Mas, pequenas construções e sobrados antigos que moldam o cenário daquela zona, também têm apresentado rachaduras, segundo os seus proprietários e usuários.

Aparentemente, conforme laudo técnico elaborado para identificar as causas dos estragos, as trincas nas paredes internas do museu situam-se na alvenaria e resultariam da acomodação do solo.

À margem do laudo, é imprescindível que a população, sobretudo os moradores da área, acompanhe e seja informada de todas as ações em curso nas obras em andamento. Por mais milionárias que as obras sejam (só o museu custou perto de R$ 80 milhões), eles, a parte pobre, representam o que há de mais importante naquele processo de revitalização. E devem conservar, expor e defender essa consciência.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira