A força das fronteiras e dos mercados regionais

Compartilhe esse conteúdo

Conforme matéria de capa de maio último (OE 519), da revista O Empreiteiro, o governo federal desembolsou, através de diversos ministérios, um volume de R$ 11,3 bilhões para pagamentos a construtoras e a outras empresas de engenharia, por obras e serviços licitados com valor acima de R$ 1,5 milhão em 2012. No mesmo período, os estados, o Distrito Federal e prefeituras realizaram 16.369 concorrências públicas para obras e serviços, que se tornam obrigatórias por lei quando o valor supera R$ 1,5 milhão.

Se considerarmos hipoteticamente que todas essas concorrências realizadas nos estados, DF e prefeituras tivessem piso no valor de R$ 1,5 milhão, essas obras e serviços teriam movimentado um total de R$ 24.553.500.000,00 — um índice 117% superior ao montante pago pelo governo federal em 2012.

Essa conta, embora hipotética, dá uma ideia clara do potencial representado pelos mercados regionais de obras públicas do ponto de vista estadual e municipal, cujo volume financeiro real pode ser muitas vezes superior. A eles se somam os empreendimentos privados típicos das fronteiras econômicas regionais, como a expansão contínua da mineração no Pará e Maranhão, e que vai receber uma planta gigante de celulose em Imperatriz (MA), já em fase final de montagem.

No Nordeste há uma profusão de indústrias diversificadas voltadas à exportação nos polos portuários do Pecém (CE) e Suape (PE), cujo número cresce ano após ano; prossegue a expansão do polo automotivo de Camaçari (BA), complementando a cadeia de fornecedores de componentes; fervilham de encomendas os estaleiros de construção naval desde o sul da Bahia até São Paulo e Rio de Janeiro, que trabalham para a indústria do petróleo e miram ansiosos o novo ciclo do pré-sal.

No Centro-Oeste, o agronegócio convive com projetos de mineração em Goiás e Mato Grosso, produzindo cobre, ouro e outros metais; surge uma retomada de exploração mineral no Vale do Ribeira, em São Paulo, e a concessão anunciada de aeroportos estaduais vai gerar novos negócios; a infindável descoberta de novos depósitos minerais em Minas Gerais impulsiona uma indústria que busca agregar maior valor aos produtos finais originários do subsolo.

Os portos de exportação na parte sudeste do País vão atravessar um ciclo de modernização com a chegada dos investimentos privados, consequência direta da nova Lei dos Portos; a transformação do Rio de Janeiro num polo cultural, na esteira da renovação urbana propiciada pela Copa 2014 e Olimpíada 2016, pode se materializar desde que o legado pós-jogos receba a merecida prioridade do governo e dos empreendedores privados.

O quadro mostra a dinâmica dos estados e cidades que buscam modernizar a infraestrutura local e atrair os empreendedores privados às fronteiras regionais, que a despeito do custo Brasil, da tributação massacrante, legislação trabalhista antiquada e logística de transporte precária vão desbravando mercados e gerando empregos, empurrando o PIB para cima. É o Brasil real que faz acontecer. (Joseph Young)

Fonte: Revista O Empreiteiro


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário