Belo Monte, de novo

O Consórcio Norte Energia quer abrir espaços no sítio da obra, para as instalações dos canteiros. É necessário que até novembro próximo consiga levar para as margens do rio Xingu os primeiros equipamentos e máquinas e os primeiros contingentes de trabalhadores a fim de iniciar a construção da usina.

O ideal seria que tudo pudesse ser feito sem qualquer interferência na natureza. Mas seja qual for a estratégia de logística a ser adotada, as empreiteiras do consórcio terão de abrir estradas de acesso e, por mais cuidadosos que sejam esses trabalhos, o entorno da obra receberá o impacto da interferência.

A obra é polêmica desde a sua concepção. E continuará assim até depois que seja concluída e colocada em operação. Até aqui, o projeto original foi objeto de alterações profundas, a ponto de ser considerado um simulacro do que fora no nascedouro. Tudo por conta da consciência ambiental despertada na sociedade e que passou a integrar os procedimentos da burocracia do governo.

A polêmica agora se refere ao argumento, do Ministério Público do Pará, de que os responsáveis pela obra estariam fracionando a licença de instalação, quando deveriam contar com uma autorização especifica prévia para começar a montagem dos canteiros. E assim, de problema em problema, a obra irá se arrastando. A impressão, contudo, é de que os problemas maiores ainda não começaram a ser enfrentados.

Vargas Llosa, Prêmio Nobel

O prêmio tem essa peculiaridade. Instiga-nos a observar a obra do premiado, talvez sob outra luz. Mario Vargas Llosa, vencedor do Nobel de Literatura deste ano, é dono de uma obra vasta e diversificada: Quem matou Palomino Molero? Peixe na água (memórias), O Paraíso na outra esquina, A cidade e cachorros e assim, por diante. Forte nos diálogos, preciso nas colocações históricas e honesto na fabulação. Ele próprio resume a arte de seu fazer literário: “… usar uma experiência pessoal como ponto de partida para a fantasia; empregar uma forma que finge ser realista mediante detalhes geográficos e urbanos precisos; uma objetividade obtida através de diálogos e descrições feitas a partir de um ponto de vista impessoal, apagando os traços de autoria e, por um último, uma atitude crítica em relação a determinada problemática que é o contexto ou horizonte do entrecho”.

Fonte: Estadão

Deixe um comentário