À espera da China

Compartilhe esse conteúdo

Crescimento previsto em 2015 é de 5%; o mercado diz que o pior já passou

 

Tatiana Bertolim

 

O prolongado período de baixo crescimento brasileiro e a recuperação da economia mundial em ritmo mais lento que o esperado, fazem de 2014 mais um ano desafiador para os setores de mineração e siderurgia. Com preços contraídos e capacidade excedente, os dois segmentos contam com uma retomada só no próximo ano. 
 

“Estamos num momento de baixa de um ciclo que começou em 2000, entre outros motivos, com a urbanização da China”, afirma Marcelo Tunes, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). 

 

 

Agora, é novamente o gigantismo do mercado chinês que está desequilibrando o jogo — mas em sentido contrário. A desaceleração do gigante asiático tem reduzido a demanda por minério de ferro e aço. Ainda no front externo, Estados Unidos e Europa estão longe de demonstrar o vigor de outrora, mesmo já tendo deixado para trás o pior da crise. Do lado de cá, o ano encurtado pela Copa do Mundo e pelas eleições também pressiona o mercado interno. 

 

Os preços do minério de ferro têm se mantido abaixo de US$ 100 por t. Desde o início do ano, acumulam queda de 27%. Diante desse cenário, a expectativa do Ibram é que a produção mineral brasileira atinja, em 2014, um valor de US$ 43 bilhões, representando uma queda de 2,3% em relação ao ano passado e o pior desempenho desde 2010. 

 

A previsão de investimentos das mineradoras também está no patamar mais baixo em cinco anos, com previsão de US$ 53,7 bilhões em desembolsos até 2018. A agência de classificação de riscos Standard & Poor`s vê menor disposição de gigantes como Vale, BHP Billiton e Rio Tinto para investir neste ano. 

 

A boa notícia é que o pior já pode ter ficado para trás. Nas últimas semanas, os preços do minério de ferro também pararam de cair e têm se mantido estáveis. Para Marcelo, a desaceleração da economia chinesa já bateu no fundo do poço e, a tendência, daqui em diante, é de retomada da demanda, o que favorece diretamente os setores de mineração e siderurgia. 

 

“Tudo indica que daqui para a frente pode haver uma recuperação da China e melhora nos Estados Unidos e na Europa”, afirma o diretor do Ibram, embora ainda haja dúvidas no mercado sobre a intensidade da freada da China. Para ele, o Brasil tem uma vantagem em relação a outros países produtores que é um mercado interno grande. Com isso, a expectativa é que em 2015 a produção aumente em torno de 5%.

 

As mineradoras também vão entrar no próximo ano com questões em aberto. O novo código de mineração, costurado recentemente após anos de discussão, ainda não foi votado pelo Congresso Nacional. Nem há expectativa de que entre em pauta até dezembro. O temor é que em 2015, com um Legislativo renovado após as eleições, os parlamentares queiram rediscutir um texto que custou em se tornar consenso. “Agora, não se sabe como será”, diz Marcelo.

 

Siderurgia

Na siderurgia, a situação é ainda mais delicada. O excedente na oferta global de aço chega a 600 milhões de t. Executivos e governantes do mundo todo têm se debruçado sobre a questão para debater soluções. 

 

 

Em junho, representantes dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) se reuniram em Londres para discutir o assunto. No entanto, cortar a produção ainda é um tema que enfrenta resistências. 

 

Numa conferência sobre o tema realizada no início de junho em Moscou, Edwin Basson, diretor-geral da Worldsteel, associação mundial que reúne empresas do setor, destacou que a chave para a sustentabilidade das siderúrgicas nos próximos anos “está no foco em eficiência na transformação de matérias-primas em aço”. 

 

No Brasil, esse cenário é agravado por fatores que têm prejudicado a competitividade das companhias locais perante seus concorrentes internacionais. As importações têm aumentado e, com a taxa de câmbio atual, as empresas não conseguem exportar a produção.

 

 

A economia brasileira em marcha lenta fez estragos nos números do setor nos primeiros meses do ano. Conforme os dados mais recentes do Instituto Aço Brasil, as vendas de janeiro a maio no mercado interno recuaram 2% em relação ao mesmo período do ano passado, para 9,2 milhões de t. As exportações, por sua vez, recuaram 18% em volume e 7,9% em valor, ficando em US$ 2,4 bilhões nos primeiros cinco meses do exercício. Em contrapartida, as importações totalizaram pouco menos de 1,7 milhão de t, a um valor de US$ 1,8 bilhão (alta de 2,3%). 

 

A tendência é que a Copa do Mundo, com feriados e uma redução no ritmo de atividade, tenha ampliado essa queda nos meses de junho e julho. A expectativa das empresas é que haja alguma melhora neste segundo semestre. 

 

As companhias do setor começaram 2014 mais otimistas. Porém, foram reduzindo suas perspectivas à medida que a economia brasileira se mostrou mais fraca que o esperado e a recuperação dos países desenvolvidos ainda é lenta. 

 

Inicialmente, o Instituto Aço Brasil previa que as vendas de produtos siderúrgicos no mercado doméstico chegariam a 23,7 milhões de t neste ano, com alta de 4,1% em relação a 2013. A projeção para o consumo aparente era de 27,3 milhões de t, o que representaria crescimento de 3%. Entretanto, os números estão sob revisão. 

