Aumento populacional já provoca impacto em Altamira

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A Usina Hidrelétrica de Belo Monte, terceira maior hidrelétrica do mundo e a segunda do Brasil em geração de energia (a primeira é Itaipu), está em construção no rio Xingu e abrange 11 municípios em seu entorno. Altamira é um deles. Ele é o maior município brasileiro em superfície (159.533 Km²) e a área mais influenciada pela obra da usina.


Polo de comércio e serviços da região amazônica, o município se localiza no centro do estado do Pará até a divisa com o Mato Grosso. Às margens do rio Xingu, a região foi colonizada na década de 70 por migrantes oriundos de todas as regiões do Brasil, mas principalmente do Nordeste.

*Município às margens do rio Xingu, Altamira é o que mais sofreinfluência da construção de Belo Monte

Altamira passa agora por uma nova fase. A recente migração de interessados em busca de emprego e de empreendedores que planejam investimentos decorrentes da construção da usina têm feito a população crescer substancialmente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o município tem 99 mil habitantes, mas os dados da prefeitura indicam cerca de 140 mil moradores. A prefeita Odileida Sampaio (PSDB) acredita que este número se deve à hidrelétrica. A oferta de emprego traz gente de todo o Brasil em busca de trabalho. Este aumento populacional, por outro lado, trouxe sérios problemas ao município, que conta com pouca infraestrutura nas áreas de saúde, educação e saneamento básico.

A cidade não tem sistema de esgoto e menos de 20% da população possui acesso ao abastecimento de água. Segundo a prefeita, esta água também não é de qualidade. “Agora que está sendo feita uma revitalização da rede, para que chegue água potável à população”, afirma. Entre as condicionantes impostas pelo Plano Básico Ambiental (PBA) da UHE Belo Monte, de responsabilidade da empresa Norte Energia, está a construção de 100% do sistema de esgoto e abastecimento de água no município. A obra ainda não começou, mas a estimativa da empresa é que seja concluída até julho de 2014.

“Altamira não tem sistema de esgoto e menos de 20% da população tem acesso ao abastecimento de água”

Na educação a falta de vagas nas escolas é o problema. A Norte Energia programou a construção, ampliação e reforma de escolas, mas a prefeita reclama do atraso para entrega destas obras. “A primeira escola será entregue só agora”, conta Odileida.

Preços sobem

O sistema de saúde público é precário, faltam leitos, equipamentos e pessoas qualificadas para atenderem esta nova demanda. O Hospital Municipal São Rafael recebe pacientes de toda a região e com o inchaço populacional em Altamira está difícil conseguir um atendimento. A própria prefeita confidenciou que existem pacientes com fraturas que chegam a esperar até dois meses para fazer cirurgia, pois faltam leitos para internação.

Até clínicas de saúde privadas não conseguem atender a demanda, deixando pacientes esperarem por mais de quatro horas pela consulta. No PBA consta a construção, reforma e ampliação de unidades de saúde e a construção de um hospital com 100 leitos. O Bairro Bela Vista já foi beneficiado com uma nova Unidade de Saúde, entregue pela Norte Energia à prefeitura em janeiro deste ano, com capacidade para atender 3.500 pessoas. Até maio deste ano, a Norte Energia investiu em Altamira quase R$ 76 milhões em saúde, educação e segurança pública.

Além de Altamira, outros dez municípios (Vitória do Xingu, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio, Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz e Uruará) recebem da Norte Energia investimentos em ações compensatórias. Até maio deste ano foram gastos R$ 190 milhões em obras, veículos, barcos, equipamentos, materiais e pessoal (capacitação e contratação).

O problema que mais afeta a população altamirense são os preços, que não param de subir. Com a economia da cidade superaquecida com a vinda de moradores com maior poder aquisitivo, os preços de produtos básicos crescem a cada dia. O que mais pesa no bolso do altamirense é o aluguel de imóveis. Uma residência que antes custava R$ 500 hoje ultrapassa os R$ 2 mil e, na maioria das vezes, com contrato de apenas seis meses, quando os proprietários reajustam os valores a cada renovação. Bom para os proprietários, que aumentaram sua renda, mas péssimo para quem continua com o mesmo salário e vê suas contas crescerem a cada dia.

A rodovia Transamazônica, que corta o município de leste a oeste, é a única via terrestre que liga Altamira a outras grandes cidades (Santarém, Marabá e Belém). No período chuvoso é quase impossível trafegar pela rodovia e o resultado é perceptível nas gôndolas dos mercados, quando os produtos terminam e demoram até dois meses para ser repostos. Esta demora e distância fazem com que os produtos cheguem ao município com um valor maior que a maioria das regiões brasileiras. Um pequeno trecho que liga Altamira a Belo Monte, em Vitória do Xingu (PA), já tem a pavimentação concluída, faltando apenas a sinalização da via. Produtos emergenciais como medicamentos são enviados ao município através de balsa que sai de Belém e ancora três dias depois no porto de Vitória do Xingu (município onde está sendo construída a usina de Belo Monte; a hidrelétrica fica a cerca de 50 km de Altamira, pela Transamazônica).


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