São R$ 5,6 bilhões de dinheiro público em jogo, por uma obra considerada vital, como indicou, em 2012, pesquisa da Fundação Dom Cabral com 259 empresas brasileiras (82% delas de grande porte), que incluíram o Rodoanel Norte entre as dez obras mais importantes do Brasil.
Agora, como bem geri-la, a fim de que seja entregue no prazo, com a qualidade exigida e sem gastos desnecessários? A diretoria de engenharia da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), responsável pela obra, terá uma equipe de apoio ao empreendimento que deverá somar, por lote, entre 150 e 200 engenheiros e técnicos (principalmente, da área civil, como técnicos de produção, de laboratório, de agrimensura, tanto no campo quando no escritório), ou entre 900 e 1.200 nos seis lotes do projeto. O objetivo é controlar a quantidade e a qualidade daquilo que está sendo feito, segundo o engenheiro Pedro da Silva, o diretor da área.
A gestão das obras do Rodoanel Norte será subdividida em três áreas: gerenciamento ambiental (relativa às boas práticas ambientais), gerenciamento social (realocação das famílias que precisarão ser removidas, para dar passagem à via; cadastro dessas pessoas; e pagamentos de compensações financeiras) e gerenciamento do empreendimento (gestão financeira, desapropriações, as obras de engenharia em si etc.).
Em cada lote, segundo o diretor da Dersa, haverá uma supervisão ambiental e uma supervisão técnica, com a elaboração de relatórios mensais. A primeira visa a saber se a construtora segue as normas ambientais especificadas em contrato. A segunda mede e monitora o avanço e a qualidade da execução dos serviços contratados, como terraplenagem, escavação de túnel e execução do pavimento.
Um sistema informatizado ajuda na tarefa de coordenar o empreendimento: o Sistema de Gerenciamento Rodoviário, conhecido como Sigero, desenvolvido pela própria Dersa. Reúne informações sobre o projeto e seu andamento, com dados complementados e atualizados pelos fiscais de campo. Pedro da Silva reconhece a importância de aprimorar esse monitoramento e espera tornar o sistema “mais ágil e mais integrado”. O Sigero começou no canteiro de obra, relembra ele, como ferramenta para a fiscalização local. Os dados coletados eram depois levados para o sistema geral, mas nunca houve, e ainda não há, a comunicação direta entre as partes. “Ainda estamos iniciando a integração, para o fiscal ter futuramente, no campo, todas as informações disponíveis.”
Pedro se diz convencido da essencialidade da tarefa de gestão para a conclusão do projeto no prazo e orçamento: “Serve justamente para mapear os gargalos da obra. No gerenciamento já vão se conhecendo quais os problemas e já vamos preparando uma saída, uma alternativa a eles”. Essa observação, aliás, nasce da constatação, em suas palavras, de que “obra é problema; se não tiver problema, não é obra”. Ele já espera, portanto, desafios condizentes com o tamanho dela: “Não existe a hipótese de começá-la e terminá-la sem problemas. Essa é uma obra de interesse nacional e logicamente que algum interesse local se acaba ferindo. Você acha que o cara que mora ao lado do Rodoanel queria a rodovia ali? Não queria, mas e os outros milhões de habitantes (de São Paulo)? O interesse social, da coletividade, que às vezes se sobrepõe ao interesse individual, é exatamente função do Estado garantir”.
O engenheiro sintetiza assim o objetivo geral do projeto, marcando com a mão, na ampla mesa de seu escritório, cada um dos pontos: “Ter a obra no preço que você contratou, no prazo que você contratou, com boa qualidade. Isto é a excelência que buscamos”.
(GA)
Fonte: Padrão