Acidentes com redes no subsolo

Nesse ano um terrível acidente provocado por gás que se acumulou nas redes de esgotos dessa grande cidade mexicana, provocou um dos maiores acidentes do subsolo.

Nós temos chances de evitar esse tipo de ocorrência. Recentemente vitimamos duas pessoas em dois acidentes na Cidade de São Paulo e de Jundiaí a 60 quilômetros da Capital.

Milhares de quilômetros de redes de gás e de esgotos convivem já no nosso subsolo. A região metropolitana de São Paulo é tão grande ou maior que a da Cidade do México, mas não há melhor momento para discutirmos um plano de redução de riscos do que agora, já que será impossível assegurarmos risco zero, aqui, e no mundo todo.

A CGA Common Ground Alliance (www.commongroundalliance.com) nos EEUU tem como objetivo principal conseguir harmonizar o uso do subsolo, assim como foi tentado pelo CONVIAS, com o Marcos Romano há décadas, com a criação da COMISSÃO DE PREVENÇÃO DE DANOS.

Acabo de receber os números de 2019, no relatório conhecido como DIRT, e os números impressionam pela escalada permanente dos últimos anos, ou seja, numa das maiores nações do mundo, os acidentes com redes no subsolo, só aumentam. Vamos expor alguns gráficos daquela publicação para que passem a fazer parte das preocupações de todas as concessionárias de serviços públicos, que agora, com pelo menos dois marcos regulatórios (Gás e Saneamento) ampliarão os investimentos em construção de redes, e consequentemente os riscos de cruzamentos e acidentes, como mostra esta primeira tabela.

Este outro gráfico mostra que a maior fonte de acidentes vem da falta de localização das redes existentes no subsolo, seguidos pelas redes de gás natural.
Este outro mostra os milhares de acidentes por tipo de redes no subsolo, com um destaque para as redes de telecomunicações. Mas há que se destacar que todos os setores mostrados neste gráfico operam instalações por HDD, ou Perfuração Direcional do tipo MINI HDD, onde de forma quase unânime, seus atores entendem não ser necessário buscar a excelência, tratando uma perfuração, como “um furinho”. Tenho insistido em comparar tais construções com a cirurgia por laparoscopia, e imaginar se qualquer um de nós autorizaria um médico a inserir alguns cateteres no nosso abdômen, e em seguida caminhar por dentro dele, cortar, costurar, remover etc., sem um bom levantamento. Não há diferença, apenas um é um PACIENTE HUMANO e o outro é um PACIENTE URBANO.

Há na engenharia dos MÉTODOS NÃO DESTRUTIVOS, informações para procedimentos com a tecnologia (não a técnica como encaram muitos) que nos permite a redução de riscos. Não abram mão dessas ferramentas.

Sérgio A. Palazzo
Sérgio A. Palazzo

Engenheiro especialista em MND (Métodos não Destrutivos, fundador e Past Chairman da ABRATT Associação Brasileira de MND, e Past Co-Chair no Comitê Executivo da ISTT Internacional Society for Trenchless Technology, tradutor de algumas obras no setor, e responsável técnico por Cursos presenciais e on line.

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