Os Estados Unidos utilizam, do total da madeira tratada produzida no País, 75% dela em sistemas construtivos. No Brasil, esse índice cai para algo em torno de 10% – ou 1,5 milhão de m³, de acordo com a Associação Brasileira dos Preservadores de Madeira (ABPM). Para diminuir essa enorme diferença de uso do material, a entidade do setor fez esforços em duas direções.
A primeira foi a implementação do programa de autorregulamentação Qualitrat, que atesta a qualidade e a legalidade na produção da madeira, evitando assim o uso do produto de procedência desconhecida ou ilegal.
A outra foi a criação inédita das normas NBR 6232 (Penetração e retenção de preservativos em madeira tratada sob pressão) e NBR 16143 (Preservação de madeiras – sistema de categorias de uso) a partir de um grupo de trabalho na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As normas são importantes instrumentos de garantia ao usuário do desempenho da madeira tratada, estabelecendo parâmetros à construção civil para a utilização do produto.
A madeira tratada, produzida a partir de floresta plantada de eucalipto e pinus, é mais comumente utilizada no segmento rural (para cercas, por exemplo), ferrovias (como dormentes), setor elétrico (postes e cruzetas) e construção civil (principalmente estrutura de cobertura de edificação).
“O fator cultural é o maior motivo do pouco uso da madeira tratada na construção no País”, afirma Flavio C. Geraldo, presidente da ABPM. O executivo faz uma comparação do Brasil com os Estados Unidos para explicar o aspecto histórico: “Os filmes antigos de faroeste americano mostram a utilização ampla da madeira nas construções do passado. Era uma tradição que permaneceu”. Aqui, de acordo com ele, a madeira sempre foi objeto de exploração.
Criada em 1969, a ABPM conta com 45 associadas, sendo 28 usinas, dez indústrias e sete empresas que atuam na área de madeira tratada em autoclave, protegendo-a contra o apodrecimento, o cupim e outros agentes de deterioração.
(Augusto Diniz)
Fonte: Revista O Empreiteiro