Cerca de R$ 2,5 bi e novas tecnologias são investidos em saneamento no Rio

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Presente em 39 municípios de diferentes Estados, onde atende mais de 7 milhões de pessoas, a Iguá Saneamento tem investido em novas tecnologias para antecipar metas de univesalização dos serviços de saneamento básico. No Rio de Janeiro, ela ficou com a concessão da região oeste da capital, que inclui Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Jacarepaguá e adjacências e as cidades de Miguel Pereira e Paty de Alferes.

Nos últimos anos, cerca de R$ 2,5 bilhões foram investidos em suas áreas de concessão. Entre as novidades aplicadas pela companhia, está uma nova forma de implantar as estações de tratamento de esgoto (ETE). Ao invés de construir a estação toda de uma só vez, dimensionada para atendimento de toda a demanda futura, a empresa ergue módulos na medida da necessidade da região a ser atendida, como explica Péricles Weber, diretor de Operações da Iguá Saneamento. “Do ponto de visa da engenharia, trouxemos o conceito de trabalhar em um sistema tipo plug&play.

Ou seja, deixamos de fazer aquelas estações de tratamento de grande porte, dimensionadas já para o final do plano, mas que leva muito tempo para construir e geram impacto ambiental muito maior, para criar sistemas compactos e modula res, em que se consegue construir muito mais rápido e na medida que a população precisa naquele momento”, destaca o executivo. Segundo ele, além de atender a demanda da população de forma mais rápida, a empresa não precisa aportar grande quantidade de capital logo de início.

 Esse sistema tem a vantagem adicional de apresentar boa flexibilidade, pois é possível aumentar rapidamente a produção na medida da demanda exigida. “A utilização desse sistema em Paranaguá (PR) economizou um ano de obra. Tínhamos que fazer no município uma estação que operasse a 160 litros por segundo. Então fizemos o primeiro módulo de 80 l/s e, na medida em que fosse crescendo, iríamos completando até a estação dobrar de tamanho. Existem módulos que variam de 50, 100, 200 l/s, depende da tecnologia. Preciso de seis a oito meses para desenvolver outro módulo.

Tendo a licença ambiental, basta fazer a contratação. A unidade é construída na indústria e vem pronta para nós. É montada por quem produziu no local onde ela vai ficar. Em cerca de quatro meses eles fazem a montagem do novo módulo. Assim, em um período de oito a dez meses, considerando o licenciamento ambiental, eu consigo dobrar a capacidade da ETE. Por isso que eu chamo o sistema de plug&play”, assinala o diretor.

No sistema tradicional, é feita a construção da estação completa logo de início. “Quando fosse utilizada efetivamente toda sua capacidade, ela já estaria obsoleta e seria preciso fazer a renovação do ativo. Modernizar com novos equipamentos se gasta muito mais para fazer o mesmo serviço. Sem contar que, ao longo dos anos, a tecnologia muda, há equipamentos que permitem melhor desempenho, menor consumo de energia, outros produtos químicos são desenvolvidos e o impacto ambiental é reduzido”, esclarece Weber. Esse sistema ajudou também a alavancar as obras em Cuiabá. A capital de Mato Grosso foi a primeira concessão da Iguá, em 2017, ano de sua fundação. Segundo Weber, a cidade tinha problemas graves no abastecimento de água. A empresa investiu mais de R$ 1 bilhão para melhorar o serviço. Foram implantados 100 km de redes de água, que permitiram alcançar cobertura total do município. No que se refere ao esgotamento sanitário doméstico, a cidade saiu de 53% para os atuais 91% de cobertura. “Em cinco anos, a cidade atingiu a universalização do serviço de água e esgoto. Além disso, vale reforçar a redução de 14 toneladas por dia de carga poluidora. Segundo o Instituto Trata Brasil, Cuiabá saltou da 55ª para a 32ª colocação entre os 100 maiores municípios brasileiros que mais investiram em saneamento básico em 2023”, salienta Weber. RIO DE JANEIRO É O GRANDE DESAFIO Em 2021, a Iguá ganhou a licitação do Bloco 2 do Rio de Janeiro, que corresponde à zona oeste da capital, além dos municípios de Minguel Pereira e Paty de Alferes. “Começamos a operar em fevereiro de 2022 como o objetivo de fazer crescer a cobertura de esgoto e sedimentar o abastecimento de água na região da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Jacarepaguá e bairros e comunidades próximos, contemplando 1,2 milhão de pessoas”, revela Weber.

