José Sérgio Rocha – Rio de Janeiro (RJ)
Criada em 1975, como resultado da fusão de duas empresas de saneamento do antigo Estado da Guanabara e de uma terceira do antigo Estado do Rio de Janeiro, a Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae) responde pelo abastecimento de água de 9 milhões de usuários e atende, com sua rede de esgotamento sanitário, mais de 6 milhões de pessoas. O faturamento mensal, atualmente, é de R$ 318 milhões, o dobro ou triplo do lucro anual da empresa em 2005 ou 2006.
A empresa informa que tem contabilizado êxitos. Em 2009, por exemplo, lucrou cinco vezes mais do que em 2008, graças ao combate às fraudes das ligações clandestinas. Mas não concluiu as obras previstas no antigo Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), que consumiu grande quantidade de recursos obtidos, via empréstimos externos. O trabalho desenvolvido pela equipe do presidente da companhia, Wagner Victer, em Jacarepaguá e na Lagoa Rodrigo de Freitas, estariam surtindo, no entender do diretor de produção e operação, Jorge Luiz Ferreira Briard.
“O nosso planejamento estabeleceu como meta a ampliação da cobertura sanitária com vistas à universalização desse serviço, que é o objetivo de todos nós da área de saneamento. Os programas que tínhamos focavam muito na água e pouco no esgoto. Hoje, nos beneficiamos da colaboração entre os governos estadual, municipal e federal”, explica o engenheiro Jorge Briard.
A escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 leva a Cedae a estabelecer metas de saneamento. E o presidente da companhia garante que cumprirá os compromissos assumidos até 2014.
Entre os resultados que elenca nestes últimos anos, como parte do programa de despoluição, o diretor de produção e operação menciona o sistema de tratamento secundário, que hoje reduz em 98% as impurezas dos esgotos que chegam à baía. A capacidade da rede coletora foi ampliada para 2.500 l de esgotos por segundo, o que permitiu o aumento de 40% para 60% dos esgotos tratados no município do Rio de Janeiro. Até novembro de 2011, os investimentos previstos para o programa totalizaram R$ 1.572.676.554,62.
METAS E PRAZOS ANTECIPADOS
“Este grande programa teve muitos problemas ao longo dos anos, a partir de 1998/1999. O planejamento que fizemos permitiu sua retomada com foco nas unidades que não estavam em operação plena. Quem trafega pela Linha Vermelha, hoje vê a ETE Alegria, no Caju, que passou de 250 l por segundo de tratamento primário para 2.500 l por segundo de tratamento secundário, esgotando toda a bacia Centro-Tijuca”, diz o engenheiro Jorge Briard.
Neste começo de 2012 serão iniciadas as obras de ampliação, e até 2014 a estação Alegria deverá estar recebendo o esgoto de toda a região da Leopoldina (Manguinhos, Alemão, Inhaúma, Penha, Ramos e Bonsucesso), aumentando sua capacidade para 5 mil l por segundo. De acordo com Jorge Briard, “em prazo curto, vamos chegar a 7 mil l, talvez em 2014 mesmo, mas preferimos ser conservadores e trabalhar com a meta de 5 mil”.
Com a estação da Barra da Tijuca, os esgotos são lançados no emissário submarino da Barra. A ETE Barra hoje trata 1,4 mil l de esgotos por segundo, mas vai atingir em breve os 5,3 mil l, sua capacidade final – volume suficiente para atender ao desenvolvimento urbano da região nas próximas décadas. O Programa de Saneamento da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Jacarepaguá (PSBJ) recebeu R$ 600 milhões do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (formado pelos royalties do petróleo) para investir na conclusão da estação de tratamento.
Jorge Briard assegurou que, até o fim de 2012, a Barra terá 95% de todo o esgotamento sanitário drenado para a estação de tratamento primário: “Até a Olimpíada de 2016, vamos deixar esse legado de um sistema sanitário adequado na região, com tratamento de 100% do esgoto da Barra e do Recreio e 90% do esgoto de Jacarepaguá.”
OCUPAÇÃO ACELERADA
A rapidez nas obras não se deve apenas à Olimpíada, mas ao forte crescimento urbano esperado na Barra da Tijuca, Recreio, Vargem Grande e Vargem Pequena depois dos Jogos.
“O que mais preocupa na Barra e no Recreio hoje não é o que está construído. É o que tem ainda para construir e o que precisamos fazer a esse respeito. Quando sobrevoamos de helicóptero, constatamos que os vazios são enormes. E sabemos que aquilo tudo vai crescer logo, vai estar ocupado nos próximos 10 anos”, observa o técnico.
Na estação de tratamento da Pavuna, também construída com recursos do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, havia uma capacidade ociosa de 150 l/segundo. Em novembro, foi iniciada a implantação do tronco coletor e de novos coletores (que levam os esgotos das ligações domiciliares, reunindo-os nos dutos de maior porte) e a previsão da Cedae é de chegar ao fim de 2012 com 1 mil l/segundo e, até o fim de 2013, será atingida a capacidade plena de 1.500 l/segundo.
Pavuna e Sarapuí são estações iguais, com mesma capacidade e mesmas características. Outro projeto importante do PDBG é o da ilha de Paquetá. Um duto submarino bombeará todos os esgotos de Paquetá para a estação de tratamento de São Gonçalo. A previsão da obra é de um ano, mas a Cedae tem planos de antecipar essa inauguração para agosto de 2012.
Na Zona Sul, uma das principais realizações é o programa de reforma das elevatórias de esgotos que formam o cinturão da Lagoa Rodrigo de Freitas, eliminando boa quantidade de ligações clandestinas de esgoto. Isso tornou possível melhorar significativamente a qualidade da água da Lagoa, atendendo desde com bastante antecedência as exigências do Comitê Olímpico Internacional, pois os esportes aquáticos já estão liberados na Lagoa.
No que diz respeito ao abastecimento de água, o diretor de produção e operação da Cedae disse que hoje a produção é bastante estável. Nos últimos três anos, foram aplicados R$ 150 milhões no complexo de produção do Guandu, que hoje consta do Guiness como a maior estação de tratamento de água em produção contínua do mundo: 43 mil l/segundo, superando, por exemplo, a estação de Chicago, que produz 36 mil l/segundo.
Fonte: Padrão