Mesmo nos setores que registraram crescimento acima do PIB em 2007 e no segmento de serviços, os acordos salariais foram selados com ganho real próximo a 2% ou com outras compensações na composição da renda. Conforme a Federação das Indústrias do Estado (Firjan) o acordo mais importante foi fechado com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção do Município do Rio de Janeiro, com reajuste dos salários em 7,5%, ante 5,47% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – o indexador da categoria.
O piso da categoria, pago a serventes, foi reajustado em 9%, para R$ 665,60.
“Faz todo sentido. Certamente o reajuste do salário mínimo, que este ano coincidiu com nossa data-base, andou pressionando”, disse o diretor-executivo do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio), Antonio Carlos Mendes Gomes. O reajuste não superou o ganho de anos anteriores.
A perspectiva de elevação, em 2008, dos investimentos em obras, tanto no setor público (fruto do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC), como nos setores imobiliário residencial, comercial e industrial, contribuíram para facilitar as negociações.
“Até 2005 vínhamos em uma estagnação de quase 20 anos. Em 2001 tínhamos 130 mil empregados, agora temos 190 mil, todos formais”, ressalta Gomes.
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Em janeiro e fevereiro foram contratados 6.463 empregados, o que permite, segundo ele, prever aumento da força de trabalho do setor de pelo menos 30 mil empregados no ano. Devido à forte demanda por trabalhadores, encarregados de obra e outros profissionais chegam a receber até 50% acima do piso, que passou a R$ 1.542,20.
Os 12 dias de greve comandados pelo Sindicato da Construção Civil da Bahia renderam um bom acordo salarial para a categoria, com data-base em janeiro. O aumento dos salários foi de 8%, o que significa um ganho real de 2,84%, quando descontada a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). No piso, o aumento foi maior e chegou a 9%, elevação de 3,84% acima da inflação.
“É uma ótima notícia, pois essa foi a primeira negociação do Estado e já cria um patamar de referência mais alto para as demais”, avalia Ana Georgina Dias, supervisora técnica do escritório regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Bahia. Ana diz que mesmo com a inflação baixa e controlada, tem sido muito difícil para os trabalhadores baianos conseguirem reajustes reais acima de 2%.
“Como o empregador vê a inflação baixa, acha que o reajuste pequeno já é suficiente”, afirma.
As negociações salariais estão apenas começando no Paraná – maio concentra o maior número de datas-bases. Dois sindicatos que já fecharam acordo, o que reúne trabalhadores de asseio e conservação e o que defende vigilantes, acharam positivo o resultado. No momento, a maior polêmica está no salários dos servidores da prefeitura de Curitiba, que não gostaram dos 6% oferecidos pelo município e ameaçam fazer greve, mesmo sabendo que não conseguirão melhorar o reajuste menos de seis meses antes das eleições, por ser proibido.
A proposta da prefeitura foi encaminhada à Câmara de Vereadores e aprovada em uma sessão tumultuada, o que desagradou representantes dos trabalhadores.
“Ela nos impôs um reajuste, sem negociação”, reclama Irene Rodrigues dos Santos, presidente do Sismuc, o sindicato da categoria.
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Segundo ela, foi pedido aumento de 27% nos salários, sendo 15,23% referentes a perdas históricas, 5,43% de inflação e mais ganho real.
A prefeitura argumentou que, desde 2005, o salário dos servidores teve reajuste acumulado de 25,06%, ante inflação de 14,42% no período. O novo reajuste irá gerar acréscimo mensal de R$ 5 milhões na folha de pagamento.
No caso dos trabalhadores de asseio e conservação, os salários foram reajustados em 8% a partir de fevereiro, e o piso subiu de R$ 400,00 para R$ 432,00.
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Somando outros benefícios, o empregado de área de limpeza passa a receber mínimo de R$ 614,00. De acordo com o Dieese, os 8% representam 5,38% de reposição de inflação e 2,49% de aumento real.
Para os vigilantes foi aprovado reajuste de 6,21% no piso, que passou de R$ 838 para R$ 890, o que representa aumento real de 0,8%. Mas o adicional de risco foi aumentado em 34%, a alimentação em 5,26% e a contribuição para o seguro de saúde foi reduzida. Com isso, a remuneração ficou 8,35% maior, com ganho real de 2,9% informa João Soares, presidente do Sindicato de Vigilantes de Curitiba e Região. De acordo com o sindicalista, é difícil conseguir reajustes para serviços terceirizados. Mas o crescimento da violência contribuiu para esse resultado. Soares explicou que aumentou a contratação de empresas de segurança privada. “Elas cresceram 14% em 2007”, disse. Com isso, não tiveram muitos argumentos para colocar na mesa de negociações.
Fonte: Estadão