Ciclo inédito de alta sustenta investimentos

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Estimativas atualizadas do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) indicam investimentos de US$ 47 bilhões, US$ 9 bilhões a mais que a previsão do final do ano passado, feita pelo Ibram. Esses investimentos dão prioridade ao minério de ferro, responsável por cerca da metade dos recursos aplicados, com os estados de Minas Gerais e Pará liderando a produção mineral de ferro e também a captação dos recursos. Mas a Bahia, Goiás, entre outros, querem seguir a mesma trilha.

O volume de recursos confirma último relatório do Instituto Fraser – organização canadense que anualmente divulga o ranking de atratividade em pesquisa mineral para 68 países – que mostra que o Brasil em igualdade com o Canadá e Austrália, e mais atrativo que os EUA, China, Rússia, Índia e África do Sul.

Já o Metal Economics Group (MEG) / 2008 coloca o Brasil dentre os 10 primeiros países para onde se dirigem recursos internacionais para a pesquisa mineral, ao lado da China. O Canadá aparece com 19% dos investimentos; Austrália 12%; Estados Unidos (8%); Rússia (6%); México (5%); Peru (5%); Chile (4%); África do Sul (4%); Brasil (3%); China (3%), e outros (32%).

Com isso, a perspectiva é de que em breve o Brasil deverá se tornar também importante produtor de níquel e cobre. Segundo o Ibram, a Produção Mineral Brasileira, em 2007, atingiu o volume de R$ 46 bilhões, com aumento de 21% se comparado a 2006 – de R$ 38 bilhões, excluídos Petróleo e Gás. A produção de minério de Ferro registrou aumento acima de 12%. Se considerarmos a Indústria da Mineração e Transformação Mineral, o valor da Produção Mineral Brasileira deve subir para R$ 126 bilhões, 9,57% maior do que em 2006 (R$ 115 bilhões).

Apesar disso, ainda há casos em que o País é dependente de importações como carvão metalúrgico, potássio, fosfato e enxofre – os três últimos essenciais à fabricação de fertilizantes para a nutrição do solo e para o desempenho do agronegócio. Esse cenário começa a mudar com investimentos da Bunge e Fosfértil, além de ações governamentais pára expandir a produção nacional de fertilizantes.

O estado do Amazonas pretende fazer uma parceria estratégica com a Petrobrás para explorar suas reservas de potássio, em Fazendinha e Arari. O potencial delas chega a 1 bilhão de t, com teor de 18% a 27%, o que representa 300 milhões de t de cloreto de potássio. “Se pensarmos em uma planta com capacidade para produzir 3 milhões de t/ano, será possível projetar um ciclo de produção de cerca de 100 anos”, diz Daniel Borges Dantas, secretário executivo de Geodiversidade e Recursos Hídricos do Estado. A projeção é de que os investimentos cheguem a US$ 2 bilhões, exigindo grande tecnologia, pois as reservas estão a 900 m de profundidade, sendo pouco espessas e localizadas nas áreas mais alagadiças.

De certo modo, todos os segmentos vem registrando investimentos, conforme mostra quadro (abaixo), com grande ênfase também na pesquisa mineral. A justificativa é continuidade da valorização de preço e elevada demanda por commodities pelos países emergentes, puxados por China e Índica, além do crescimento da economia interna. Nesse caso, um dos investimentos mais interessantes é da Votorantim Cimentos, para a expansão de insumos para Construção.

CSN expande operações na Casa de Pedra, Namisa, Arcos e Ersa

Casa de Pedra é Responsável pelo suprimento integral de minério de ferro para a Usina Presidente Vargas/CSN, em Volta Redonda (RJ) e ainda comercializa seus produtos nos mercados interno e externo. O volume total de investimentos na ampliação da mina, que inclui duas unidades de pelotização e um terminal portuário, chega a US$ 3 bilhões. A previsão da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é triplicar a área de mineração nos próximos três anos, incrementando a capacidade produtiva total dos atuais 16 milhões de t/ano para 40 milhões t/ano já no final de 2008, 50 milhões t/ano no final de 2009 e para 70 t/ano milhões até 2011.

