CPFL chega aos 100 anos com energia renovada (e renovável)

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Fundada em 1912, companhia diversifica investimentos, como maior grupo privado do setor de energia brasileiro
Guilherme Azevedo

ACPFL Energia está comemorando, em 2012, 100 anos de atividades. Fundada em 16 de novembro de 1912, com a junção de quatro empresas pequenas de energia do interior de São Paulo, a Companhia Paulista de Força e Luz reflete, testemunha e protagoniza a evolução do setor energético brasileiro.

Já esteve em mãos privadas nacionais (em sua origem); depois em mãos privadas estrangeiras, dos norte-americanos da American & Foreign Power Company (1927 a 1964); passou à gestão estatal (1965); e voltou à iniciativa privada (1997), como é controlada até os dias de hoje, numa associação de interesses entre a VBC Energia (inicialmente, Grupo Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa; hoje, controlada unicamente por esta última empresa), o Fundo de Pensão dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) e a Bonaire Participações (que reúne os fundos de pensão Funcesp, Sistel, Petros e Sabesprev).

O parque eólico Icaraizinho, no Ceará. Adquirido em 2011

De 2002 data a criação da holding CPFL Energia, grupo de controle encarregado de elevar a eficiência da gestão e promover o diálogo entre os múltiplos empreendimentos que compõem a companhia, que é a maior do setor privado de energia do País, com capital aberto desde 2004, nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York. O engenheiro elétrico e administrador de empresas Wilson Ferreira Jr. é o diretor-presidente da CPFL Energia, desde a fundação, em 2002 (dois anos antes, em 2000, Ferreira já assumira a direção executiva geral da CPFL). São hoje 50 empresas controladas ou com sua participação, que atuam nas áreas de geração, distribuição e comercialização de energia e também na oferta de serviços relacionados, com valor total de mercado que se aproxima de R$ 30 bilhões.

Registro da assembleia de fundação da Companhia Paulista Força eLuz, no dia 16 de novembro de 1912. Na ocasião, foram eleitos paradirigir a nova empresa o engenheiro José Balbino de Siqueira (diretorpresidente),o coronel João Rodrigo de Sousa Aranha (vice-presidente),o engenheiro Manfredo Antonio da Costa (secretário-gerente),o engenheiro Francisco Ribeiro Moreira e o advogado Joaquim Máriode Sousa Meirelles (membros do conselho fiscal).

O diretor-presidente da CPFL Energia,Wilson Ferreira Jr.

7 milhões de consumidores atendidos

Os números consolidados de 2011 comprovam o alcance dos empreendimentos do grupo. No mercado de distribuição de energia, em que atua com as empresas CPFL Paulista, CPFL Piratininga, CPFL Santa Cruz, CPFL Leste Paulista, CPFL Jaguari, CPFL Sul Paulista, CPFL Mococa e RGE, a CPFL Energia responde por 13% do total do País (7 milhões de consumidores atendidos, em 569 municípios, majoritariamente localizados nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, mas também de Minas Gerais e Paraná), que a coloca na liderança nacional.

No setor de geração de energia, produz 2% do total nacional, índice que a posiciona como o segundo maior agente privado do Brasil, com 2.948 MW de capacidade instalada este mês (novembro), originada de empreendimentos como a usina hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães (no Tocantins, para 902 MW), a usina hidrelétrica Foz do Chapecó (na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para 855 MW) e o Complexo Energético Rio das Antas (três usinas hidrelétricas no Rio Grande do Sul, para 360 MW, no total).

E na área de comercialização de energia no mercado livre, por meio da CPFL Brasil, a fatia que lhe cabe é de 11%, alta de 8,5% sobre o ano anterior.

Em 2011, o investimento realizado pela CPFL chegou a R$ 1,905 bilhão. Desse total, R$ 1,065 bilhão se destinou a projetos de distribuição de energia, R$ 823 milhões a projetos de geração e R$ 17 milhões aos negócios de comercialização e serviços. No ano passado, as atividades da empresa produziram um lucro líquido total de R$ 1,58 bilhão, 1,4% acima do ano anterior. Em todo o grupo, atuam 7.913 funcionários. São alguns dos números que constam do seu relatório anual.

Usina de Avanhandava em operação em 1941

Usina Gavião Peixoto, construída emAraraquara (SP), em funcionamento em 1935

Uma subestação transformadora daempresa no começo da década de 1930

Linha de transmissão montada na fase pioneira daempresa no interior paulista

Renovação

Porque mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, como notou o poeta Camões, alguns séculos atrás, a CPFL busca novos caminhos, para novos tempos. Talvez seu maior esforço nessa direção tenha ocorrido no ano passado: a criação de uma empresa dedicada exclusivamente à geração de energia de fontes renováveis.

Anunciada em abril de 2011 e constituída em agosto do mesmo ano, a CPFL Energias Renováveis nasceu da associação com a ERSA – Energias Renováveis S.A., com o objetivo de unir ativos e projetos de energia renovável, que incluem parques eólicos, pequenas centrais hidrelétricas e usinas termelétricas a biomassa (de cana-de-açúcar). A CPFL Energia é majoritária no negócio, hoje com 63% de participação. Para a formação desta empresa, uma das medidas foi a migração de parte da gestão de PCHs, que estava
m sob a tutela da CPFL Geração.

