Bioo, startup fruto da sociedade entre a EB Capital e a Sebigas Cótica, pretende usar resíduos de proteína animal de indústrias para produzir biometano e fertilizantes. Na maioria dos casos, esses dejetos são descartados em aterros sanitários ou composteiras.
De acordo com a Bioo, indústrias de proteína animal produzem grandes quantidades de resíduos e pagam, em média, R$ 90 por tonelada para dar destino a eles. A startup promete reduzir esse custo em 30% por tonelada, pois consegue ganhar a diferença na ponta final da cadeia, com a geração de biogás.
O material coletado pela Bioo é transformado em biometano, que pode ser injetado diretamente em gasodutos ou ser vendido para empresas que consomem gás natural, ou convertido em gás carbônico de grau alimentício, usado na gaseificação de água e refrigerante e na indústria de soldagem.
No processo, a Bioo poderá ter ainda um terceiro produto para vender, que é o fertilizante, um mercado promissor no País, uma vez que mais de 80% do que é consumido vem do exterior.
O projeto também gera créditos de carbono, estimados em uma taxa interna de retorno anual próxima de 30%.
Sebigas Cótica já tem experiência técnica para esse tipo de projeto – está ajudando a Raízen no desenvolvimento de plantas de biogás a partir da vinhaça. Já a EB Capital lidera o investimento na Bioo, que deve receber cerca de R$ 600 milhões até 2025. Metade desse valor deve vir do fundo de participação da EB e o restante de financiamento no mercado.
A primeira planta de tratamento de resíduos e produção de gás ficará em Triunfo, no Rio Grande do Sul, em fase de licenciamento para instalação. A Região Sul concentra várias indústrias de proteína animal e é onde se localiza o polo petroquímico do Rio Grande do Sul, consumidor de gás carbônico.
Na primeira usina, a empresa terá capacidade de tratamento de mais de 600 toneladas/dia de resíduo, com produção diária de 30 mil m3 de biometano, 40 toneladas de CO2 alimentício e 120 toneladas de fertilizantes. As outras usinas da Bioo devem ser instaladas também no Sul ou no Centro-Oeste, onde também há grande concentração de plantas de proteína animal.