As unidades de pelotização deverão entrar em operação em 2010, com uma produção estimada em 6 milhões de toneladas/ano. Em 2007, Casa de Pedra produziu 15 milhões t/ano, aumentando em 14% ou 1,9 milhão t/ano o volume total produzido em 2006. Este aumento foi suportado principalmente pela produção de sinter feed que representou mais de 50% do volume total produzido. Para o exercício de 2008, está prevista uma produção de 17 milhões t/ano de minério
Namisa – Os investimentos na Nacional Minérios (Namisa), que adquiriu a CFM em 2007/2008 cujas instalações localizam-se próximas à Casa de Pedra (MG), chegarão a US$ 265 milhões até 2011, visando torná-la de porte internacional no setor de mineração. A Namisa explora diversas minas de minério de ferro no quadrilátero ferrífero e também possui instalações de processamento de minério estratégicas nas proximidades de suas minas. A empresa produziu no 4º trimestre de 2007 o volume de 1,1 milhão t, alcançando o volume total de 2,4 milhões t. As compras de minério de ferro de terceiros pela Namisa totalizaram 3,8 milhões t no acumulado do ano. Estima-se que, em 2008, as vendas da Namisa atinjam 13,5 milhões t de produto, sendo que 7,5 milhões t serão de produção própria e 6,0 milhões t de minério de terceiros.

Mineração da Bocaina/Arcos – Localizada em Arcos (MG), responsável pelo suprimento de fundentes siderúrgicos (calcário e dolomito) para a Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda (RJ), tem investimentos previstos de US$ 112 milhões. Com isso, a CSN integrará ainda mais suas atividades, verticalizando a produção e ganhando em competitividade e rentabilidade.É uma das maiores reservas calcárias do mundo. Em 2007, a mina transferiu para a Usina Presidente Vargas, 1,9 milhão t de calcário e dolomito, fundentes consumidos nos altos-fornos da aciaria, na Usina. Os rejeitos do processo são depositados nas barragens de decantação e, posteriormente, vendidos como corretivos de solo.

A capacidade de produção de Arcos é de 4 milhões t de fundentes. Assim como Casa de Pedra, a Mineração da Bocaina possui minério de excelente qualidade, com calcário considerado o melhor do Brasil para fins metalúrgicos. Visando ampliar e diversificar sua linha de produção, a CSN entra no mercado de cimentos e a mina em Arcos será responsável pelo fornecimento de calcário-não-siderúrgico, utilizado para a produção de clínquer, matéria-prima para a fabricação de cimento.

Ersa – Adquirida em 2005, por R$ 100 milhões, a Estanho de Rond&oc

irc;nia S/A (Ersa) é constituída pela Mineração Santa Bárbara, em Itapuã do Oeste, e por uma fundição em Ariquemes, ambas no Estado de Rondônia. Na unidade de mineração é extraída a cassiterita enquanto na de fundição a mesma é fundida e transformada em estanho na forma de lingotes. A jazida tem reservas demonstradas de 25.898 t e recursos de 54.066 t de estanho contido. A fundição tem capacidade para processar anualmente 3.600 t de estanho metálico. A aquisição da Ersa foi estratégica para a CSN, visto que o estanho é empregado na fabricação de folhas-de-flandres, revestido de alto valor agregado e utilizado em embalagens. A companhia é a única fabricante desse produto no Brasil e um dos cinco maiores do mundo.

A capacidade anual da mineração é de 1,2 mil t de cassiterita e da fundição é de 3,6 mil t de estanho, atingindo recordes de produção mensal de 160 t e 270 t, respectivamente. A meta da CSN é aumentar a produção anual das atuais 3,6 mil t, volume que corresponde ao total consumido pela empresa, para 4,8 mil t por ano até 2009. A Ersa pretende expandir seus serviços, com investimentos em ampliação/expansão da capacidade de produção da Mina e com a implementação da terceira linha de produção na mina, além de investimentos em adequações e melhorias na fundição.

Samarco conclui Projeto Terceira Pelotização

Principal braço da CVRD na produção de pelotas de minério de ferro, a Samarco colocou em operação, em maio, a última etapa do Projeto Terceira Pelotização. O projeto consistiu em nova planta de concentração em Germano, em Minas Gerais, no segundo mineroduto da empresa de 400 km de extensão, além de uma terceira usina de pelotização, localizada em Ubu, no Espírito Santo. Com isso, a Samarco amplia a produção de 14 milhões t anuais de minério para 23,5 milhões t, um aumento de 54%. O projeto representou investimentos de R$ 3,1 bilhões, sendo fundamental para ampliação da produção e exportação do minério de ferro de maior valor agregado. O transporte da polpa é feito a partir do município de Mariana (MG) e segue até a planta de pelotização em Ubu (ES), para posteriormente ser transportada via porto.

