Coqueria da CSA em ritmo acelerado

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A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), projeto da ThyssenKrupp, reconhecido como um dos maiores investimentos privados no setor de siderurgia do País, com orçamento de € 3 bilhões, concluiu, no final de junho, mais uma etapa das suas obras, cravando a última estaca no local onde será montada a coqueria, um dos mais importantes componentes do complexo.

O empreendimento está situado em área de 9 milhões de m2, no Distrito Industrial de Santa Cruz (RJ), às margens da Baía de Sepetiba.

A coqueria ocupará área total de 370.000 m2. As obras civis estão sob a responsabilidade da Planar S/A Engenharia e Equipamentos. O cálculo estrutural e a montagem mecânica ficaram por conta da Citic International Corporation Co. Ltd. Cerca de 1.800 profissionais estão trabalhando na construção da coqueria, incluindo mão-de-obra dos subempreiteiros.
Quando entrar em operação, no início de 2009, a unidade produzirá cerca de 2 milhões de t de coque por ano.

O escopo do contrato da Planar prevê a execução de obras que totalizam o consumo de aproximadamente 65.000 m³ de concreto e compreendem a construção de fundações de fornos, paredes de contenção e ventilação para 24 unidades; fundações para seis unidades de torres de carvão; fundações e superestrutura para três unidades de torres de apagamento com 60 m de altura; fundações e superestruturas de seis unidades de chaminés com 60 m de altura em concreto armado; duas unidades de subestações de distribuição elétrica; 8.200 m de fundações para os carros empurradores e puxadores de carvão e coque; e fundações para uma unidade misturadora de carvão e periféricos. A execução deve ser concluída em 12 meses e o orçamento para o conjunto de obras é de R$ 106.307.664,91.

Dificuldades e soluções

Para a construção das superestruturas da coqueria (torres de resfriamento e chaminés) serão utilizadas fôrmas deslizantes. E para vencer as condições adversas do terreno – solo de mangue, com pouca estabilidade –, a fundação é especial: a Planar optou por fazer escavações profundas com estacas prancha metálicas, com a utilização de formas industrializadas, corte de armação com equipamentos de última geração, pré-montagem e montagem da armação no campo, com auxílio de guindastes de médio porte.

Para a execução do cravamento especial foi contratada a Franki Fundações e Construção Civil, empresa de origem belga, com 35 anos de atuação no Brasil.
Segundo o engenheiro Lydio Ricardo Fernandes, gerente Comercial da empresa e responsável pelo projeto, o processo construtivo utilizando estacas pranchas metálicas permite várias possibilidades executivas, e é especialmente recomendado para a execução em solos de baixa consistência.

A principal diferença dessa tecnologia em relação às estacas pré-moldadas é a existência de uma base alargada que aumenta consideravelmente a capacidade de carga da estaca, permitindo obter uma mesma capacidade de resistência com profundidades muito menores, se comparadas às estacas convencionais. O engenheiro explica que no cravamento da coqueria da CSA foram usadas estacas prancha metálicas com base alargada com cerca de 28 a 30 m de profundidade. A opção por estacas convencionais exigiria cravamentos com profundidades de 40 m, no mínimo. “O acréscimo de capacidade de carga assegurado pela base alargada resulta em aumento da seção da base e em melhoria das características mecânicas do solo, fortemente compactado em torno da base”, explica Lydio Fernandes.

A dosagem do concreto utilizado nas estacas prancha metálicas varia de 300 kg a 450 kg de cimento por m3 de concreto. O adesamento desse concreto por apiloamento enérgico resulta em uma estrutura mais compacta e homogênea, de elevada resistência à compressão, sempre acima de 200 kg/cm².

Ainda de acordo com o diretor da Franki Fundações e Construção Civil, outra vantagem do processo está na sua versatilidade. Ele permite várias combinações para o tipo do fuste das estacas. “Os materiais utilizados são simples e universais: pedra britada, ou seixo rolado, areia, cimento e barra de aço, facilmente encontrados nos locais próximos às obras”, afirma. No caso da coqueria da CSA, todo o concreto utilizado é fabricado no próprio canteiro, em duas centrais. O lançamento é feito por meio de betoneira de 8,0 m³ e bombas de concreto acopladas em caminhões com lança. Para o estaqueamento da coqueria da CSA serão utilizados 45 mil m3 de concreto.

Sem desperdício

A redução dos custos foi outro fator levado em conta, para a escolha das estacas pranchas metálicas moldadas in loco. De acordo com a direção da Franki, cada estaca é executada com o comprimento estritamente necessário, da superfície do solo à base. A concretagem do fuste é inter­rompida no momento em que se alcança a cota de arrasamento, não há problemas de corte ou emenda do fuste da estaca, nem há desperdício.

“Para as fundações são utilizados diversos diâmetros, resultando daí um coeficiente de utilização (relação entre a carga efetiva e a carga admissível) muito elevada. A alta potência de cravação é obtida pela altura de queda do pilão pesado, que pode variar entre limites bastante afastados e é, assim, adaptada à resistência das camadas intermediarias a atravessar. Matações e outros obstáculos encontrados no solo podem ser atraves­sados ou afastados”, garante Lydio Fernandes.

Grandes números

O final dos trabalhos de estaqueamento da coqueira foi considerado um marco na execução do projeto, tanto que foi comemorado em um evento que contou com a participação de Erich Heine, membro do Conselho da ThyssenKrupp Steel, dos diretores da empresa Heyno Smith (Operações) e Friedrich-Wilhelm Schaefer (Projeto), além de dezenas de funcionários da companhia e de empresas contratadas.

Cerca de 6.500 estacas foram utilizadas somente na área da coqueria.Se enfileiradas uma atrás da outra, ao longo do chão, essas estacas atingiriam 265 km de extensão. Em abril desse ano, o primeiro dos 1,2 milhão de tijolos, a serem utilizados na área da coqueria, foi assentado. O total equivale a 125 mil t, o suficiente para construir 1,6 mil casas populares no Brasil.

EPC turn-key

Para a execução das diversas obras da siderúrgica – sinterização, altos-fornos, aciaria e lingotamento contínuo –, a ThyssenKrupp CSA adquiriu a tecnologia e os equipamentos diretamente dos seus fabricantes, contratando separadamente os serviços de cons

trução civil e de montagem. No que se refere à coqueria, no entanto, foi decidido contratar dentro da modalidade EPC turn-key, ou seja, fornecimento dos equipamentos, construção civil e montagem e posta em marcha, entregando a unidade funcionando.

Optou-se ainda pela construção de uma coqueria do tipo heat-recovery, por ser menos poluente, pelo menor volume de investimento exigido e pela simplicidade de operação e execução do projeto, em relação às coquerias convencionais.

Entre as tecnologias disponíveis, a ThyssenKrupp CSA escolheu a chinesa, do SPCDI, que foi ofertada pelo grupo CITIC. O contrato prevê a vinda de engenheiros e técnicos chineses para a montagem dos refratários.

Fonte: Estadão


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