Os desafios à necessidade elevada de investimento em infraestrutura em Chicago (EUA) vão ser enfrentados com uma estratégia: a atuação de uma entidade sem fins lucrativos dedicada a captar dinheiro privado para projetos públicos.
Ela se chama Chicago Infrastructure Trust, foi idealizada pela prefeitura de Chicago, aprovada pela Câmara municipal e começou a trabalhar em agosto. “Nada é mais crucial para nossa competitividade de longo prazo e criação de emprego do que a infraestrutura”, justificou o prefeito Rahm Emanuel, do Partido Democrata, na apresentação do projeto. “O Chicago Infrastructure Trust trará fontes adicionais para estimular o investimento privado e público em nossa infraestrutura, criar milhares de empregos para a população local e assegurar que nossos habitantes tenham uma qualidade de vida de primeiro mundo.” Os desafios infraestruturais têm o tamanho da cidade: Chicago é a terceira mais populosa dos Estados Unidos, com quase 3 milhões de habitantes, e em sua região metropolitana vivem 9,5 milhões de pessoas.
A nova entidade terá a função de atrair interessados em financiar projetos definidos pelo município e negociar as condições dos empréstimos (taxas, prazos etc.) e possíveis contrapartidas. Na prática, trata-se do acerto de parcerias público-privadas (PPPs).
A prefeitura acredita que a liberdade de ação dada ao Chicago Infrastructure Trust confira mais credibilidade e profissionalismo ao processo de contratação de obras públicas, pois a cidade também está sujeita a esquemas para favorecer empresas amigas e praticar outras ilicitudes. O Executivo municipal fará a supervisão final dos projetos.
Um colegiado será responsável pela gestão cotidiana da nova organização. São cinco nomes, que representam setores complementares da economia: James Bell, ex-vice-presidente executivo da empresa de aviação Boeing, que presidirá a entidade; Diana Ferguson, ex-responsável pela área financeira da empresa de alimentos Sara Lee; o advogado David Hoffman, sócio da empresa de advocacia Sidley Austin LLP; o vereador John Pope; e o sindicalista Jorge Ramirez, presidente da Federação do Trabalho de Chicago. Os nomes foram indicados pelo prefeito Rahm Emanuel.
Sua primeira tarefa é obter financiamento para projeto de melhoria da estrutura energética de edifícios públicos. Com investimento estimado em US$ 225 milhões, a ação, denominada Retrofit Chicago, visa a redução do consumo de energia em 20%, com economia anual projetada de US$ 20 milhões.
O Chicago Infrastructure Trust serve como mecanismo para alavancar ao menos parte dos recursos que a prefeitura anunciou que destinará ao plano geral de renovação da infraestrutura: o “Construindo uma nova Chicago”, de US$ 7 bilhões, lançado no fim de março. Além do Retrofit Chicago, também fazem parte das prioridades anunciadas a reconstrução de 100 estações de metrô e de transporte público; a criação de uma linha de BRT (Bus Rapid Transit) com cerca de 25 km; e reforma e ampliação do aeroporto O´Hare, com previsão de US$ 1,4 bilhão de investimento.
(Guilherme Azevedo)