Serão superiores a R$ 100 bilhões os investimentos previstos para obras nos estádios, aeroportos e na infraestrutura necessária (mobilidade urbana, metrôs, VLT´s e Rapid Bus Transit, nas 12 cidades-sedes onde se realizarão as competições da Copa do Mundo de 2014.
Há cidades com recursos demais e, outras, de menos
Encontro organizado pela Revista O Empreiteiro e pela Totvs, em SãoPaulo-SP, dia 28 de outubro último,contou com a presença de Luiz Fernando dos Santos Reis, presidente do Sindicato Nacional da Construção Pesada (Sinicon), que fez palestra sobre o principal tema da atualidade nos meios esportivos e empresariais, incluindo a engenharia: a Copa do Mundo de 2014.
Ele disse que o volume previsto de investimentos será empregado entre junho de 2010 e junho de 2014, correspondendo a R$ 25 bilhões por ano em um conjunto diferenciado de projetos e obras. Além daquelas obras imprescindíveis à estrutura logística, a rede hoteleira deverá ser ampliada prevendo-se a oferta de 86.500 leitos, o que vai significar a construção de 300 novos hotéis com 200 quartos cada nas cidades em que ocorrerão as competições. Alguns serão de cinco, mas a maioria, de três estrelas.
Falando a um grupo de convidados, executivos da Totvs e empresários da construção e de diferentes segmentos da engenharia – Luiz Fernando lembrou que até 2016, quando ocorrerá a Olimpíada no Rio de Janeiro, acontecerá mais um evento, além da Copa de 2014: as Olimpíadas Militares de 2011, também no Rio de Janeiro, que trarão para o Brasil esportistas do mundo todo.
As 12 cidades escolhidas para sediar os jogos – Brasília, Manaus, Salvador, Recife, Rio de Janeiro, Cuiabá, Fortaleza, Belo Horizonte, Natal, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre – receberão R$ 6 bilhões especificamente para obras de recuperação ou construção de arenas esportivas, com financiamento do BNDES. Para essas cidades, a expectativa é de que, no conjunto, sejam criados cerca de 20 mil empregos diretos. (Ver gráfico)
Quanto aos investimentos para infraestrutura, que somam R$ 90 bilhões, a expectativa é a de que sejam resolvidos, até a Copa, graves problemas de mobilidade urbana, com a conclusão de metrôs, projetos e obras de veículos leves sobre trilhos, os VLT´s, e os demais sistemas de transporte público de massa. Parte daqueles recursos deverá se aplicada na adequação viária que inclui acessos aos aeroportos, e à melhoria das redes de saneamento e abastecimento de água. (Ver gráfico)
Para as obras em aeroportos estão previstos recursos da ordem de R$ 9 bilhões, conforme valores por estado. (Ver gráfico).
A distribuição dos valores, tanto para obras de estádios quanto de infraestrutura e aeroportos, mostra discrepânciasque foram apontadas pelo palestrante. Em alguns casos há mais recursos previstos para arenas esportivas do que para infraestrutura, quando a lógica indicaria a inversão de prioridades. E há casos em que foram direcionados mais recursos para estádios situados em capitais distantes, cuja concentração de público será pontual, do que para aqueles estádios, localizados em maiores centros urbanos, onde o público costuma comparecer em massa, durante os campeonatos locais ou nacionais.
Perguntas que não calam
O presidente do Sinicon referiu-se, em sua abordagem, àquelas perguntas "que não querem calar". Algumas delas: Qual a origem dos recursos? Segundo ele, os recursos virão de algumas fontes: União (Lei de Diretrizes Orçamentárias, PAC e PAC da Copa), estados e municípios; Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que disponibilizará financiamento para infraestrutura e arenas esportivas, e recursos privados, a serem disponibilizados mediante PPP´s ou concessões, no caso de arenas esportivas ou serviços de infraestrutura, como o de saneamento.
O segmento da engenharia terá capacidade para atender às exigências previstas? – Luiz Fernando diz que sim, pois nos últimos anos, "fruto do aquecimento dos segmentos de petróleo e gás, mineração, siderurgia e papel e celulose, houve um forte reaquecimento setorial". Mais recentemente, segundo ele, ocorreu a aceleração de alguns projetos do PAC. "Com isso, atingimos, em 2008, um patamar de faturamento de mais de R$ 100 bilhões." Ele calcula que, com o desaquecimento que vem se verificando em alguns setores, as obras da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016 suprirão algumas lacunas. Serão, portanto, "bem vindas para manter o setor aquecido e o nível de emprego".
O setor público terá capacidade para planejar e fiscalizar os programas de obras previstas? – Segundo Luiz Fernando, esta é uma das grandes dúvidas que as empresas de engenharia terão pela frente, pois, até hoje, a capacidade de planejamento do setor público tem ficado muito aquém do mínimo desejado, e essa talvez seja "a mais crítica de todas as etapas". Ele adverte: para que as obras comecem em junho de 2010, o planejamento de mais longo prazo já deveria estar pronto. Resumindo: as obras já deveriam estar em fase de licitação.
Nesse cenário, como administrar as interferências dos órgãos de fiscalização externa (TCU , CE´s, MP´s etc?) – O palestrante deixou claro que, para isso, serão necessários projetos bem feitos, editais que retratem o objeto licitado e preços compatíveis com a realidade da obra e do local de sua realização. Estes são fatores que, segundo ele, evitarão drasticamente qualquer intervenção dos órgãos de fiscalização externa. "Com uma atuação proativa, ao invés de punitiva", disse ele, "serão evitadas paralisações que muitas vezes se mostram desnecessárias e podem prejudicar o cumprimento dos prazos".
Como acelerar os licenciamentos ambientais sem ferir as legislações? – Ele afirmou que, para obras com data fatal, como estádios e aeroportos, os licenciamentos já deveriam ter sido concedidos. Para tentar agilizar esse procedimento, talvez fosse recomendável a criação de um grupo executivo do Ministério do Meio Ambiente para tratar exclusivamente dos projetos nessa área, em regime de fast-track.
O legado final
Tanto o palestrante quanto os principais participantes que intervieram no encontro – Joseph Young, diretor editorial de O Empreiteiro, engenheiros e executivos da Totvs – reconheceram que o legado final das obras que deverão ser realizada
s para apoio e segurança tanto da Copa quanto da Olimpíada deverá ser a melhoria da qualidade de vida da população das cidades-sedes. Os jogos passarão, mas a população continuará. E deve continuar recebendo os benefícios que obras de mobilidade urbana, saneamento, segurança, educação e saúde devem lhes proporcionar.
O legado poderá, segundo Luiz Fernando dos Santos Reis, tornar-se um estímulo ao crescimento do turismo, da economia e da melhoria da imagem do Brasil no exterior.
A Totvs é empresa considerada líder na atividade de desenvolvimento e comercialização de software de gestão empresarial integrada e na prestação de serviços, inclusive no segmento de gestão de obras de engenharia.
Fonte: Estadão