Anglo Gold expande produção de Ouro

Com 22 operações em dez países, e sedena África do Sul, a Anglo Gold opera na Argentina e no Brasil. No país, ela opera em Minas Gerais, nas cidades de Sabará, Santa Bárbara eNova Lima, além do norte de Goiás. Pelo projeto de expansão da empresa, que consta a exploração da mina no subsolo, a unidade de Santa Bárbara (MG) será responsável por um investimento de US$ 154 milhões até o ano de 2011, que será estendido até 2024.No ano passado, a empresa concluiu o projeto de expansão da Mina Cuiabá, em Sabará (MG) considerado modelo para toda a companhia. O plano de investimento de US$ 190 milhões permitiu aumentar a produção de Cuiabá de 185 mil onças por ano para 300 mil onças anuais, com capacidade de operação até 2020.

A empresa tem mais dois projetos de expansão no Estado de Minas Gerais (Lamego e Córrego do Sítio). Na Mina de Lamego já foram aplicados US$ 30 milhões e expectativa da Anglo é iniciar a produção dentro de cinco anos. As reservas estão estimadas em 2 milhões de onças, sendo 1,2 milhão lavráveis. O minério extraído da mina será encaminhado para a unidade de tratamento e concentração de Cuiabá. A mina de Córrego do Sítio, situada no município de Santa Bárbara, está em fase de estudo de pré-viabilidade, e a expectativa de produção é de 3,5 milhões, chegando a 5 milhões de onças de ouro. Os investimentos no local devem somar mais de US$ 70 milhões. A mineradora é uma das controladoras da mina de Serra Grande, em Goiás, ao lado da Kinross.

Hoje o Brasil figura como o 13º maior produtor de Ouro, sendo que a produção em 2007 alcançou o volume de 47 t aproximadamente. A Anglo Gold Ashanti detém 19% da produção; a Mineração Serra Grande (Anglo e Kinross), 13%; a Rio Paracatu Mineração (Kinross) com 17%; e a Yamana Gold – 9,5%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). As reservas medidas e indicadas de Ouro no Brasil alcançam 3.346 t, 7,97% da reserva mundial do minério, distribuídas nos estados de MG (48%), Pará (36,9%) Goiás (6%) Mato Grosso (3,6%), Bahia (3%) e outros (2,5%).

Segundo o Ibram, estão previstos US$ 989 milhões para a exploração de Ouro nos próximos anos. O Grupo Canadense Eldorado Gold vai investir US$ 3,8 milhões para ampliar projetos no Maranhão e no Amapá, enquando a canadense Jaguar Mining deverá aplicar R$ 107 milhões, em 2008, nas minas de Ouro de Paciência (Itabirito) e do Pilar (Santa Bárbara), em Minas Gerais.

Rio Paracatu Mineração expande produção

A empresa anunciou, no ano passado, investimentos de US$ 470 milhões para a expansão das atividades da mina de ouro, visando maior aproveitamento da reserva mineral, em Paracatu, no noroeste mineiro. O investimento vai ampliar em 11 anos a vida útil da mina, até 2036, e elevar a produção de ouro de cinco para 15 t/ano. Inicialmente, o projeto de expansão da empresa previa a ampliação da produção de ouro dos atuais 5.865 quilos para 10.584 quilos, com a aplicação de recursos de US$ 154 milhões. Embora a mina de Paracatu tenha um dos menores teores de ouro do mundo, as pesquisas mostraram o potencial das reservas, o que levou a empresa a rever os investimentos. O cronograma prevê obras até 2008, com o início da operação da primeira fase em maio. Em agosto, será instalado o segundo moinho de bolas e, em setembro, ele deverá entrar em operação.

Anglo American adquire 49% das ações da MMX

Um dos movimentos mais importantes da Mineração durante o ano foi a aquisição por parte da Anglo American de 49% das ações da MMX, responsável pela construção do Complexo Logístico do Açu, em São João da Barra (RJ), e empreendedora de três sistemas produtivos de minério de ferro – Minas Gerais, Rio de Janeiro e Amapá. O negócio foi concretizado em janeiro por US$ 5,5 bilhões dando visibilidade e credibilidade à MMX, mostrando que o empresário Eike Batista não está para brincadeira. Revelou ainda o forte interesse da Anglo Gold em fincar pés no solo brasileiro.