O programa se inicia com o aumento da cobertura de esgoto. “No primeiro ano, investimos R$ 100 milhões na melhoria operacional das estações elevatórias para garantir que todo o esgoto coletado chegue à ETE Barra, que já existia e estamos ampliando e modernizado (a ETE tem contrato de R$ 150 milhões para isso). Mas o principal desafio é a questão da despoluição do complexo lagunar da Barra da Tijuca. Hoje todo o esgoto não coletado ou coletado e não tratado impacta consideravelmente o meio ambiente do conjunto de lagoas da região”, diz o executivo. Complexo lagunar é um conjunto de lagoas interligadas, formado pela deposição de sedimentos em áreas de baixa altitude, como vales e planícies. Ele é importante para a biodiversidade, pois fornece habitat para uma variedade de plantas e animais e também pode ajudar a regular o fluxo de água e a mitigar os efeitos das enchentes.

O diretor da Iguá revela que a empresa tem três grandes projetos, que serão tocados concomitantemente, para despoluir o complexo lagunar da Barra da Tijuca. O primeiro deles é o desassoreamento do complexo. Há ali uma grande área de lagoas próxima à praia que recebe o esgoto bruto oriundo dos rios e córregos que drenam a região norte do complexo e pelo esgoto coletado em prédios, condomínios e residências, mas que não é tratado corretamente. “Devemos investir R$ 250 milhões em um período de três anos para concluir o projeto de desassoreamento. Entre 2022 e 2023, foi desenvolvido o projeto e realizado o licenciando. Agora estamos prontos para iniciar as obras. As balsas já estão chegando e sendo montadas, para em março iniciarmos os trabalhos”, revela Weber.

Ele destaca, ainda, que será desenvolvido ali um projeto bastante significativo e muito diferente do convencional em saneamento. “Vamos tirar todo o lodo que se depositou no complexo proveniente do material não tratado ao longo dos anos. Com isso, conseguiremos melhorar significativamente a qualidade hídrica do complexo lagunar.” O lodo retirado das lagoas é reintroduzido nas cavas existentes no fundo do próprio complexo lagunar.

É feito um estudo de batimetria, em que se determina de onde retirar o material e onde se encontram as cavas. O sistema é complementado por estruturas de retenção que são implantadas no fundo das lagoas. “Com isso, evita-se impacto ambiental considerável com a movimentação de caminhões na região e nos aterros sanitários que receberiam esses resíduos, reduzindo sua vida útil”, esclarece Weber. “Como o esgoto que chega ao complexo lagunar é composto de matéria orgânica e não é tóxico, mesmo aquele que vem bruto, não há risco de metais pesados ou produtos químicos comprometerem a flora e fauna da região”, completa.

REEQUILÍBRIO AMBIENTAL

 Em um sistema equilibrado, a matéria orgânica encontrada nas lagoas vira alimento para peixes e outros animais. O problema é quanto ocorre um desequilíbrio e chega matéria orgânica demais, diminuindo a quantidade de oxigênio na água. Quando isso ocorre, as espécies mais sensíveis morrem. Além disso, as bactérias que não utilizam oxigênio começam a agir e surgem aquelas bolhas típicas de pântanos, com cheiro de enxofre, que é o produto das bactérias. Assim, vai se formando um lodo mineralizado, já digerido pelas bactérias e que se acumula no fundo da lagoa. “Quando se remove esse material, há uma maior circulação da água do mar, que entra no complexo lagunar quando a maré está alta e sai na maré baixa, oxigenando toda a região. Com isso, ele permite novamente ter vida e consequentemente a fauna reaparece”, pontua Weber. O diretor da Iguá destaca, ainda, que previamente ao desassoreamento está sendo feita a remoção do lixo que também polui o complexo. “Impressiona a quantidade de sofás, móveis e outros materiais lançados no lagunar. O primeiro passo é a remoção de todo esse material grosseiro e lixo, recuperando o mangue, que tem uma importância fundamental para recuperação de toda a fauna e flora da região. Depois da remoção do entulho, construímos cercas para que esse lixo não volte novamente para o mangue.

