Estádios da Copa do Mundo finalmente iniciam obras

Augusto Diniz

Depois de muitos atrasos e estouro de orçamento, 11 arenas para o Mundial estão em obras – apenas em Curitiba não houve início dos trabalhos. Agora, as construtorasenfrentam o desafio próprio das grandes construções e o curto prazo para entregá-las prontas

Adespeito dos atrasos, a construção e reforma de 11 estádios que receberão a Copa do Mundo no Brasil finalmente saíram do papel – apenas a Arena da Baixada, em Curitiba, não entrou em obras; como se trata de uma arena já construída e uma das mais modernas do País, o problema torna-se menor.

A maioria teve estouro de orçamento. As exigências da FIFA na construção — incluindo nos setores de acessibilidade, estrutura geral de atendimento aos times, imprensa e vips, segurança, sustentabilidade, dentre outros itens – têm sido o principal motivo alegado pelos responsáveis dos estádios pelo aumento dos investimentos. Enquanto isso, a FIFA “morde e assopra” na hora de falar da preparação do País para o Mundial, criando mais dúvidas sobre os custos necessários para o evento.

Atualmente, o orçamento dos estádios da Copa do Mundo está em R$ 6,95 bilhões. Isso representa cerca de R$ 2,5 bilhões a mais do que o custo inicial (R$ 4,38 bilhões). Ressalta-se que quase 100% das obras serão pagas com recursos públicos.

Com as 11 arenas sendo preparadas para receber as partidas do Mundial, os responsáveis pelas construções encaram agora a complexidade das obras dentro e fora dos estádios e a corrida contra o tempo — principalmente para os locais que receberão em 2013 a Copa das Confederações (evento-teste da FIFA para o Mundial no ano seguinte), como é o caso do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador e Porto Alegre. O Itaquerão, em São Paulo, ainda em fase de terraplanagem, deverá ser indicado para o jogo de abertura do Mundial. Já o Maracanã, no Rio de Janeiro, será o palco da final.

Veja a seguir como andam os custos e a construção dos 12 estádios do megaevento esportivo, além dos principais entraves.

Arena Pantanal (Cuiabá)

Condições da obra: 25% concluídas

Custo Inicial: R$ 343 milhões

Custo 2010: R$ 420 milhões

Custo 2011: R$ 500 milhões

Capacidade: 43,6 mil lugares

Projeto: GCP Arquitetos/Grupo Stadia

Construtora: Santa Bárbara/Mendes Júnior

Área construída: 101.400 m²

Previsão de término: dezembro 2012

Estágio atual da obra: concluídas as fundações. Teve início a montagem das estruturas e fixação dos pilares da arquibancada e a montagem das peças pré-moldadas de concreto (vigas, pilares e blocos) que darão forma ao novo estádio. Devido a atrasos na construção, admite-se modificar o projeto de cobertura da arena. Atualmente, 520 pessoas estão envolvidas nas obras do estádio.

Arena da Amazônia
(Manaus)

Condições da obra: 35% concluídas

Custo Inicial: R$ 600 milhões

Custo 2011: R$ 500 milhões

Capacidade: 47 mil lugares

Projeto: Grupo Stadia

Construtora: Andrade Gutierrez

Área construída: 170.000 m²

Previsão de término: 2013

Estágio atual da obra: com as fundações concluídas, obra segue com a instalação de bases da arquibancada inferior para, posteriormente, se fazer a execução das estruturas de concreto do setor. Depois, entra-se na fase mais delicada do projeto: a construção da nova fachada e a estrutura da cobertura. Até o pico das obras, previsto para janeiro de 2012, aproximadamente 1.500 trabalhadores estarão atuando no canteiro de obras.

Mineirão (Belo Horizonte)

Condições da obra: 15% concluídas

Custo Inicial: R$ 426 milhões

Custo 2010: R$ 666 milhões

Custo 2011: R$ 743 milhões

Capacidade: 67 mil lugares

Projeto: GPA&A

Construtora: Construcap/Egesa/Hap

Área construída: 209.000 m²

Previsão de término: dezembro 2012

Estágio atual da obra: estágio de implantação de estacas e fundações para as arquibancadas inferiores. A implementação da cobertura metálica para dar sustentação ao prolongamento da marquise, bem como a necessidade de se trabalhar com a estrutura existente do antigo estádio, serão as dificuldades da obra. Os trabalhos envolvem 644 operários. Em junho, os trabalhadores fizeram greve.

