Há muitas variações sobre o tema. E, em alguns casos, ele desperta medo. As projeções que são feitas sobre a escassez futura – afinal rios, lagos, baías etc. estão sendo degradados pela poluição desbragada – é de deixar os pobres mortais de cabelo em pé e com o coração na mão. É como se a humanidade, em sua caminhada rumo aos aprimoramentos técnicos, cada vez mais sofisticados, fosse dar irremediavelmente num abismo.
E, com efeito, têm sido insatisfatórias todas as medidas para a preservação das fontes de água, produto, que deveria ser o mais facilmente disponível para todos, aqui ou alhures, compreendendo, com o alhures, as populações do Nordeste brasileiro e das regiões mais áridas da África.
Água é bem comum e, como tal, deve permanecer. Mas, tudo tem sido feito contra ela, que definitivamente não tem tido muita chance de escapar à ação dos predadores. Nas metrópoles, tratam de encolher os seus caminhos naturais e até de fazê-la desaparecer em algumas áreas. E, quando não são obstruídos os seus caminhos a céu aberto ou ao longo do subsolo, os administradores públicos não conseguem evitar que ela seja poluída e degrada.
As áreas de mananciais são colocadas sob o risco da imundície com as ocupações predatórias; os rios, a exemplo do Tietê, Pinheiros, Paraíba do Sul e tantos outros, incluindo o velho “Chico”, são bloqueados e se transformam, em algumas regiões, em canais de esgoto. E lagoas e braços marítimos estão sujeitos à mesma miséria provocada pelos “bípedes pedantes”.
E muito dinheiro é gasto sem que obras de estações de tratamento apareçam. É como se as obras destinadas a esse fim continuassem a ser um poço sem fundo, por onde volumes imensos de recursos desaparecem. Veja, a título de exemplo, o caso da baía de Guanabara.
O pior é que, por conta do medo futuro da escassez da água, há os que ameaçavam estados e até países com a chantagem da falta do produto. A gente acaba tendo medo dos que apregoam a escassez. Vocês imaginaram se a água, sendo um bem comum, acabe ficando nas mãos dos que ameaçam o mundo com a falta desse bem? É bom que reflitamos sobre isso hoje, Dia Mundial da Água.
(Comentário que publiquei na revista no dia 22 de março de 2006, Dia Mundial da Água. E que fica, aqui, válida o próximo dia 22 de março).
Fonte: Nildo Carlos Oliveira