A Anglo American é um dos maiores grupos em mineração e recursos naturais do mundo, líder na área de platina e diamantes, e tem participação significativa em metais básic

os, minério de ferro e carvão. O grupo tem US$ 12 bilhões em projetos e estuda o investimento de US$ 29 bilhões em outros empreendimentos. No Brasil, é responsável pelas operações das empresas Mineração Catalão, Codemin e Copebrás, com atuação nos estados de Goiás (Catalão, Ouvidor, Niquelândia e Barro Alto) e São Paulo (Cubatão). Um dos empreendimentos em andamento é o Projeto Barro Alto, de US$ 1,5 bilhão para a produção de cerca de 36 mil t de níquel contido em ferro-níquel ao ano. Anunciado em dezembro de 2006, começou a ser implantado em janeiro de 2007 e deve começar a operar no início de 2010.

Com valores de em US$ 2,5 bilhões, o complexo do Açu, iniciado pela MMX é um dos principais projetos de mineração em andamento. Compreende, entre outras instalações, um porto em Barra do Açu, Município de São João da Barra, no Norte Fluminense, e um mineroduto a partir do interior de Minas Gerais. A previsão de geração de empregos é de 1,3 mil diretos e 3,8 mil indiretos na construção, e 600 diretos e 1,8 mil indiretos na operação. Projetado para ter 525 km, o mineroduto – praticamente todo ele subterrâneo – será o maior do mundo. Transportará a produção de minério de ferro da MMX, extraída em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais, até o Porto de Açu, cortando 32 municípios. O complexo terá capacidade para receber navios cape size (capacidade igual ou superior a 80 mil toneladas, que são grandes demais para cruzar o Canal do Panamá) de até 250 mil Tpb (toneladas de porte bruto). Pelo porto serão escoados até 26,5 milhões de t/ano de minério de ferro de alto teor, a partir de 2011.

Níquel/Barro Alto- Anunciado em 2006 pela Anglo American, o projeto está localizado em Goiás, com investimento na casa dos US$ 1,5 bilhão, as obras começaram no início do ano. A planta deverá produzir uma média de 36 mil t/ano de níquel contido em liga de ferroníquel por 26 anos. A operação deve ocorrer no início de 2010, atingindo a plena capacidade em 2011. Permitirá a expansão da operação atual da mina em uma nova planta metalúrgica, utilizando o mesmo processo de produção de ferroníquel adotado na planta de Niquelândia (GO). A anglo American aposta no crescimento do mercado níquel, em curva ascendente até a próxima década. Hoje o Brasil produz apenas 3% da produção mundial mas deve aumentar esse volume em 11% nos próximos 11 anos.

Reservas do Jacaré (PA)- A empresa deverá iniciar no ano que vem os estudos de pré-viabilidade econômica do projeto de exploração do níquel na reserva de Jacaré, no município de São Félix do Xingu, no Pará, com estimativas de investimento de US$ 1,5 bilhão. Pelos estudos iniciais já realizados, a reserva de Jacaré teria pelo menos a dimensão da reserva de Barro Alto, avaliada em 116,2 milhões de toneladas, mas podendo chegar ao dobro. Paulo Castellari, diretor de Marketing e Novos Negócios da Anglo American para Brasil e Venezuela, disse que um dos diferenciais do futuro projeto em território paraense seriam suas características minerais.

“Os primeiros estudos apontam que a reserva de Jacaré abriga três tipos de minério de níquel. Isto é muito interessante para a Anglo American, porque vai permitir fazer outros produtos relacionados à cadeia do metal, além da liga de ferro-níquel, como o níquel de Classe 1”, disse. Por conta da diversidade do minério de Jacaré, o projeto poderá receber novas rotas tecnológicas, como a hidrometalurgia. A empresa divulgou que há outros três projetos na área de níquel sendo estudados pela companhia.

Mais Bauxita

A Alcoa investe US$ 1,1 bilhão na mina Juruti (PA), com capacidade de 2,6 milhões de t/ano de Bauxita a ser expandido para 12 milhões t/ano. O projeto integrado compreende a exploração da mina e a construção de porto, rodovia e ferrovia.