Arena Pernambuco (Recife)

Condições da obra: 10% concluídas

Custo Inicial: R$ 424 milhões

Custo 2010: R$ 480 milhões

Custo 2011: R$ 532 milhões

Capacidade: 46,1 mil lugares

Projeto: Fernandes Arquitetos Associados

Construtora: Odebrecht

Área construída: 129.000 m²

Previsão de término: janeiro 2013

Estágio atual da obra: serviço de terraplanagem concluído e 30% das fundações iniciadas – término desta fase previsto para setembro. No setor sul da nova arena já está sendo feita a execução de estacas, blocos e vigas. Atualmente, 600 operários trabalham no canteiro de obras. A maior preocupação é o acesso à arena e as facilidades de mobilidade que deverão ser implementadas, já que o local fica no município vizinho do Recife, São Lourenço da Mata, a 19 km do centro da capital. Trabalhadores já fizeram paralisação por melhores condições de trabalho — inclusive de transporte até o canteiro de obras.

Beira-Rio (Porto Alegre)

Condições da obra: 15% concluídas

Custo Inicial: R$ 130 milhões

Custo 2011: R$ 250 milhões

Capacidade: 60 mil lugares

Projeto: Hype Studio

Construtora: Andrade Gutierrez

Área construída: 171.082 m²

Previsão de término: dezembro 2012

Estágio atual da obra: apenas uma parte da arquibancada inferior está em obra. As arquibancadas estão sendo reconstruídas com elementos pré-fabricados de concreto e vão permitir a aproximação do torcedor com o campo. Do lado externo, já foi feito o estaqueamento da estrutura metálica que vai suportar a cobertura do Beira-Rio, além de obras de saneamento. O estádio ficará aberto para jogos d

o Internacional, dono do local, durante todo o período de reforma. O desafio é realizar as obras nestas condições.

Estádio Nacional
de Brasília

Condições da obra: 33% concluídas

Custo Inicial: R$ 240 milhões

Custo 2011: R$ 696 milhões

Capacidade: 71 mil lugares

Projeto: Castro Mello Arquitetos

Construtora: Andrade Gutierrez/Via Engenharia

Área construída: 214.000 m²

Previsão de término: 2012

Estágio atual da obra: o antigo estádio Mané Garrincha já foi demolido (somente parte da arquibancada continua de pé) e a fundação da nova arena está pronta. A concretagem dos tubulões e as estruturas estão sendo feitas. O problema é que a parte da arquibancada não demolida é resultado de duas implosões que não deram certo no local. Não foi agendada ainda nova data para a implosão. O número de trabalhadores na obra chega a 1.900.

Fonte Nova (Salvador)

Condições da obra: 20% concluídas

Custo Inicial: R$ 320 milhões

Custo 2010: R$ 591,7 milhões

Custo 2011: R$ 835 milhões

Capacidade: 50,4 mil lugares

Projeto: Setepla Tecnometal Engenharia

Construtora: OAS/Odebrecht

Área construída: 126.500 m²

Previsão de término: dezembro 2012

Estágio atual da obra: a previsão é que a fundação seja finalizada em meados de agosto. Alguns blocos de concreto para a estrutura foram executados para a montagem da estrutura (pilares, vigas e lajes). O novo estádio enfrenta questionamentos de impacto ambiental. Ao todo, 535 operários trabalham na construção.

Maracanã (Rio de Janeiro)

Condições da obra: 20% concluídas

Custo inicial: R$ 430 milhões

Custo 2010: R$ 600 milhões

Custo 2011: R$ 956 milhões (depois caiu para R$ 931 milhões)

Capacidade: 80 mil

Projeto: Emop/Fernandes Arquitetos Associados

Construtora: Odebrecht/Andrade Gutierrez/Delta

Previsão de término: dezembro 2012

Estágio atual da obra: a área do anel inferior, que abrigava as cadeiras azuis, começou a ser elevada e chegará a 5 m de altura. Com isso, o fosso no local deixará de existir. A demolição está praticamente concluída (inclusive a cobertura). Já começaram as obras de fundação para que os novos anéis de arquibancada sejam construídos. A dificuldade maior é realizar a reforma sobre uma construção existente com idade avançada, atendendo a todas as características projetadas. Cerca de 800 operários trabalham na obra.

