Crescimento brasileiro impõe retomada das grandes hidrelétricas

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Ao enfocar aspectos de 45 anos da energia elétrica no País, dentro do conjunto de matérias com as quais a Revista O Empreiteiro comemora quatro décadas e meia de atividades ininterruptas, um dado fica de imediato evidente: não fosse a determinação de governantes da estatura de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, que elegeram o planejamento de longo prazo e a construção de grandes hidrelétricas como pedra de toque para a garantia do crescimento industrial, o Brasil ainda estaria amargando a irresponsabilidade histórica de imobilizar as suas forças produtivas. Foi a partir de iniciativas das quais resultaria a criação da Eletrobrás e a formação e operação das empresas regionais ou estaduais de energia, tais como a Chesf, Furnas, Cemig, Cesp, Copel, Eletronorte e outras, que se disseminaram canteiros de obras para a execução de projetos que aproveitaram o potencial hídrico em todo o País. Passado o período em que realizou obras notáveis de engenharia nessa área – décadas de 50, 60 e 70 – e derivou, recentemente, com as concessões, para obras menores, conquanto prioritárias, o governo se apercebeu de que terá de fazer alguma coisa para que o crescimento brasileiro não se torne refém do “apagão” de energia, como aquele que ocorreu em 2001. Nesse ano, o governo FHC teve de apressar a segunda etapa da hidrelétrica de Tucuruí e abrir caminho para a construção das pequenas e médias centrais por empresas privadas, para poder enfrentar a escassez energética. Atualmente, novos estudos do Ministério de Minas e Energia, realizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mostram a necessidade do cumprimento do Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica (2006-2015), para que o Brasil não venha a comprometer o presente e, sobretudo, o futuro de suas atividades econômicas, nas diversas áreas da produção. Essa preocupação, em relação ao futuro, possivelmente explique o propósito do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo Lula da Silva, de destinar R$ 274,8 bilhões, dos R$ 503,9 bilhões de investimentos previstos no período de 2007/2010, para o setor de energia, dando prioridade à construção de novas hidrelétricas. A previsão é de que serão aplicados R$ 65,9 bilhões na geração de energia até 2010 e mais R$ 20,7 bilhões a partir do ano seguinte. Caso se analise que os investimentos, em 2007, deverão somar R$ 11,5 bilhões, pode-se imaginar que há, enfim, algum empenho em tirar o País do sufoco, na questão energética. Contudo, só o futuro mostrará o fôlego desse empenho, já que há gargalos que precisam ser solucionados como as mudanças no mais regulatório do setor elétrico que ainda não convenceram os agentes privados a retomar os seu investimentos em novas usinas.
Fonte: Estadão


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