 

“A solução dos problemas da indústria brasileira do aço está no Brasil. A manutenção das assimetrias tributárias e o câmbio valorizado continuam a impedir que a indústria brasileira do aço volte a evidenciar sua alta competitividade estrutural. As assimetrias precisam ser corrigidas. Além disso, o mercado interno precisa crescer”, afirma Marco Pollo de Me
lo Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil. 

 

Para a entidade, a crise econômica internacional evidenciou a falta de competitividade brasileira e, corrigir essa situação exige uma série de medidas. Entre as propostas do instituto, estão a utilização de incentivos ao uso de conteúdo nacional pela indústria e a extinção de assimetrias tributárias que têm favorecido as importações. “Defesa comercial e melhoria da competitividade do setor são as principais medidas para fomentar o desenvolvimento do setor”, afirma marco Pollo. 

 

Também é preciso haver uma retomada dos investimentos. “O crescimento sustentado da indústria do aço no Brasil depende da elevação do nosso consumo per capita, que está estreitamente correlacionado com a elevação da taxa de investimentos da economia do país”, diz o executivo. 

 

Com eleições em outubro — fator que tem deixado muitas empresas em compasso de espera —, não se deve imaginar uma mudança significativa nesse cenário ainda em 2014. Uma retomada mais consistente na atividade interna não deve vir antes do próximo ano, e já há economistas prevendo que 2015 também será um ano difícil para a economia brasileira, com a necessidade de ajuste fiscal e de um controle mais forte sobre a inflação. 

 

Televisionamento 360º

Já está em uso no Brasil uma tecnologia de investigação do solo que garante mais segurança na realização de escavações. Chamada de Televisionamento 360º, a técnica permite que se investigue a rocha através de imagens obtidas das paredes de furos de sondagens, o que corta os custos de pesquisa em 30% e reduz o tempo despendido no processo em 50%, em comparação a outros métodos. O serviço é oferecido pela Alphageos Tecnologia Aplicada, uma empresa brasileira com sede em Barueri (SP).

 

A técnica é utilizada em uma das primeiras etapas de qualquer construção, a investigação geológico-geotécnica do subterrâneo da área de implantação do empreendimento, onde serão assentadas as fundações. O Televisionamento 360º permite entender o substrato geológico local, definindo o tamanho e a estrutura de eventuais maciços rochosos (incluindo fraturas e falhas), orientando a estratégia para obter uma amostra representativa e planejar a obra.

 

“Tudo pode ser captado e medido com exatidão, evidenciando riscos e colaborando para o desenvolvimento dos projetos de engenharia”, explica Ruy Thales Baillot, diretor da Alphageos.

 

A tecnologia já está em uso em obras de infraestrutura em curso no Brasil, como as Linhas 4 (Amarela), 5 (Lilás) e 15 (Branca) do Metrô de São Paulo (SP), a Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro (RJ), as usinas hidrelétricas de Jirau (RO), e Belo Monte, em Altamira (PA), além do Projeto Apolo, uma mina da Vale.

 

100 mil m de eletrocalhas

Cerca de 100 mil m de eletrocalhas foram fornecidas pela Mopa Indústria e Comércio na reforma do estádio Mineirão, utilizado na Copa do Mundo realizada no Brasil. O produto, do tipo Eletrofort, foi montado na arena pela Temon Técnica de Montagens e Construções.

 

 

As eletrocalhas, com designer exclusivo, permitiram a incorporação de vantagens técnicas e econômicas à reforma. Reforços longitudinais na base e nas laterais proporcionam maior capacidade de carga; dobras a 180º nas abas das calhas e nas tampas tornam as peças 100% seguras ao manuseio e integridade aos fios e cabos; tampas com encaixe em canal externo à eletrocalha, não necessitando de presilhas ou aparafusamento e, ao mesmo tempo, sendo extremamente eficaz, pois prende sob pressão sem interferir na área útil interna da eletrocalha.

 

Prédio metálico do britador

A Megatranz, empresa de transporte de cargas excepcionais e superpesadas, movimentou com sucesso prédio metálico britador Thyssenkrupp pesando 1.241 t para a Mineração Maracá, do grupo Yamana Gold, na mina Alto Horizonte, em Goiás. O equipamento possui dimensões excepcionais de 26,60 m de comprimento, 16,60 m de largura e 31,46 m de altura.

 

 

Por razões de segurança e ganho de produtividade, a Mineração Maracá optou por fazer a montagem do prédio do britador em um pátio independente, para não causar nenhuma interrupção nas operações do transporte de minério da mina.

 

 

Entre o local definido para a montagem do prédio do britador e o nicho onde houve o posicionamento final da carga, existia uma distância aproximada de 1 Km, com um desnível de 55 m entre eles, que representou no percurso um aclive com 8% no transporte.

 

A engenharia da Megatranz, em conjunto com a Mineração Maracá e a Thyssenkrupp, determinou a inclinação máxima da rampa de descida entre o local de montagem e o local do nicho, o peso máximo do prédio montado e a estrutura de apoio da carga sobre a carreta, viabilizando assim a logística e o transporte, que representaram um grande ganho de produção e de tempo para a mineradora, eliminando a interferência da montagem do prédio do britador e a produção diária da planta.

 

A equipe operacional da transportadora, após análise, executou o transporte com um conjunto transportador com 54 linhas de eixo, marca Scheuerle, divididos em três carretas modulares hidráulicas autopropelidas, com 18 linhas de eixos cada e 864 pneus.

Fonte: Revista O Empreiteiro


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário