Governo fez prevalecer o interesse econômico e autoriza a entrada de duas empresas chinesas na operadora da nova usina nuclear Hinkley Point C
A nova usina ficará adjacente à planta nuclear Hinkley Point B, que opera desde 1995. É a primeira planta nuclear nova anunciada no país em mais de duas décadas. De acordo com o Ministério das Finanças inglês, as operadoras chinesas poderão ter controle majoritário em futuros projetos nucleares, num total de 12 novos reatores, somando 16 GW, previstos em cinco sítios até 2030.
As empresas China General Nuclear Corp. e China National Nuclear Corp. negociam uma participação de 30% a 40% no consórcio que vai construir e operar a nova usina. O grupo EDG vai ficar com 45% a 50% e o fabricante de reatores Areva terá 10%. As duas francesas são estatais e negociam 15% com outras partes interessadas. A EDG estuda construir outra planta nuclear similar em Sizewell, também no Reino Unido.
A parceria sino-francês vem de 2007, quando iniciou a construção da planta nuclear EPR de 3.320 MW em Taishan, na província chinesa de Guangdong, juntamente com a China National Nuclear Corp. e outras empresas fornecedoras locais. Segundo a empresa de consultoria Sterne Agee, o projeto Hinkley Point C envolve quase 90 contratos de fabricação e montagem. O reator da Areva teve seu projeto aprovado pela agência reguladora britânica. Sua parceira tradicional nos Estados Unidos tem sido a Bechtel, que ainda não foi confirmada para atuar no Reino Unido.
Edward Davey, secretario de Estado para energia e mudança climática, declarou que “investimentos da China no mercado britânico de energia são bem-vindos, desde que cumpram a rigorosa regulamentação e as normas de segurança em vigor”. Um fator-chave para a nova planta nuclear foi a garantia dada pelo governo estabelecendo um piso de preço para a energia gerada, que foi fixada em US$ 148 por MWh — o dobro do preço atual no mercado por atacado de energia.
Este preço garantido vai valer por 35 anos após a entrada em operação da planta em 2023. O governo também vai dar garantias para 65% doproject financeobtido pelo consórcio privado. Os trabalhos preliminares de construção já começaram em Hinkley Point e o consórcio aprovou condicionalmente os principais contratos de engenharia. Umajoint ventureda Bouygues francesa e da Laing O’Rourke inglesa vai executar os obras civis, a Costain inglesa vai responder pela parte marítima e a Alstom fornecerá as turbinas.
A EDF informou que o projeto inclui uma instalação para armazenar o combustível gasto e, pela primeira vez no Reino Unido, os custos de descarte do combustível gasto e do descomissionamento da planta estão embutidos nofunding. Ela destaca que 57% dos custos de construção serão despendidos no Reino Unido, com potencial para gerar 25 mil empregos, incluindo 400 aprendizes, e na operação da planta o quadro permanente será de 900 funcionários. O consórcio também lembra que haverá investimentos em escolas e universidades da região e criação de centros de treinamento para ofícios de construção e empreendedorismo.
A consultoria Sterne Agee informou que a China permanece como o mercado de energia nuclear civil que mais cresce no mundo. A construtora CB&I assinou um acordo recente com a China Power Investment Corp. para formar um consórcio dedicado à construção de plantas nucleares. A CB&I se especializou na tecnologia Westinghouse, que adota o reator AP-1000. A própria Westinghouse espera concordância da sua parceira Toshiba para adquirir uma participação expressiva no consórcio NuGen, formado para erguer uma nova usina nuclear em Sellafield, no Reino Unido. A NuGen é controlada pela GDF Suez e Iberdrola.
O governo chinês planeja construir 30 usinas nucleares até 2020, enquanto a Inglaterra alocou US$ 180 bilhões para substituir usinas de energia obsoletas e melhorar redes de distribuição.
Fonte: Revista O Empreiteiro