Com isso, a CPFL Renováveis, que já se posiciona como a maior empresa de sua área na América Latina, concentra atividades na implementação e operação de usinas de portes pequeno (até 30 MW) e médio (até 200 MW) de matrizes renováveis. Segundo dados da companhia, os projetos vão totalizar 4.688 MW, compostos de 34 PCHs, 15 parques eólicos e 6 UTEs em operação (1.133 MW); uma PCH, 18 parques eólicos e duas UTEs em construção (602 MW); e ainda outros 2.953 MW em desenvolvimento. Agora, este mês (novembro), um novo marco na história do grupo como um todo foi lançado: o ingresso oficial na produção de energia de matriz solar, com a inauguração, em Campinas (SP), da primeira usina de energia solar do estado de São Paulo [leia reportagem à página 63].

UTE Baldin, em Pirassununga (SP). Potênciade 45 MW gerada da biomassa da cana

Dos projetos em construção, a PCH, chamada Salto Góes, se localiza em Santa Catarina, no município de Tangará, no rio do Peixe, com capacidade para 20 MW; os parques eólicos, no Rio Grande do Norte (14 projetos, Campo dos Ventos I, II, III e V, Costa Branca, Juremas, Macacos, Pedra Preta, Ventos de Santa Mônica, Ventos de Santa Úrsula, Ventos de São Benedito, Ventos de Santo Dimas, São Domingos e Ventos de São Martinho) e no Rio Grande do Sul (4 plantas, Atlântica I, II, IV e V), com capacidade total de 482 MW [veja reportagem sobre construção de parques eólicos à página 65]; e as usinas de biomassa, UTE Bio Alvorada (50 MW) e UTE Bio Coopcana (50 MW), em Minas Gerais e no Paraná, respectivamente.

Ventos favoráveis

Um dos investimentos marcantes feitos pela nova empresa, que é dirigida por Miguel Saad, foi a compra, em fevereiro deste ano, da Bons Ventos Geradora de Energia S.A., que pertencia à BVP S.A., empresa formada por fundos de investimentos.

Por R$ 1,06 bilhão, a Bons Ventos soma mais 150 MW de capacidade instalada à CPFL Renováveis, em seus quatro parques eólicos (Taíba Albatroz, Canoa Quebrada, Bons Ventos e Anacel, todos no Ceará). As usinas têm contrato de venda de energia de 20 anos com a Eletrobras. Outra aquisição importante foi a da Jantus, que também controla parques eólicos no Nordeste, concluída em dezembro de 2011. Por R$ 823 milhões, a CPFL Renováveis assumiu quatro parques eólicos em operação no Ceará (Formosa, Icaraizinho, Paracuru e SIIF Cinco), com capacidade instalada de 210 MW e contratos de venda de energia de 20 anos com a Eletrobras; e projetos eólicos no Ceará e no Piauí, com capacidade instalada de 732 MW, dos quais 412 MW já certificados e elegíveis para participação nos próximos leilões de energia.

Na área de geração de energia de biomassa, especificamente, foi concluída em outubro último a compra, pela CPFL Renováveis, de 100% dos ativos de cogeração de energia elétrica e vapor d’água da SPE Lacenas Participações, controlada pela Usina Açucareira Ester. O valor da operação totalizou R$ 111,5 milhões. Localizada em Cosmópolis (SP), a usina conta com capacidade instalada de 40 MW e potência injetada limitada a 30 MW, geradas da biomassa produzida pela moagem do bagaço da cana-de-açúcar.

Mais investimentos

Para este ano, a expectativa da CPFL Energia é de que os investimentos cheguem a R$ 2,72 bilhões. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, até setembro, a companhia totaliza R$ 1,93 bilhão de investimentos, dos quais R$ 1,041 bilhão se direcionou a projetos de distribuição, R$ 872 milhões a projetos de geração (R$ 862 milhões da CPFL Renováveis) e R$ 17 milhões a projetos de comercialização e serviços. Para o ano que vem, nas projeções da empresa, os investimentos devem somar R$ 2,3 bilhões; em 2014, R$ 1,115 bilhão; em 2015, R$ 946 milhões; e, em 2016, R$ 935 milhões.

O centenário é certamente um convite a rever a trajetória, as principais realizações, os principais obstáculos vencidos que compõem essa história longeva e celebrá-la, com entusiasmo. Como indica seu diretor-presidente, Wilson Ferreira Jr., a CPFL é uma empresa que aprendeu a sorrir. Porque aprendeu, com o passar dos anos, através da sucessão de gestões, que é preciso lamentar menos o que perdeu ou não alcançou e valorizar mais a capacidade de gerar novas histórias, hoje mesmo. Cem é ainda pouco para quem está centrado em projetos de longo prazo.

A usina hidrelétrica Monte Claro tem capacidade instalada de 130MW. A usina integra o Complexo Energético Rio das Antas

Fonte: Padrão


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