Gabriele Jimenez
Com certa dificuldade e algum atraso de cronograma, as cidades-sede da Copa de 2014 começam a demonstrar que compreenderam a premissa de que, para sediar jogos, não basta ter estádios modernos. Além da reforma de suas arenas, Porto Alegre preparou um plano de melhoria de mobilidade urbana, com previsão de R$ 560,4 milhões em investimentos. Para suportar a alta demanda prevista com a chegada de torcedores e jornalistas do mundo todo, a prefeitura aposta em intervenções em grandes avenidas e na criação de corredores que deverão trazer mais eficácia ao transporte público. Há, no entanto, um porém: dos dez projetos anunciados, apenas três já têm algum trecho em execução. Mesmo assim, Urbano Schmitt, secretário municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico, é categórico: “Todas as obras estão dentro do prazo de conclusão e devem ficar prontas até dezembro de 2013”.
Entre as obras que integram a lista está a duplicação de 3,5 km da avenida Voluntários da Pátria (próximo ao Centro da cidade), no trecho entre a rua da Conceição e a avenida Sertório, em projeto que também prevê um novo terminal de ônibus na estação São Pedro, da Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre). A licitação se encontra em fase de conclusão. A avenida Severo Dullius, por sua vez, ganhará mais 2,4 km, ligando-se à avenida Assis Brasil, o que permitirá uma conexão mais rápida entre o aeroporto Salgado Filho, a região Nordeste da cidade e os municípios vizinhos de Cachoeirinha e Gravataí. O custo para o prolongamento é estimado em R$ 40,8 milhões. Apesar das obras já terem sido iniciadas no trecho 1, na rua Dona Alzira, o 2 ainda está em fase final de projeto.
Em outra frente, a avenida Edvaldo Pereira, também conhecida como avenida Beira-Rio, deverá ter 5,8 km de duplicação, o que irá melhorar o acesso à Zona Sul e ao estádio que sediará jogos da Copa do Mundo. A nova pista, com 9,5 m de largura, terá uma ciclovia de 2,5 m paralela ao lago Guaíba, um dos cartões-postais da cidade. Apesar de os trechos 1 e 2 já estarem em andamento, ainda há muito o que fazer para viabilizar a conclusão total da obra antes do Mundial. No início de março, a prefeitura divulgou que as empresas EPT Engenharia e Procon Construções venceram a licitação para a execução de parte do projeto, que é uma ponte sobre o arroio Dilúvio, de 80 m de extensão e que deverá ficar pronta em janeiro de 2013.
Já a duplicação de 5,3 km da avenida Tronco, que fará parte do anel viário em torno do estádio Beira-Rio, considerada pelo poder público como uma das obras de mobilidade mais relevantes entre as que estão sendo feitas para o Mundial, terá a execução de seu principal trecho a cargo do consórcio Guaíba/Brasília Pelotense e Toniollo Busnello. A previsão é de início dos trabalhos até o fim de abril. A obra prevê o reassentamento de 1,5 mil famílias, que deverão ser realocadas em edifícios construídos ao longo da via. O custo estimado é de R$ 139 milhões.
O entorno da rodoviária também deve ganhar reforços, com um projeto de R$ 21 milhões que engloba a construção de um viaduto ligando a avenida Júlio de Castilhos à avenida Castelo Branco e a instalação de uma estação de ônibus junto ao canteiro central, com término das obras previsto para setembro de 2013 – a licitação está em fase final.
Tendo em vista melhorar a eficiência do transporte público, os gestores se preparam para investir R$ 14,4 milhões na implantação de um sistema de monitoramento em tempo real para gerir a trafegabilidade das avenidas Tronco, Parque Cacique e Terceira Perimetral, na Zona Sul da cidade. A ideia é não apenas diminuir o tempo de espera nos pontos, mas também reduzir a duração dos trajetos. Isso será feito porque as avenidas Protásio Alves, Bento Gonçalves e João Pessoa irão ganhar corredores exclusivos para ônibus, no modelo BRT – Bus Rapid Transit. Na primeira, os corredores atuais serão adaptados para a criação de 11 estações, obra que terá custo estimado de R$ 55,8 milhões. O projeto para a Bento Gonçalves, com custo estimado de R$ 24,2 milhões e extensão de 9,4 km, compreende duas novas estações, Azenha e Antônio Carvalho. Ambas as obras começaram a ser executadas em meados de março pelas empresas Sultepa Construções e Comércio e Conpasul. Na João Pessoa, cuja licitação ainda não foi concluída, serão 3,2 km de vias levando ao centro, e os investimentos chegarão a R$ 32,5 milhões.
Na avenida Terceira Perimetral, dois viadutos e três passagens de níveis devem desafogar o trânsito e facilitar o acesso ao aeroporto, à avenida Castelo Branco, e à BR-290. A conclusão dessas obras, que devem necessitar de R$ 120,4 milhões em investimentos, está prevista para dezembro de 2013.
Com pouca coisa já executada, o andamento das obras é preocupante. Mas, estejam elas prontas a tempo para a Copa ou não, uma coisa é certa: quando estiverem concluídas, os porto-alegrenses terão muito a comemorar. “O legado da Copa terá viabilizado obras que são sonhos nossos há muitos anos, mas não eram executadas por falta de recursos”, diz Schmitt.
Fonte: Padrão