Castelão (Fortaleza)

Condições da obra: 22% concluídas

Custo Inicial: R$ 623 milhões

Custo 2011: R$ 518 milhões

Capacidade: 60 mil lugares

Projeto: Vigliecca & Associados

Construtora: Galvão/Serveng/BWA

Área construída: 355.000 m²

Previsão de término: dezembro 2012

Estágio atual da obra: depois de implodir 130 m da arquibancada do anel inferior do antigo Castelão, seguem os trabalhos de remoção de entulho e construção da estrutura central da arena, onde irão funcionar serviços de monitoramento, tribuna da imprensa, área vip e vestiários. Do lado de fora, prossegue a construção da primeira etapa do estacionamento. Na avenida Alberto Craveiro, nas imediações do estádio, moradores e comerciantes reclamam das desapropriações que serão feitas para as vias de acesso à arena. Cerca de 800 operários trabalham na obra. Trabalhadores já fizeram paralisação por melhores salários.

Arena da Baixada (Curitiba)

Condições da obra: não iniciada

Custo Inicial: R$ 135 milhões

Custo 2011: R$ 220 milhões

Capacidade: 41,3 mil lugares

Projeto: Carlos Arcos Arquitetura

Construtora: não definida

Área construída: 124.000 m²

Estágio atual da obra: as obras não começaram e o prazo está ficando apertado, o que pode comprometer a execução dos trabalhos.

Arena das Dunas
(Natal)

Condições da obra: recém-iniciada

Custo Inicial: R$ 413 milhões

Capacidade: 45 mil lugares

Projeto: Populous/Grupo Stadia

Construtora: OAS

Área construída: 412.000 m²

Previsão de término: 2013

Estágio atual da obra: implosão da parte superior do antigo Machadão está programada para agosto. No local, onde será erguida a nova arena, a construtora prepara o canteiro para o início das obras. Há, porém, ainda projetos e estudos a serem realizados para execução adequada dos trabalhos.

Itaquerão (São Paulo)

Condições da obra: recém-iniciada

Custo Inicial: R$ 300 milhões

Custo 2010: R$ 530 milhões

Custo 2011: R$ 1,07 bilhão

(depois caiu para R$ 820 milhões)

Capacidade: 48 mil ou 65 mil lugares

Projeto: CDCA Arquitetos

Construtora: Odebrecht

Área construída: 180.000 m2

Previsão de término: dezembro 2003

Estágio atual da obra: serviços de terraplanagem em andamento. Porém, indefinições do projeto dificultam o andamento das obras.

Arenas mais econômicas

A discussão em torno do custo dos estádios para a Copa do Mundo ganhou ainda mais destaque este ano quando a construtora Serpal anunciou que faria o estádio do Corinthians, o chamado Itaquerão, que sediará em São Paulo o Mundial, pelo valor de R$ 700 milhões – o valor apresentado pela Odebrecht, responsável pela construção, chegou a ultrapassar R$ 1 bilhão. Não se sabe ao certo se o time do Parque São Jorge foi procurado pela Serpal ou se foi a própria construtora quem procurou o clube. Mas não é de hoje que o presidente do Grupo Advento, Juan Quirós, do qual pertence a Serpal, tem anunciado que construiria estádios mais baratos – inclusive atendendo aos encargos da FIFA – do que tem sido contratado pelo Brasil afora.

A proposta da Serpal é de um estádio de 65 mil lugares, que atenderia as exigências da FIFA para que São Paulo sediasse a abertura da Copa do Mundo. Depois, a Serpal chegou a ensaiar parceria com a Odebretch para construção do Itaquerão, mas não houve acordo. Outra construtora que especulou ter apresentado proposta ao Corinthi

ans foi a Construcap.

A Ferreira Guedes é também outra empresa que propôs a construção de estádios no país mais em conta. A sugestão da empresa é o uso total de estrutura pré-moldada. De acordo com a Ferreira Guedes, para uma margem de tempo de obra por volta de dois anos, um estádio para 50 mil pessoas poderia custar cerca de R$ 300 milhões; e R$ 450 milhões para 70 mil torcedores.

Por fim, a WTorre, que está fazendo as obras do novo estádio do Palmeiras, mas não participa dos projetos das arenas que receberão jogos da Copa do Mundo, levantou dúvidas das iniciativas em andamento. As críticas foram concentradas na possível subutilização dos novos estádios.

Fonte: Estadão

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