Talento reconhecido

Dentre os trabalhos que o engenheiro prefere estão o Edifício da Academia de Letras do Rio de Janeiro, de autoria do arquiteto Maurício Roberto – “este foi um projeto em que eu e o arquiteto nos sentamos diariamente para definir as melhores soluções para o projeto”, e as três sede dos Correios, para o Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Sobre Oscar Niemeyer, ele é enfático: “Com ele não tem jeito. Tem de ser feito exatamente o que ele quer”, diz Mascarenhas Barbosa que já projetou 15 obras para Niemayer, o qual costuma indicar pessoalmente o calculista de sua preferência.

A seu ver, o importante na relação entre projetista, arquiteto ou construtor é o atendimento às demandas do cliente, com soluções estruturais que sejam as mais adequadas, com presteza e economia. “Acima de tudo é uma relação de confiança no profissional”, finaliza.

O Centro Cultural

Localizado em Goiânia, o Centro Cultural “Oscar Niemeyer” emergiu como um dos atrativos principais na comemoração do centésimo aniversário de Oscar Niemeyer. A obra foi uma encomenda do então governador do estado de Goiás Marconi Pirililo, com o objetivo de homenagear o arquiteto e criar um monumento aos Direitos Humanos.

O curioso é que o centro foi o primeiro projeto de Niemeyer em Goiânia (GO), mestre que desenvolveu a concepção arquitetônica de Brasília idealizada por Lúcio Costa. O empreendimento localiza-se na área sudoeste da cidade, às margens da BR 352, cujo o perfil tipicamente rural começa a dar lugar a uma nova rota de ocupação e desenvolvimento da cidade, em parte, estimulado pelo próprio empreendimento.

São quatro prédios principais que somam 17 mil m², distribuídos em extensa área plana de 26 mil m², formando um conjunto arquitetônico misto e diferenciado que remete às formas clássicas da geometria. O Museu tem formato cilíndrico; o monumento aos Direitos Humanos tem forma piramedal; o teatro surge em formato de cúpula e o prédio da administração em forma retangular.
Eles estão dispostos sincronicamente no terreno, de maneira a marcar os quatro vértices, deixando ao meio uma praça central de transição.

O arquiteto João Niemeyer, sobrinho de Oscar, ressalta como um dos principais aspectos a proporção dos edifícios e a harmonia do conjunto, além da elemento central de ligação entre eles através da praça e o próprio espaçamento entre os edifícios. Também destaca o arrojo estrutural dos, que aplica elementos já dominantes na obra de Oscar Niemeyer, como os balanços e vãos, em escala monumental.

Cálculo Exímio

Para o calculista Gilberto Mascarenhas Barbosa do Valle, os prédios mostram o apego do mestre à questão das formas, que sempre marcou o trabalho do arquiteto, além dos elementos como vãos livres de grandes dimensões, mezaninos extensos e coberturas em formato cilíndrico. Para o trabalho de cálculo, o projetista apoiou-se nas ferramentas SAP e TQS, além de contar com o suporte da Warre Engenharia.

Gilberto do Valle ressalta a concepção estrutural e os processos executivos especiais, que permitiram a execução das formas diferenciadas. “A esbelteza e a deformalidade das estruturas foram nosso desafio exigindo operação exímia da Warre Engenharia, que contou com uma equipe de consultores da Universidade Federal de Goiás”.

O teatro é formado por uma cúpula de 60 m de diâmetro e 20 m de altura, em concreto armado, com um balcão de 9 m de balanço engastado na casca da cúpula. O escoramento foi realizado com vigamento de transição em treliças de aço apoiadas em um pilar central de tubos de aço com 9m de diâmetro na periferia, o que permitiu a continuidade do trabalho sob a mesma e controle rigoroso do cimbramento.

O prédio da Administração possui cinco andares sobre sub-solo, com vãos de 15m e balanços extremos de 7,5 m. Caracteriza-se pela estrutura protendida de 120 m de extensão, sem juntas e com balanços de 7,5 m, que exigiu uma programação rigorosa. O calculista explica que não há juntas de dilatação apesar de seu comprimento total de 120 m. As vigas principais longitudinais possuem 60 cm de altura, protendidas com fck = 40 Mp. As vigas transversais de mesma altura são de concreto armado e tem um vão central de 9,4 m, com balanços de 2,80 m cada. A fundação foi realizada em solo firme, exceto na área próxima ao Museu onde foram usados tubulões.
O Museu constitui-se de uma estrutura cilíndrica de 35 cm de diâmetro, apoiada em paredes de concreto periféricas de 20 cm de espessura. A cobertura da laje é protendida, nervurada, com 90 cm de altura com mezanino – uma estrutura convencional – apoiando-se na parede periférica e em tirantes vindos da cobertura. O acesso a este mezanino se faz por uma rampa em forma curva, com vão de cerca de 18 m (um caixão com três nervuras principais). O piso do museu atua como estrutura de transição para as cargas vindas das paredes periféricas, que se transferem para o pílar central de 9m de diâmetro (concreto celular de 80 cm de largura). “essa estrutura de transição foi realmente o ponto culminante, uma vez que foi feita por partes, já que a co

bertura e o mezanino jogavam suas cargas para a ponta dos balanços. assim, a aferição do atirantamento do mezanino com as flechas na cobertura também foi de grande importância”, diz o calculista. esta estrutura em concreto protendido tem 13m de balanço em todo o contorno do pilar;a altura é de 1,20m e fck=50 mpa. foram usados cabos de 19 5/8 cp 190 rb. “tratou-se de um trabalho bastante complicado, tendo em vista a necessidade de cruzamento
Fonte: Estadão

Deixe um comentário