No Pará, a Vale investe na mina de Paragominas II, alcançando a produção de 9,9 milhões de t já em 2008. Paragominas III será concluída até 2011. O investimento total é de US$ 612 milhões. E em parceria com a Hydro, a Vale constrói uma nova refinaria de alumínio no Pará com capacidade de 7,4 milhões t/ano, com recursos de US$ 1,79 bilhões, tendo como fornecedora a mina de Paragominas. A quantidade exportada pelo Brasil em 2007 foi de 5,7 milhões t. O consumo doméstico de bauxita para usos metálicos foi de 18 milhões t em 2007, aproximadamente.

Indústria cimenteira acompanha mercado da construção

A Votorantim Cimentos outro forte braço do grupo Votorantim, ligado à área de insumos básicos para a construção civil, anunciou a 2ª fase de investimentos de R$ 1,45 bilhão para a construção de mais quatro fábricas integradas nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso e no Distrito Federal. São mais de 40 itens produzidos pela empresa nos segmentos de cimento, concreto, agregados, argamassa, rejuntamento, cal hidratada, gesso e calcário agrícola.

Em agosto de 2007 a empresa já tinha direcionado o volume de R$ 1,7 bilhão para a construção de quatro novas fábricas de cimento, cinco novas moagens, além de modernizações, ampliações e reativações de diversas unidades. O total investido pela Votorantim Cimentos soma R$ 3,2 bilhões e pode ser considerado o maior investimento já feito na expansão de capacidade do setor no Brasil. “Esta nova fase de investimento em capacidade está alinhada com o forte crescimento da economia nacional”, afirma o presidente da Votorantim Cimentos, Walter Schalka.

Esta nova fase de investimentos da Votorantim Cimentos eleva em 60% a sua capacidade de produção – dos atuais 25 milhões para 39 milhões de toneladas de cimento – até 2011. A expansão total da capacidade da Votorantim Cimentos – incluindo as duas fases – também refletirá na geração de aproximadamente 5 mil novos empregos diretos e indiretos na cadeia produtiva, além de mais de 10 mil postos de trabalho no período de construção ou modernização das unidades.

Fosfato: menos importação

A Bunge anunciou investimentos de R$ 3,2 bilhões em quatro novos projetos de expansão da oferta de fósforo ao mercado nacional, através do aumento da produção de rocha fosfática no Brasil, utilizada na fabricação de fertilizantes e em nutrição animal e humana. Com esses novos projetos deverá haver uma redução das importações de fósforo e o acréscimo de 3,5 milhões t de rocha fosfática no mercado interno. As expansões representam 30% da demanda atual por fósforo.

A médio prazo mais da metade das importações atuais de fósforo será substituída por produtos brasileiros”, afirmou o presidente da Bunge Fertilizantes, Mário Barbosa. Em 2007, cerca de 50% do consumo brasileiro desse nutriente foi suprido por importações. A exploração do fosfato no Brasil ocorre em minas existentes em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia, com as importações vindo principalmente dos EUA, Marrocos, Rússia, Israel e Tunísia.

O grande destaque é o investimento de R$ 2 bilhões na mina de Salitre, em Patrocínio (MG), por meio da Fosfertil, que terá capacidade de produção anual de 2 milhões de toneladas de rocha fosfática que, junto com o ácido sulfúrico, será usado na fabricação de ácido fosfórico, MAP (fosfato monoamônio), DAP (fosfato diamônio) e TSP (superfosfato triplo). A unidade deve entrar em operação em 2011.

Além de Salitre, já está em curso um investimento de R$ 300 milhões para a expansão do complexo industrial da Fosfertil de Uberaba (MG) e das minas de Tapira e Catalão. Com término previsto para o início de 2010, este investimento aumentará a capacidade anual de rocha fosfática em 340 mil t que, junto com ácido sulfúrico, será usado na fabricação de ácido fosfórico, MAP, DAP e TSP. Outro grande projeto é a abertura de uma nova mina de fósforo em Araxá (MG), com capacidade anual de produção de 820 mil t de rocha fosfática, que deverá estar concluída já em 2009, ao custo deR$ 320 milhões.

Ainda entre os novos projetos está a abertura para exploração de uma jazida de fosfato em Anitápolis (SC), a 100 km de Florianópolis, por meio da subsidiária IFC (Indústria de Fertilizantes Catarinense), com investimentos previstos de R$ 565 milhões. A capacidade anual de produção desta mina será de 300 mil t de rocha fosfática. O investimento inclui a construção de uma fábrica de ácido sulfúrico e SSP (superfosfato simples) e o prazo para operação é 2011.

