Construção industrializada pode reduzir déficit habitacional

Segundo a Fundação João Pinheiro, durante a pandemia o número de pessoas vivendo sem moradia digna aumentou, totalizando 17,4 milhões, o equivalente à população do estado do Rio de Janeiro. A demanda por projetos de habitação social deve ser impulsionada com a volta do Minha Casa Minha Vida, relançado pelo novo governo, no entanto, o déficit habitacional continua sendo um dos principais desafios do Brasil.

O cenário exigirá do setor construtivo soluções que acelerem o acesso à moradia e à qualidade de vida. Neste contexto, a construção industrializada pode se tornar uma das opções mais eficiente. Ao realizar a maioria dos processos dentro de fábrica, a técnica reduz a dependência do canteiro e possibilita entregas quatro vezes mais rápidas que a alvenaria, além de minimizar riscos de intempéries e de acidentes de trabalho. Pioneira em construção industrializada na América Latina, a Tecverde tem trabalhado junto aos governos estaduais e federal para viabilizar projetos de interesse social. No Residencial Parque dos Tropeiros, empreendimento habitacional que está em construção no município de Lapa, no Paraná, as residências serão destinadas para famílias com renda mensal a partir de R$ 1.700.

CASAS POPULARES OFF-SITE: PRÁTICAS E SUSTENTÁVEIS

O Residencial Parque dos Tropeiros construiu na primeira etapa, 118 casas geminadas de 40,87m2 que foram adquiridas pela MFR e pela SK Infraestrutura. Os imóveis saem de fábrica praticamente prontos, já com elétrica e hidráulica instaladas. Os acabamentos, como pintura e piso, ficam a cargo da construtora.

 A montagem é feita com o sistema plug-and-play, que permite que os painéis sejam conectados de forma mais rápida e simples. Com o mecanismo, uma equipe de 5 pessoas entrega 6 casas por dia para a construtora (média de 1h a 1h30 por casa). Em outros projetos, a tipologia contratada pode comportar maior nível de industrialização da obra, que pode chegar a 85%. Nestes casos, os imóveis incluem instalação de louça nos banheiros e cozinha em fábrica.

A sustentabilidade também é um diferencial importante na construção off-site. Por não utilizar argamassa, o modelo se caracteriza como construção à seco e, portanto, permite uma redução de até 90% no uso da água, quando comparado à alvenaria. Além disso, os painéis são desenvolvidos em ambiente controlado, possibilitando um orçamento mais preciso, redução significativa na geração de resíduos e maior organização do canteiro.

 Por serem imóveis em wood frame, a madeira garante maior desempenho térmico e acústico, isolamento que pode ser um diferencial para empreendimento mais adensados como empreendimentos habitacionais. Segundo regulamento da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), podem participar da seleção das unidades do Residencial Parque dos Tropeiros famílias com renda mensal a partir de R$ 1.700, com financiamento dos imóveis em até 30 anos e descontos de até R$ 18.890 por unidade. Com os subsídios, as prestações começam a partir de R$ 497 ao mês, variando de acordo com as condições de financiamento.

As vantagens do projeto incluem um subsídio de R$ 15 mil do Governo do Paraná para custeio do valor de entrada a famílias com renda de até três salários mínimos, ainda a possibilidade de uso do saldo do FGTS para abatimento das prestações e juros reduzidos de financiamento. Os interessados podem se inscrever no Cadastro de Pretendentes da companhia e manifestar interesse em um dos empreendimentos habilitados no programa Casa Fácil Paraná. Outra obra da Tecverde voltada para projetos de casas populares é o Pinhais Park Residence, a primeira construção sustentável do Minha Casa Minha Vida.

 O residencial recebeu o selo GBC Condomínio, atestando o cumprimento de indicadores ambientais. Concluído em 2020, o condomínio na região metropolitana de Curitiba (PR) conta com 136 apartamentos de 46 e 47m², em prédios de 4 pavimentos. O empreendimento foi contratado pela Valor Real e contou com uma equipe de, em média, 6 pessoas no canteiro que montaram cerca de 16 apartamentos por semana.

 GARGALO HABITACIONAL DEPENDE DA MÃO DE OBRA

 Essencial para que os projetos habitacionais se concretizem, a mão de obra está cada vez mais escassa na construção civil. Apenas em 2022, foram cerca de 195 mil novos postos de trabalho criados no setor, de acordo com o Caged, porém o interesse para vagas em canteiros vem diminuindo. “Na Tecverde, um terço da equipe está em engenharia – em áreas como processo, produto, P&D – e parte do time veio do setor automotivo, isso traz expertise para industrializar a construção. Esse movimento é fundamental, precisamos tornar a construção civil mais produtiva para que o setor se mantenha competitivo, eliminando ineficiências e improdutividades do processo, e isso passa pela inovação”, comenta Ronaldo Passeri, CEO da Tecverde. Fundada em 2009 no Paraná, a Tecverde já entregou 7 mil unidades residenciais a 28 mil pessoas atendidas, em 12 estados brasileiros. Desde 2021, a companhia é controlada por uma joint venture entre a belga Etex e a chilena Arauco.

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