A cerimônia de premiação das Empresas de Engenharia do Ano divulgou as obras que elas vêm executando e difundiu as expectativas de empresários ali presentes de que o País continuará a buscar e a aplicar recursos em favor de seu programa de crescimento
A cerimônia em que foram premiadas a Galvão Engenharia (Construtora do Ano), Engevix (Projetista e Gerenciadora), UTC (Empresa de Montagem Industrial) e CDHU (Prêmio de Infraestrutura Social), ocorreu no Espaço Lisboa, em São Paulo (SP), com a presença de engenheiros, arquitetos, presidentes e representantes de entidades, dentre elas, o Clube de Engenharia (RJ), a Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) e a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea).
Joseph Young, diretor editorial da revista O Empreiteiro, que todos os anos seleciona e premia as empresas de engenharia de maior destaque em suas áreas de atuação, traçou o perfil de cada uma das premiadas. Em edição anterior da revista (OE 492), esse perfil já fora amplamente delineado.
Ele chamou a atenção exatamente para o fato de que, ao longo de sua trajetória, as empresas premiadas têm demonstrado "notável capacidade de gestão e visão de futuro". Salientou que essa qualidade deve ser o principal motivo para que as empresas de engenharia do País sejam convocadas e contratadas no tempo certo, a fim de garantir a execução dos programas, projetos e obras que devem assegurar o êxito da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016.
Seu entendimento é de que, caso elas não sejam convocadas e contratadas a tempo e considerando-se um rigoroso plano de gestão que unifique as diversas frentes de trabalho, poderá haver riscos no cronograma das obras e isso constituirá um grave prejuízo para a sociedade e para o legado que aqueles eventos precisam deixar em termos de melhorias, sobretudo na área da infraestrutura.
Os empresários ali presentes concordaram com a mensagem. Cristiano Kok, presidente da Engevix, disse, por exemplo, que uma das peculiaridades importantes da revista é mostrar as falhas da infraestrutura brasileira, reconhecendo, no entanto, " a capacidade `de nossa engenharia´ para resolver esses problemas, quando convocada para desenvolver e executar projetos e obras".
O engenheiro Guilherme Eutáquio Barbosa , representando o presidente da Galvão Engenharia, Jean Lüscher Castro e Ricardo Ribeiro Pessôa, presidente da UTC manifestaram-se na mesma linha de raciocínio. Seus representantes enfatizaram que estão acreditando nas amplas possibilidades do crescimento brasileiro e que as previsões para 2011 são as mais otimistas. A tal ponto, que um dirigente da Abemi salientou:
"Temos obras para os próximos dez ou 15 anos." Contudo, essa previsão otimista embute uma grave preocupação, disseminada entre os empresários que participaram da cerimônia: a necessidade da formação urgente de mão de obra para atendimento da demanda.
Prêmio Infraestrutura Social
O engenheiro João Abukater Neto, diretor executivo da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), agradeceu em nome do secretário Lair Krähenbühl, a premiação recebida e disse, em tom de despedida, que em sua gestão a empresa consolidou uma equipe técnica da maior capacidade. Seus votos foram de que o novo governo paulista dê sequência aos programas da CDHU, garantindo fluxo permanente de investimentos para habitação, adotando os padrões de qualidade que têm marcado a história da companhia, desde sua fundação.
Livro reúne a história de 18 profissionais
que estudaram na Poli
Presidentes de empresa, executivos de multinacionais, empreeendedores e até uma maestrina passaram pela faculdade nos últimos 75 anos
A Associação dos Engenheiros Politécnicos (AEP) resolveu contar em livro o caminho de sucesso de alguns colegas que se destacaram no mercado de trabalho durante as últimas sete décadas e meia. As entrevistas levaram 18 engenheiros formados na Escolha Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) a relatar suas experiências, participação em movimentos políticos, escolhas pessoais e profissionais.
A publicação é o resultado do trabalho elaborado pela AEP para celebrar seus 75 anos de existência. "O livro reúne experiências importantes. Infelizmente, deixamos muitas pessoas interessantes fora da publicação por questão de agendas", afirma Joaquim Filho, engenheiro civil e diretor-executivo da AEP.
O livro tem um depoimento de Henrique Meirelles (presidente do Banco Central no governo Lula, Bank Boston) e entrevistas com Antônio Carlos Motta Guimarães (Sygenta), Cássio Casseb (Morgan Stanley Brasil, Sadia e Grupo Pão de Açúcar), Flávio Del Nero (padarias Dona Deôla), Hugo Marques (Método Engenharia), José Sidnei Colombo Martini (Professor Titular de Engenharia da Computação e Prefeito do Campus USP), Júlio Capobianco (Grupo Construcap), Laércio Cosentino (Presidente da Totvs), Lígia Amadio (Regente OSUSP – USP), Luiz Gabriel Rico (Câmara Americana de Comércio), Marcelo TAS (Jornalista e Apresentador do CQC), Marco Bologna (TAM), Marcos Marinho Lutz (Cosan, CSN, Grupo Ultra), Pedro Wongtchowski (Ultrapar Participações S.A.), Plínio Assmann (Brain Engenharia), Romero Rodrigues (site BuscaPé), Rubens Ometto Silveira Mello (Cosan) e Sérgio Mindlin (Fundação Telefônica e Instituto Ethos).
Mesmo berço leva a caminhos variados
A diversidade de escolhas profissionais mostra o percurso vivenciado na universidade em distintos momentos históricos, como a Segunda Guerra Mundial, Estado Novo, Ditadura Militar e a bolha da internet. A diferença entre as datas de conclusão do curso dos entrevistados chega a 57 anos. A única mulher presente no livro é Ligia Amadio, que no último ano, descobriu a música como vocação, faculdade que fez após a graduação como engenheira.
Julio Capobianco, o mais antigo do curso que está no livro – formado em 1945 – seguiu firme na engenharia. Começou em canteiros de obras fazendo muros e tinha como capital: lápis, caneta, régua de cálculo e ousadia. Com ela e muito trabalho montou uma das dez maiores empresas do País. Ele revela: "Está no sangue. Até onde eu sei, minha família era formada por construtores, então eu queria ser engenheiro. Escolhi engenharia civil porque julguei que, naquele tempo, seria o curso mais amplo. Não queria ser um técnico, queria construir".
"O meu pai formou-se na Escola de Belas Artes e era construtor. Tinha uma grande
empresa. Menino, já ia com ele a escritórios de construtoras famosas nos fins de tardes quando geralmente se realizavam as reuniões. Ficava na sala de espera, vivia nesse meio. Nas minhas histórias de infância, me vejo sendo retirado de dentro do fosso de queima do cal ou sendo atropelado por um caminhão de material de construção. Vivi isso toda a vida, não me imagino em outra profissão."
Fonte: Estadão