Fosfertil – R$ 2 bilhões

A Fosfértil pretende investir R$ 2 bilhões até 2011, a fim de ampliar em 2 milhões de t a produção de rocha fosfática para produção de fertilizantes fosfatados. Em 2007, cerca de 50% do consumo de fósforo do Brasil foi suprido por importações. O programa contempla a abertura de uma nova mina de rocha fosfática na região da cidade de Patrocínio (MG). E a construção de uma nova unidade industrial para produção de produtos fosfatados de alta concentração com plantas de produção de ácido sulfúrico, ácido fosfórico e dos fertilizantes MAP, DAP e TSP.

“Somado aos investimentos em curso da companhia, este projeto irá praticamente dobrar a produção da companhia, ampliando a oferta brasileira de rocha fosfática em 34% e de ácido fosfórico, em 60%. Quando estiver em operação o projeto de expansão, iremos substituir por produção nacional, cerca de 15% da participação dos importados no segmento de fosfatados”, comenta Vital Jorge Lopes, presidente da companhia.

Será construído um complexo na região da cidade de Patrocínio (MG), onde a empresa detém o direito de exploração de uma jazida de fosfato. “Para o aproveitamento desse volume de minério, a ser extraído e beneficiado em Patrocínio, será construído também um Complexo Industrial Químico, cuja localização será definida nessa etapa inicial do projeto”, completa Vital. O complexo terá capacidade para produzir 560 mil t/ano de ácido fosfórico (insumo intermediário para a produção de fertilizantes fosfatados de alta concentração, como MAP e TSP). Além das plantas de ácido fosfórico, o projeto químico completo prevê a instalação de unidades de ácido sulfúrico (1,4 milhão t/ano) e plantas multipropósito de TSP/MAP/DAP (1,2 milhão de t/ano).

Na 1ª etapa serão realizados estudos complementares de engenharia básica para a avaliação dos parâmetros técnicos e econômicos, que exigirão investimentos de R$ 120 milhões. O prazo previsto para conclusão da primeira etapa do projeto é de 12 meses. Após esta fase, a continuidade do Projeto (inicialmente previsto para um período de 4 anos) está sujeita à aprovação do Conselho de Administração da Companhia.

No cenário internacional dos fertilizantes, o Brasil responde apenas por 2% da produção e 6% do consumo mundial, sendo muito dependente de importações para abastecer o mercado interno. Atualmente, cerca de 74% do NPK (nitrogênio, fósforo e potássio – macronutrientes básicos para formulação de fertilizantes) consumido no país vem do exterior. No Brasil, o setor registrou em 2007 um crescimento superior a 17,3% na entrega de produtos ao consumidor final, segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).

No rabo do cometa

Também os governos estaduais estão se agarrando ao rabo do cometa da mineração. É o caso da Bahia, principalmente após o crescimento de 6,1%, alcançado pela mineração estadual em 2007. O estado mira a 3ª posição no ranking de produção mineral brasileiro até 2011. Para isso conta hoje com 30 minerais extraídos por cerca de 350 empresas, em mais de uma centena de municípios. O valor da produção mineral é de R$ 1,644 bilhão, segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (Sei), 1,7% do PIB estadual de R$ 109,7 bilhões.
Controlada pelo grupo canadense Largo Mineração, a Vanádio está investindo R$ 216 milhões em seu complexo em Maracás (BA) – o depósito baiano é a única mina deste minério no Brasil, com reservas estimadas em 17,3 milhões t, e teor médio de 1,44% de vanádio. A expectativa é de um faturamento anual de R$ 200 milhões quando o complexo estiver em plena produção em 2011.

A Bahia Mineração (BML) planeja investir de US$ 1,5 bilhão na produção de 25 milhões t de ferro por ano em Caetité, a 757 km de Salvador. A instalação deve ficar pronta até o ano de 2010, com um complexo de mineração composto de mina, unidade de concentração de minério, mineroduto e adutora de abastecimento de água, utilizada para o escorrimento do minério concentrado nos dutos.

Já o projeto Santa Rita, da Mirabela, responde por R$ 700 milhões de investimentos na extração de níquel sulfetado em Itagibá, a 353 km de Salvador. A produção inicial de 150 mil t de concentrado de níquel deve ser iniciada no 2º trimestre de 2009, com receita anual estimada de R$ 580 mil

hões em 2011. A reserva está hoje calculada em 84 milhões t, com 0,61% de níquel e 0,14% de cobre.

