Em entrevista à revista O Empreiteiro, o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental de São Paulo (ABES- SP), o engenheiro Luiz Roberto Gravina Pladevall, lembrou das previsões orçamentárias e preocupações para o saneamento nos últimos anos. Para ele, devido ao Marco Legal de Saneamento, que exige a universalização no abastecimento de água e tratamento de esgoto até 2033, o nível de investimentos em saneamento deve mais que dobrar, e também exigir o cumprimento e qualidade na execução das obras. “Pela nova legislação do Marco, a expectativa é que o setor deve atrair mais de R$ 700 bilhões.
No entanto, comparando alguns exemplos, como o caso da Sabesp, que com o programa de privatização estima atingir a universalização até 2029, anunciam já cerca de R$ 70 bilhões em cinco anos. Ou seja, só a Sabesp investirá R$ 14 bilhões por ano em obras de saneamento”, argumentou Pladevall. “Isso sem contar que, não serão expansões somente em tecnologias, como é o caso dos Métodos Não Destrutivos (MND), mas a busca pelo aumento no número de Estações de Tratamento, obras e serviços em geral, também tendem a crescer”.
Sobre o uso do MND, que já é uma realidade no país, o presidente da ABES ressaltou que já são utilizados até mesmo em outras obras, além do saneamento. “O principal benefício desses métodos é o menor impacto, por ter menos intervenção, por isso é uma solução de suma importância em áreas urbanas. Por exemplo, em São Paulo, já é proibido executar obras por meio de valas. No Rio, existem vários casos que utilizaram MND. Imaginem abrir uma vala em Copacabana, em frente à praia?”, comentou Gravina. “A solução por ser mais rápida e ter menos riscos, está sendo utilizada em obras de gás, telefonia, fibra ótica entre outras.
Na execução do Novo Rio Pinheiros, por exemplo, todos os envolvidos utilizaram métodos não destrutivos. Esse será o futuro e deverá ser usado em larga escala para a universalização”, estima o presidente. Apesar dos avanços, Luiz Gravina lembra que o saneamento ainda há muito que melhorar na execução das obras. Em 2023, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), divulgou o estudo “Obras Paralisadas no Brasil: Diagnóstico e Propostas”, onde constatou, com dados do Tribunal de Contas da União (TCU), que de mais de 8 mil obras estavam paralisadas no país, dentre elas, 404 eram de saneamento básico. “Precisamos de regulação para que as obras realmente atendam as necessidades da população e destaquem a importância da qualidade na execução.
Às vezes, o ativo instalado na correria, pode ser feito com baixa qualidade, podendo ocasionar um problema para daqui 5 ou 10 anos, sem fiscalização ou controle tecnológico. Eu, na visão de engenheiro e há 40 anos trabalhando na área, me preocupo com essa pressa. Porque a universalização precisa vir e ser cumprida, mas com uma entrega de ativos de qualidade”, concluiu o presidente.