Além disso, começamos a plantar espécies nativas na região. São quase 50 mil mudas de plantio. Ao longo do tempo, naturalmente, o próprio complexo lagunar pode ser alimentado por esse material”, explica o executivo. No projeto 2 está prevista a construção de coletores de tempo seco (CTS), que são sistemas que coletam o esgoto e a água de chuva. Ele vai fazer toda a drenagem de Cidade de Deus, Rio das Pedras e comunidades à montante do complexo, que hoje não têm sistema de coleta de esgoto, além dos rios e córregos que deságuam brutos no complexo. “Ao mesmo tempo em que estaremos desassoreando o complexo lagunar, iremos investir nos próximos cinco anos R$ 125 milhões em obras e na construção dos CTS. Dois deles já começaram a ser feitos. Estamos trabalhando para antecipar as obras, a fim de que elas coincidam com os três anos da limpeza do lagunar.

Assim, é feita a limpeza do complexo ao mesmo tempo em que esgoto bruto não deságue mais ali”, afirma o diretor da Iguá. O projeto 3 é o conjunto de obras que serão feitas nas áreas irregulares (ocupações e invasões que não estão formalizadas pela Prefeitura). Para essa etapa a empresa separou R$ 305 milhões, visando melhorar o sistema de abastecimento de água e esgoto dessas comunidades. “Ao mesmo tempo em que vamos aumentando gradativamente a coleta de esgoto da região, ele passa a ser tratado na nova ETE e depois é lançado, por meio do emissário, a 5 km da costa sem nenhum tipo de impacto ambiental”, garante Weber. Com a limpeza do complexo e a drenagem dos esgotos brutos, continua o executivo, “acreditamos que entre cinco anos (quando acaba o período dos CTS) e 11 anos (prazo para realizar todas as obras nas áreas irregulares), a condição de saneamento da Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Cidade de Deus, Gardênia, Recreio, mudará radicalmente.

 Tudo isso vai transformar a região do ponto de vista ambiental e social, fazendo com que melhore consideravelmente a qualidade de vida das pessoas”. O projeto de saneamento prevê contrapartidas. Nas áreas regulares, onde não existem serão implantados hidrômetros. Inclusive nas áreas mais carentes, que terão o benefício da tarifa social. Já nas áreas irregulares, está sendo tratado com a agência reguladora do governo do Rio de Janeiro, qual será a abordagem. “Há um ponto importante da hidrometração que não é apenas a questão do faturamento, mas sim o monitoramento da perda da água. Hoje temos perdas altíssimas na região. Precisamos ter um controle disso, porque senão não há água suficiente para abastecer a Região Metropolitano do Rio, que é assistida por um único sistema, o Guandu. Então estamos aplicando metas bastante duras de redução de perdas, começamos a fazer isso em 2023 na região”, relata Weber. O executivo destaca que novas tecnologias têm ajudado no trabalho de combate às perdas, principalmente em relação às fraudes.

Em parceria com startups, a empresa criou a Flux, empresa que é responsável por sistema de medição inteligente. “Hoje, 40% do volume de água produzido pela Iguá já é micromedido usando HDs inteligentes. Ou seja eu consigo fazer medições remotas e não preciso ter um leitorista na casa do cliente. Faço essa leitura à distância”, diz o diretor da Iguá. O sistema permite também fazer a suspensão do fornecimento de água remotamente. Ou seja, no caso da inadimplência ou fraude, não é preciso ir até a casa do cliente efetuar um corte no ramal, isso é feito eletronicamente. Ao mesmo tempo, é possível fazer o pagamento por cartão e, em breve, por pix, caso o cliente queira acertar a conta atrasada. “Nossa intenção é facilitar, porque suspender não é bom para o usuário, nem para a companhia. Queremos ter um cliente satisfeito, adimplente e pagando um preço justo. São formas de usar tecnologia para gerar um benefício social nessas abordagens”, conclui Weber.


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