O estado do Ceará, por exemplo, recebeu um grupo empresarial indonésio-chinês, interessado no aproveitamento minerário do estado. Segundo Antonio Balhmann, presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), há ocorrências de pequeno e médio portes em Quiterianópolis, Sobral e Barroquinha.

Balhamn destaca a localização e a infra-estrutura do estado como fatores favoráveis ao investimento, em oposição ao que ocorre em áreas da floresta, sem mencionar diretamente o embate de questões ambientais na região de Belém do Pará. O Ceará quer utilizar um ciclo do ferro para desenvolver o semi-árido. Já o estado do Piauí tem atuado para atrair investidores para suas térreas longínquas e desérticas. A Vale já tem realizado pesquisas em municípios no sul do estado, uma das regiões mais carentes do estado, e uma vez concretizada sua instalação, poderá modificar virtualmente o perfil regional.

No Pará, a nova febre do ouro

Em plena floresta amazônica, a cerca de 1.600 km de distância de Belém (PA), está localizada a lendária Província Mineral do Tapajós, uma das maiores áreas de mineração do mundo, com dimensões maiores do que Portugal: cerca de 100 mil km². Na década de 1980, a região foi considerada um verdadeiro Eldorado, com a produção recorde de 14 t de ouro.

Somando toda a produção dos garimpos na região, até os dias de hoje, foram extraídas perto de 730 t de ouro. Isso equivale a 16 vezes a produção total de Serra Pelada, no sudeste paraense. Por estes cálculos, levando em conta a cotação atual do ouro, o Tapajós já rendeu aproximadamente US$ 2 bilhões, embora os números oficiais dêem conta de que a região produziu, até 2006, não mais que 194 t de ouro.

A explicação para a grande riqueza do subsolo da região, segundo especialistas, pode estar em 1,9 bilhão de anos atrás. Através de imagens de satélite, geólogos da Universidade de São Paulo (USP), que pesquisavam a concentração anômala de ouro na Amazônia, constataram a existência de uma caldeira vulcânica – talvez a mais antiga do País – na bacia do rio Tapajós. Isso explicaria a abundância nessa área, não só do ouro como também de outros minérios como o cobre, o que serve de estímulo a futuras prospecções.

Com a exaustão das camadas do ouro de aluvião, depositado no leito dos rios, de fácil extração manual, a região entrou agora em uma segunda fase, em que as reservas primárias passaram a ser encontradas apenas no subsolo, entre 50 m e 300 m de profundidade. Só empresas com lavras mecanizadas têm acesso a esse ouro, obtendo lucro da atividade da mineração.

Nesse momento, cerca de 10 mineradoras juniores desenvolvem projetos na região, atraídas pela valorização do ouro no mercado internacional. Uma delas é a Serabi Mineração Ltda, que produz em média 100 kg de ouro/mês, explorando o velho Garimpo do Palito, com reservas estimadas em 27 t de ouro.

A área de propriedade da Serabi soma 1.713,00 hectares. Cerca de 13% são áreas de uso intensivo, que correspondem às instalações físicas da mineradora, à área da mina e às antigas áreas de garimpo que ainda apresentam solos expostos e pontos alagados. Os outros 87% são áreas verdes, integrantes das Áreas de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente.

Atualmente, a mineradora processa 500t/dia de minério bruto (ROM), o que equivale a uma produção média atual, recuperada, em torno de 3.000 g de ouro/dia, sendo 70% produzidos sob a forma de concentrado de ouro e cobre, por processo de flotação, e 30% como lingote, através de processo de lixiviação.

A planta industrial apresenta uma recuperação metalúrgica total da ordem de 93%, assegurando um nível de aproveitamento de 500g de ouro de boa qualidade por tonelada. Até 2007, a média de produção anual era de 30 mil onças de ouro.

A expectativa da direção da empresa, no entanto, é de alcançar, ao final de 2008, o patamar de 35 mil onças. As pesquisas já realizadas apontam para uma reserva estimada em 10 t. de ouro. E nesse momento a mineradora está investindo em torno de R$ 10 milhões em pesquisas geológicas, em áreas próximas, que poderão apontar para reservas ainda maiores. “Talvez mais 10 t. de ouro”, estima o geólogo de exploração Roberto Coimbra de Moraes, da equipe da Serabi.

Fonte: Estadão


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