Concessionária deve investir R$ 300 milhões na BR-393

Intervenções para duplicação acontecerão em diversos trechos

Augusto Diniz – Vassouras (RJ)

Em 2008, a divisão de concessões da espanhola Acciona assumiu por 25 anos a administração, recuperação, manutenção e operação de trecho da BR-393, da divisa dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, em Além Paraíba, até a Cidade do Aço, como é conhecida Volta Redonda, município sede da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

De acordo com a Acciona, até agosto, já foram investidos R$ 370 milhões em obras na chamada Rodovia do Aço. Mais cerca de R$ 300 milhões ainda serão aplicados em obras até 2018.

A rodovia atende a região mais desenvolvida do Estado do Rio, o Sul Fluminense, sede de numerosas indústrias – na estrada vê-se ainda a construção de outros empreendimentos. São 200,4 km de rodovia, sendo que 14 km, em Volta Redonda, em um contorno de ligação da BR-393 a Via Dutra, ainda não foram repassados à gestão da concessionária porque o Dnit conclui trabalhos de construção que se arrastam há anos por conta de embargos – 80% estão construídos.

O engenheiro civil Moises Nonato, diretor-técnico da estrada, conta que nos primeiros anos de concessão as intervenções foram concentradas na recuperação da estrada. “A sinalização vertical e horizontal era muito deficiente e fizemos um extenso trabalho para recuperá-la. Colocamos 36 km de iluminação em vários trechos da rodovia. Além disso, recompomos o pavimento”, diz.

No total, 50 travessias, entre pontes e viadutos, estão sendo recuperadas, reforçadas e alargadas, atendendo as normas atuais para este tipo de estrutura em rodovia. De acordo com Moises, 38 estruturas já sofreram intervenção e cinco estão com obras em execução. “Estamos trabalhando em cinco pontes que atravessam o rio Paraíba do Sul”, comenta. Foram feitas ainda na rodovia melhorias em 16 acessos.

Passivo ambiental

Para entender melhor a geografia por onde a rodovia passa no Estado do Rio, Moises explica que um lado dela é área de influência do rio Paraíba do Sul, que corre próximo, e, do outro lado, montanhas. Nessas condições, a contenção de erosão e o trabalho de retaludamento, chamados de passivos ambientais, tornaram-se constantes. “Serão 175 pontos”, contabiliza Moises o número de intervenções em encostas até o décimo ano de concessão para evitar erosões na pista.

Ele explica que obras de talude – que variam de 10 m a 50 m – são em número muito maior do que estava previsto. “O solo na região é maduro (com característica mole). Na altura de Sapucaia (município cortado pela estrada), é rocha e areia”, menciona. Ele lembra que as chuvas que atingiram a Região Serrana do Rio, em 2012, alcançaram também a rodovia, exigindo várias intervenções de contenção na via.

Os trabalhos no passivo ambiental se localizam dentro da faixa de domínio ao longo de quase toda a rodovia. Para essas medidas, primeiro, estudam-se as condições do solo existente, dimensionamento da obra e a declividade. Dependendo do caso, faz-se o “desencaixe do passivo” (retirada de parte do solo próximo à rodovia com risco de erosão), utilizando escavadeiras.

Após o acabamento manual, realiza-se o serviço de drenagem do talude em crista (da parte mais alta do talude para baixo, de seus dois lados) em escada hidráulica, para dissipação da energia da água. Valetas de drenagem complementam o serviço.

Depois, é feita a hidrossemeadura de grama no talude. Por fim, uma manta de fibra de coco é colocada sobre o talude – a manta com o tempo vai se desfazendo na medida em que a grama cresce.

Alguns taludes em rochas – que não sofrem “desencaixe” – recebem tirantes, além de uso de tela especial de aço para estabilização do solo. Em alguns casos também se projeta argamassa sobre a tela.

A concessionária ainda trabalha na recuperação da faixa de domínio da rodovia, que varia de trechos de 35 m a 10 m, com diversas ocupações ilegais. “Infelizmente encontramos a estrada desse jeito e estamos tentando remediar”, relata.

A empresa também foca na ampliação da capacidade da rodovia. Estão previstas para o ano que vem obras de duplicação em 27 km da rodovia na altura do município de Barra do Piraí, além da construção de 9 km de faixas adicionais em vários trechos. O projeto já foi aprovado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e aguarda licença.

Moises Nonato explica ainda que em 2015 serão construídas três variantes no trecho da BR-393 que cruza a cidade de Sapucaia – um de 5 km, outro de 6 km e um último de 3 km. “No local, a via ainda é de paralelepípedo”, menciona. O engenheiro lembra uma variante de 5,5 km que no passado foi feita no município de Paraíba do Sul. “Era um ponto crítico. Hoje o acidente é zero no local”, afirma.

Ele, porém, revela que outros trechos deverão ser duplicados e receber faixas adicionais que não constam no contrato de concessão, mas que estão sendo diligenciados com a ANTT. A concessionária avalia que entre Volta Redonda e Três Rios, no entrocamento com a BR-040 (Rio-Brasília), a rodovia deveria ser totalmente duplicada e, a partir daí, receber novas faixas adicionais.

“A rodovia é um atalho do Rio de Janeiro. Antes se ia até o Rio para depois pegar a BR-116 ou a BR-040. Hoje, usa-se a Rodovia do Aço”, finaliza.

Fonte: Revista O Empreiteiro

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