Concessão prevê investimento de R$ 903 milhões

Compartilhe esse conteúdo

Governo estadual licitou o complexo formado pelas rodovias Ayrton Senna e Governador Carvalho Pinto, na modalidade de concessão. A primeira incorpora o conceito de pavimento invertido na sua construção O Complexo formado pelas rodovias Ayrton Senna e Governador Carvalho Pinto (SP-70) foi concedido à iniciativa privada em licitação realizada pelo governo paulista, por meio da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), no final de outubro. A Triunfo Participações e Investimentos (TPI) venceu a licitação com deságio de 59,6% sobre a atual tarifa quilométrica das rodovias licitadas pelo Estado e pagamento dos R$ 594 milhões de outorga, sendo 20% à vista e o restante parcelado em 18 meses. Até o fechamento dessa edição o contrato ainda não tinha sido assinado, evento programado para dezembro segundo o prazo previsto na licitação, que contempla um período para recursos e apresentação de documentos, inclusive comprovando a estrutura financeira de suporte à operação.

O corredor rodoviário de 135 km de extensão liga a área leste da Região Metropolitana de São Paulo às regiões do Vale do Paraíba e Alto Tietê e receberá investimento de R$ 903 milhões ao longo da concessão, por um período de 30 anos. Esse valor se divide entre infra-estrutura (R$ 365 milhões), conservação especial (R$ 433 milhões) e sistemas/veículos (R$ 105 milhões).

Carlos Alberto Bottarelli, CEO da TPI, afirmou que a empresa ao elaborar sua proposta considerou uma base de tráfego 30% maior do que a divulgada no edital da Artesp, que levava em conta dados de 2005. Para isso, a empresa realizou contagem própria ao longo de duas semanas e considerou também o fluxo de motocicletas, que não são contadas pela Artesp, mas pagarão pedágio.

Bottarelli explicou também que o modelo matemático utilizado para elaboração da proposta da TPI, desenvolvido pela Tecplan Engenharia Consultoria e Planejamento, considerou um futuro desvio de tráfego da NovaDutra para a Ayrton Senna quando esta estiver concedida, por conta da redução da tarifa paga. A diferença de tarifa no trecho entre Taubaté e a capital paulistana seria de R$ 7,90, via NovaDutra, para R$ 7,00 pela nova concessão (operada pela Dersa o usuário desembolsaria R$ 13,50). Além da tarifa menor, as condições mais favoráveis da Ayrton Senna, construída nos anos 1980 com raios de curva e rampas melhores que a Dutra, seriam outros pontos que atrairiam novos usuários.

“Acreditamos no projeto, que almejávamos há muito tempo. Entramos em São Paulo e abrimos uma porta muito importante, que nos dará acesso a uma série de investimentos de porte”, afirmou Bottarelli. Operar rodovias não é novidade para a TPI, que atua nas concessionárias Concepa (121 km de rodovia entre os municípios de Osório e Guaíba, no Rio Grande do Sul), Concer (trecho da BR-040 que liga Juiz de Fora, em Minas Gerais, ao Rio de Janeiro) e Econorte (341 km de estradas que compõem o anel de integração do Estado do Paraná).

A nova concessão prevê a construção de uma terceira faixa na Ayrton Senna, com 11 km de extensão, na região de Mogi das Cruzes, obra estimada em torno de R$ 7,6 milhões. O edital prevê ainda a construção de uma marginal com 13 km na altura do bairro Pimentas, em Guarulhos, ao custo de R$ 51,7 milhões, a instalação de três passarelas, 20 km de acostamentos e uma faixa adicional exclusiva ligando a Ayrton Senna à rodovia Helio Smidt (SP-19), facilitando o acesso ao aeroporto internacional de Guarulhos. Prevê ainda a construção de um prolongamento da Carvalho Pinto, com 6,8 km de extensão, na região de Taubaté, até a SP-125.

Pavimento invertido

A SP-70 surgiu de uma necessidade histórica, determinada pelo crescimento da área metropolitana de São Paulo. Além de aliviar o tráfego que congestionava a Dutra no trecho mais movimentado (São Paulo-Guarulhos), por seguir paralelamente à ela, a rodovia é uma alternativa para o fluxo entre a capital paulista e o Vale do Paraíba e Rio de Janeiro, além de facilitar o turismo ao Litoral Norte de São Paulo.

No dia 3 de agosto de 1979, o Decreto nº 13.756 deu concessão à Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) para construção e exploração da Via Leste, que foi chamada de rodovia dos Trabalhadores antes de ser batizada de Ayrton Senna. O primeiro trecho, São Paulo-Guararema, foi construído entre junho de 1980 e de abril de 1982, com 50 km de extensão, aos quais foram acrescidos 5 km de interligação com a Dutra. A inauguração ocorreu no dia 1º de maio de 1982. A rodovia tem acessos ao Parque Ecológico do Tietê, aeroporto internacional de Guarulhos e seu terminal de cargas.

A Ayrton Senna foi construída com pavimento invertido, técnica que permite distribuir melhor as cargas entre a base e a sub-base, proporcionando maior qualidade ao pavimento pelo fato de minimizar a reflexão de trincas e aumentar sua vida útil. O pavimento é formado por uma camada de 15 cm de brita graduada tratada com cimento (BGTC) e camadas variáveis de reforço do subleito. Acima do BGTC existe uma camada de 7 cm de pré-misturado a frio, 5 cm de binder e 5 cm de concreto betuminoso usinado a quente.

Por cruzar o Parque Ecológico do Tietê foram necessárias obras especiais para que a rodovia não causasse danos ao meio ambiente e para que pudesse transpor o mangue natural criado por uma série de canais do rio Tietê.

Carvalho Pinto

No dia 8 de março de 1990, o Decreto 31.289, autorizou a Dersa a executar o prolongamento da SP-70, no trecho de Guararema a Taubaté. Em 23 de dezembro de 1994 foi inaugurada a Rodovia Carvalho Pinto, em homenagem ao ex-governador do Estado de São Paulo (1959-1963). Com 70,1 km, é considerada uma rodovia do tipo via expressa com controle total de acessos. É conectada por trevos às Rodovias Ayrton Senna, D.Pedro I e dos Tamoios e um importante canal de distribuição da crescente produção industrial do Vale do Paraíba, onde estão instaladas mais de 2.000 empresas, além de absorver todo o trânsito do interior paulista com destino ao Litoral Norte e, em especial, ao Porto de São Sebastião, também administrado pela Dersa.

O trecho entre Guararema e Taubaté foi construído pela Encalso e Andrade Gutierrez com acessos planejados em projeto, travessias em desnível e velocidade diretriz de 100 km/h, com rampas máximas de 4% e raio de curvatura mínimo de 450 m. O pavimento é em concreto betuminoso usinado a quente, brita graduada simples e britada graduada com cimento. Possui duas pistas de quatro faixas de tráfego e canteiro central de 11 m.

Fonte: Estadão


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário