A vitória da solidariedade na operação-resgate no Chile

A operação-resgate dos 33 mineiros na mina San José, a 622 m de profundidade no deserto de Atacama, Chile, é uma evidência da evolução da engenharia de minas e da apropriação que ela faz da moderna tecnologia dos equipamentos de perfuração. Mas, sobretudo, foi uma vitória da solidariedade.

O trabalho, um exercício de cuidados técnicos dos engenheiros na superfície e um exercício de paciência e de organização dos mineiros no subsolo, desenvolveu-se considerando o cálculo dos riscos etapa por etapa. Desde os estudos do perfil geológico local, o desenho para a perfuração em rocha rígida, a escolha do equipamento para a abertura do duto vertical de 66 centímetros de diâmetro, o revestimento de 56 m de trecho detectado como instável e a fabricação da cápsula apropriadamente batizada como Fênix.

Ao todo, foram 69 dias de espera por uma solução, que poderia prolongar-se até o Natal. Os cuidados técnicos prevaleceram sobre a ansiedade e a precipitação. Tanto é que os engenheiros não descartaram, em nenhum momento, a possibilidade de um plano B ou de um plano C, de emergência, para o êxito completo do resgate. Enquanto os trabalhos eram planejados na realizados na superfície, outro trabalho, talvez de igual dificuldade, desenvolvia-se no subsolo, a fim de que o estresse e o desespero não acabassem provocando conflito no contingente confinado.

Florencio Ávalos, um mineiro de 31 anos, foi o primeiro a emergir do duto, no acampamento também apropriadamente chamado de Esperança.

Apesar da presença, no local, do presidente do Chile, Sebastián Piñera, e de alguns dos principais membros de seu governo, a atenção internacional concentra-se na engenharia. A política ficou à margem, de plantão, esperando a vez. O êxito da operação-resgate é uma vitória da engenharia e, sobretudo, da solidariedade humana.

Fonte: Estadão

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